A espiritualidade do Natal

    A solenidade o Natal oferece oportunidade para se penetrar na teologia desta celebração. Esta nos remete a um fato histórico registrado pelos evangelistas, qual seja o nascimento em Belém do Redentor da humanidade. O fundamento deste acontecimento singular é a Encarnação do Verbo que se fez carne e habitou entre nós. Esplende então o valor salvífico deste evento. Trata-se então não de uma mera recordação de um episódio ocorrido a mais de dois mil anos, mas realidade vivida no momento presente, renovando todas as graças da chegada de Cristo a esta terra. É ponto de partida de tudo que o Filho de Deus realizou numa admirável obra de salvação dos  homens. A manifestação do Senhor na carne é a magna verdade que envolve no júbilo mais profundo a cristandade em festa. Deu-se o maravilhoso intercâmbio  entre a divindade e a  humanidade como destaca a liturgia natalina. A Segunda Pessoa da Santíssima Trindade assumiu a natureza  humana para fazer os seres racionais participantes de sua divindade. Todos exultam dado que nasceu o Salvador que  nos regenerou  como filhos amados de Deus. Eis porque o Natal deve ser visto  como  o princípio da fraternidade, por ser a origem do povo cristão. Isto porque o natal da cabeça é também o natal do corpo místico de Cristo que é a Igreja na qual estão unidos todos os batizados. Adite-se que o Natal inclui o mistério da renovação do cosmo, uma vez que o Verbo de Deus assumiu em si toda a criação para regenerá-la de sua queda, reintegrando o universo no plano amoroso do Pai. Por tudo isto as lições que fluem do Presépio mais do que inculcarem a humildade e a pobreza do Menino Jesus devem nos levar à semelhança de Cristo para que se possa receber a plenitude da vida que Ele a todos oferece. Jesus deixou claro: “Eu vim para que todos tenham a vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). O cristão é aquele que vive na graça divina e nela cresce diuturnamente na luta contra o pecado e na prática de todas as virtudes. É preciso vivenciar intensamente a realidade de sermos chamados filhos de Deus, pois, de fato, o somos através do batismo. O seguidor de Cristo não se limita a imitá-lo, mas a viver nele, bem de acordo com o que pôde afirmar São Paulo: “Já não sou eu quem vive é Cristo quem vive em mim” (Gl 1,20) […] “Para mim viver é Cristo” (Fl 1,21). Desta maneira o discípulo de Jesus o manifesta ao mundo como pobre, humilde, obediente, o santo de Deus. Aí está a razão pela qual São Leão Magno concitava os fiéis a reconhecerem a sua dignidade. Participantes da natureza divina não deveriam nunca voltar à abjeção da maldade numa conduta indigna. Tal é a exigência do Natal a qual fica obscurecida pelo estardalhaço comercial com que foi envolvido o 25 de dezembro. O principal é a autenticidade da fé em Cristo e a consciência da grandeza do ser humano cuja altíssima vocação é proclamar  por toda parte o amor de Deus que se revela esplendorosamente no mistério natalino. O tempo do Natal levará a outras comemorações marcantes na vida do cristão como a festa da Maternidade de Maria, da Sagrada Família, do Batismo de Jesus, da Epifania. Esta estrutura litúrgica oferece todos os meios para o crescimento espiritual daqueles que verdadeiramente desejam penetrar fundo no sentido do Natal. Jesus se nos apresenta então como a expressão perfeita do Pai e poderá depois dizer aos apóstolos: ”Eu e o  Pai somos um” (Jo10,30). Deste modo, Ele, concebido pelo poder do Espírito Santo. se fez o caminho  que leva à Trindade Santa. Ele a luz verdadeira, luz que se encontra em Deus mesmo, convida a todos a viver intensamente uma vida resplandecente para iluminar este mundo, numa tarefa sublime do cristão que se torna assim também luz do mundo. Portanto, o tempo do Natal irradia nos corações a paz que o mundo não pode dar. Esta paz vem de Deus e não se reduz  a um frágil equilíbrio entre forças antagônicas, mas é quietação interior que é transmitida aos outros e faz o mundo melhor. Eis aí todo um programa de vida oferecido pelo Natal de Jesus, menino nascido nesta terá, mas, inseparavelmente, verdadeiro Deus, que espiritualiza a todos que compreendem o mistério santificador de sua vinda redentora. a  este mundo.

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