A dor do luto

Aceitar a realidade da morte é o primeiro passo para superar um luto

A gente sente mesmo quando a dor não é nossa.

Sente o aperto e a aflição daqueles que choram pelo seu ente querido.

Pelo vendaval que vem e entra de repente levando aos poucos ou rapidamente alguém querido.

Um amigo, um colega, um familiar ou um conhecido.

Aquele vizinho que víamos passar na rua e nem sabíamos seu nome.

Tudo acontece sem escolher o dia e a hora.

Chega e bate na porta deixando tudo escuro e o coração às lagrimas.

Tentamos entender mesmo querendo não acreditar, parece um pesadelo irreal.

Tudo é confuso, a medicina, o abraço e as palavras dadas para confortar.

Nada é favorável, nem o silencio e nem o grito, nada muda ou refaz o fôlego voltar.

Sentimos como crianças perdidas, com medo, frágeis e queremos colo.

Acolhemo-nos e analisamos tudo e todos e a música fúnebre nos toca.

O corpo sente, vem dor de cabeça, insônia, angústia, depressão e dores da alma.

Tentamos refazer cada segundo e parece que a estrutura acaba ali, o fim é esse.

As flores, tudo preparado para o funeral, e a despedida não são agradáveis e aceitáveis.

Choramos, as coisas ficam sem significado e palavras não mudam nada.

Tudo fica cinza, horrível, a dor será a companhia de meses.

Só Deus e o tempo aliviarão as feridas e aceitação de caminhar sem o outro.

Mas jamais nos permitirá esquecer e apagar os momentos vivenciados.

As controvérsias, as brincadeiras, as atrapalhadas e as lembranças.

Momentos insignificantes que valeram a pena, simples dias de estar ao lado apenas.

Sentiremos tanta falta dos momentos lembrados, aniversários, festas e fotos, mesmo depois de anos.

Uma saudade que de tanto doer trará o choro.

Mas a vida continuará e caminharemos com a eterna parte do outro.

Aquilo que nos ensinou e nos direcionou, e o que vivemos juntos.

As trocas, o amor, o presente, o sorriso, a dor, a fantasia, a mentira em meio às verdades.

E tudo que ficará será uma saudade amenizada e confortada por Deus.

Uma vida para relatar em seus instantes em meio à vida que por nós passou.

Com suas manias e jeito de ser único e insubstituível que se foi e sempre terá sua parte conosco.

Tudo sempre será lembrado e recordado, mas nunca será o final que quisemos.

Mas a aceitação do tempo que marcou a partida e levou quem amamos.

Que nos apunhalou e escolheu chegar e roubar o que jamais daríamos.

Não quis nada em troca e apenas levou num piscar de olhos.

Parece ter levado por completo a voz, a frescura, os beijos e jeito que não veremos nunca mais.

Para sempre será um carimbo escrito dentro de nós fazendo falta.

Uma necessidade de ter e não poder, querer e não ser ouvido e atendido.

O dia passará e com a noite a dor diminuirá e às vezes um sino tocará para perturbar.

Mas continuaremos de pé a fazer o que o outro faria por nós.

Continuar e recomeçar, pois nem os nossos sonhos são tão importante como o outro que nos envolveu.

Caminhar sem rumo e tocar a vida sem ter a presença do outro.

Despedir-se aos poucos e aceitar que o fim vem do mesmo modo que iniciou, do nada.

No silêncio do enterro, lágrimas, soluço, dor como a dor de parto, mas no coração.

Ao descer pó se transformará e ali ficará tudo, sem nada levar consigo.

E assim encerrará sua jornada e nos deixará com o sentimento de perda e recordações.

E tudo para sempre será guardado como em um baú, no consciente, inconsciente e pré-consciente, tesouros imensuráveis de uma vida vivida plenamente!

Fonte: Aleteia