A CRENÇA NOS MILAGRES

                É impressionante, mas bem antes de Jesus, desde sempre e até os dias atuais, basta um farfalhar, um burburinho qualquer anunciando milagres… lá está o povo! Não importa a origem dos boatos ou mesmo a intervenção, o dono dos milagres. Todo e qualquer milagre é ação divina. É Deus agindo entre nós, nos dando os ares de sua graça e benevolência. Assim pensa o povo. Assim, ao menor sinal dessa ação de Deus no mundo dos homens, o povo acorre faminto e sedento para contemplar, testemunhar, e se beneficiar com eventual graça dos céus.

                Seria isso mesmo? A fama de Jesus se alastrou rapidamente, graças à facilidade, que lhe era peculiar, de entender a necessidade dos que o procuravam desejosos de cura, ansiosos para dele obterem um mínimo de misericórdia. “Se queres tens o poder de curar-me”. O leproso nada exigiu. Apenas confiou, depositou nele seu grande desejo de cura. E a resposta foi positiva: “Eu quero: fica curado!”. O episódio aqui exposto foi mais um, dentre os muitos milagres que Jesus realizava no meio do povo carente e sofredor ( Mc 1, 40-45). Ilustra a simplicidade e naturalidade dos milagres por Ele realizados. Basta seu querer. Sua ação de piedade para com aquele que sofre é instantânea. Do seu amor flui a cura. Da cura, um segredo: “Não contes nada disso a ninguém!”. Eis no que resulta a graça de Deus: num pedido de silêncio, não de aplausos e manifestações de loas ou oba-oba superficiais, como muitas das nossas aglomerações populares ao redor de espetáculos mirabolantes, incompreensíveis, fora da lógica! Um milagre não é um espetáculo circense, algo que se deva admirar pura e simplesmente com nosso olhar surpreso, mas insensível às ações de Deus na nossa história. Exige introspecção.  Quem recebe um milagre, antes de exibi-lo como presente de predileção, deve guarda-lo em seu coração como incumbência de maiores responsabilidades na sua vida de fé. Milagre recebido é compromisso de purificação. Impossível mantê-lo em segredo, mas também impossível deixar de proclamá-lo com a vida nova que se recebe.

                No caso do leproso, Jesus lhe pediu que não contasse nada a ninguém porque ainda não era sua hora, o momento de manifestar plenamente seu poder e glória. Jesus iniciava seu ministério e ainda agia apenas em favor daqueles que o procuravam com a pureza e simplicidade de alma, mas o momento de sua glorificação se daria “do alto da cruz”, quando atrairia todos a si. A plenitude seria sua ressurreição, o maior dos milagres da história humana até os dias de hoje. No entanto, a cura de um leproso era um fato bem visível. Então o assedio popular cresceu. “Por isso Jesus não podia  mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos” (Mc 1,45). Continua impossível esconder a graça de um milagre!

                Eles ainda acontecem! Não é uma intervenção humana, mas uma interferência divina na história humana. Não existem milagres sem o consentimento de Deus e a súplica do ser humano. Desejo de Deus aliado a um pedido humano. Aqui anjos e santos são meros intercessores, pois o milagre provem de Deus, nunca dos insignificantes poderes que pensamos possuir. Interceder, sim; mas realizar, jamais!  Eis porque devemos refutar as propaladas ações “milagreiras” de determinadas crenças, pessoas ou tantas outras ações mirabolantes que vemos por aí. Sem procedência divina, sem a interferência e provação da cruz, sem a crença da vitória de Cristo sobre a morte, não existem milagres. Cuidado com os charlatões à espreita. Só Cristo se diz ressurreição e vida! Só Ele é o Senhor dos Milagres!

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