A CORREÇÃO FRATERNA

    Entre as normas sobre a correção fraterna (Mt 18, 15-20) Jesus assim se expressou: “Se teu irmão cometer alguma falta contra ti, vai e repreende-o entre ti e ele. Se te ouvir, terás ganho o teu irmão”. Fez uma promessa admirável: “Ademais em verdade vos digo que se dois de vós sobre a terra concordarem acerca de qualquer coisa que tiverem a pedir, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus. Porque, onde estão dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. Como bem se expressou São João “Deus é amor” (1 Jo 4,8). São Paulo mostrou que o cumprimento perfeito da lei é este amor”. Eis porque se deve corrigir os que erram e rezar sempre também comunitariamente. Trata-se de procurar o cumprimento perfeito da vida espiritual, da participação total no mistério de Deus imergido na sua dileção divina. Quando se percorre o Antigo e o Novo Testamentos se percebe que o Senhor se revela sempre como o amor, desejando fazer aliança com os homens para os envolver na sua ternura. Tudo isto porque a afeição divina se concretiza no seu desejo de oferecer a todos a salvação, abrindo-lhes as portas do paraíso. Cumpre corresponder aos desígnios divinos, amando-O e aos outros, entrando assim no seu projeto de salvação e comunhão na vida divina. Muito frequentemente se entende o amor exclusivamente no domínio da afetividade, mas é preciso ultrapassar os sentimentos e o manifestar concretamente em obras de conversão do próximo, visando sempre sua salvação eterna e a observância dos sagrados mandamentos de sua Lei. Amar para Deus significa querer e agir no interesse dos irmãos, porque Deus quer o bem de todos, sua felicidade e a conquista de um lugar lá no céu. Amar para Deus é salvar! Crescer sempre no amor a Deus e no amor fraternal, tomando consciência de seu apelo à vida divina e de seu desejo de que todos dela participem. Eis porque o verdadeiro amor pelos nossos irmãos nos leva a uma corresponsabilidade para seu bem, o que se manifesta pelo interesse pelos outros e pela prece em comum que nos conduz ao cerne do amor verdadeiro que é Deus. Assim sendo, amar à maneira de Deus não se dá certamente no fato de não ter sentimentos por tal ou tal pessoa. O amor se verifica numa vontade traduzida em obra para o bem, a felicidade, o interesse vital do próximo. Trata-se do que São João da Cruz chama união das vontades, para que Deus esteja, de fato, junto de nós no momento de nossas preces comunitárias. Nós nos amamos não para partilhar narcisamente belos sentimentos, mas para crescermos juntos no amor verdadeiro. Portanto, a nossa corresponsabilidade e nossa solidariedade na marcha para nossa salvação e na do próximo necessita de uma profunda atitude teológica que vai acima de qualquer sentimento humano. Ter sempre em mente o bem de nossos irmãos, empenhando-nos para seu bem, sua salvação sem querer manipular os outros. É assim que se deve viver a correção fraterna. Nunca se deve esquecer que as faltas alheias dependem da natureza do ato cometido, da consciência e da intenção daquele que as comete. Eis porque é preciso entrar em diálogo com quem erra para saber suas intenções, a maneira como viveu os acontecimentos, antes e o acusar. Não se deve julgar os outros com base na própria subjetividade. Ninguém deve se julgar proprietário da verdade. Deve-se, portanto, por isto mesmo, se pedir as luzes divinas. Tudo isto se aplica no relacionamento dos irmãos da mesma fé, nos diversos grupos paroquiais, nas comunidades nas quais se exerce alguma atividade de apostolado, nos locais de trabalho, tendo sempre em vista que cada um de seus membros são filhos de Deus, capazes de acolher a luz divina e de entender suas inspirações. Em tudo se deve ser um caminho para o amor a Deus. A correção fraterna é uma prática que não é fácil e demanda discrição, paciência, para que se evitem julgamentos apressados, mas que se impeça sempre comportamentos errôneos que podem escandalizar.

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