Dizem que em briga de marido e mulher não se deve colocar nossa colher. Mas quando a briga ultrapassa os gêneros masculino e feminino, para confundir um pouco mais as cabeças de nossos filhos e filhas ainda ingênuos, incertos e assustados com a realidade do mundo – o que lhes diremos? Briga conjugal pode. Faz parte. O que não pode é o casal brigar pela educação dos filhos, pois esta, segundo pretensão governamental, é de competência exclusiva do Estado, não mais da Família. Será? Pois é isso que se desprende do PLC 122, que debuta e busca reconhecimento entre as dezenas de novas leis estapafúrdias desse nosso país.
Com a desculpa de evitar preconceitos e preservar a liberdade do indivíduo, seus autores se inspiram em leis e conceitos de países comunistas, onde exatamente essa liberdade foi a primeira a ser tolhida por suas leis. Nestes regimes tentou-se sufocar a família e colocar homens e mulheres num patamar de submissão, igualando o gênero feminino, ou melhor, submetendo-o ainda mais à dominação masculina. No fundo, no fundo, a meta única é a destruição do conceito de família. Dizem estar dando às nossas crianças o direito de optar sobre a própria sexualidade. Então lhes tiram a identidade primeira: menino, menina. A educação não mais virá do berço, mas das influências sociais, da determinação do Estado, da orientação educacional de uma Rede de Ensino totalmente corrompida, incerta e despreparada. Ou você acredita que nosso país possua formadores à altura, isentos, imparciais e psicologicamente bem formados para influenciar na sexualidade de nossos filhos? Se nem para o básico do nosso be-a-bá estão preparados, o que se dirá para tão complexa questão?
Imaginem, então, a utopia dessa lei. O xis da questão será também o ponto final do gênero a ser assumido. Nenhuma de nossas crianças poderá ser chamada pela sua identidade biológica, já que a “lei” estará acima da Lei da Natureza, adiando a escolha da identidade sexual para o momento mais crítico da sexualidade humana, o tempo das descobertas pessoais, na adolescência ou puberdade. Tempo de opções incertas, cuja influência familiar e conceitos morais ou religiosos são determinantes para o futuro do indivíduo. Sem influências familiares, sem referências morais ou religiosas, sem uma identidade pessoal determinante…, viva Sodoma! Abaixo a ordem natural da criação Homem e Mulher, já que nem entre os animais se constata tamanho acinte à própria Natureza. Com suas leis e perversões, nossa sociedade cava a sepultura onde será enterrada. Não há maior acinte no comportamento humano do que a inversão da ordem natural, cujas consequências aí estão, voltadas para si mesmo. Isso tanto no campo da nossa relação com o mundo que nos acolhe, quanto na harmonia das relações pessoais, o mundo infinito do nosso próprio eu, enquanto homem, enquanto mulher. Essa identidade não se assume por decreto de leis, mas pela ordem mais inquestionável e imutável das leis, a Natureza.
Mais do que leis impositivas e sectárias, precisamos enaltecer nossa sofrida dignidade, enquanto gêneros humanos, enquanto indivíduos criados à imagem divina, única e cabal referência para a perfeição que buscamos. Tudo mais são desvios que nossas ideologias constroem. Recentemente, o papa Francisco apontou muitos dos problemas dessa chamada ideologia do gênero. E questionou: “Pergunto-me se essa teoria não é expressão de uma frustração e resignação com a finalidade de cancelar a diferença sexual por não saber mais como lidar com ela”? Se isso for, estamos perdendo nossa identidade, nossa dignidade.