A Igreja militante, isto é, aquela que caminha pelas estradas desse mundo, particularmente aqui no Rio de Janeiro, que, durante o mês de outubro caminhou sob o olhar materno de Nossa Senhora da Penha, tão querida e amada pelo povo carioca e fluminense, se une neste dia 02, à Igreja Padecente, ou seja, aquelas almas que estão no purgatório, e à Igreja Triunfante, da comunhão dos santos, solenidade litúrgica do dia 1º de novembro, no Brasil transferida para o próximo domingo. A Igreja é comunhão dos santos: esta expressão designa, em primeiro lugar, as coisas santas e, antes de mais, a Eucaristia, pela qual é representada e se realiza a unidade dos fiéis que constituem um só Corpo em Cristo.
Neste Ano da Fé, que está para findar, o aprofundamento do Catecismo da Igreja Católica (cujas citações estão abaixo) nos motivou a continuar conhecendo a nossa profissão de Fé que nos relembra que: Depois de ter confessado “a santa Igreja Católica”, o Símbolo dos Apóstolos acrescenta “a comunhão dos santos”. “Que é a Igreja senão a assembleia de todos os santos?” (505). “A comunhão dos santos é precisamente a Igreja” (cf. Catecismo da Igreja Católica 946). “Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem de uns é comunicado aos outros […]. E, assim, deve-se acreditar que existe uma comunhão de bens na Igreja. […] Mas o membro mais importante é Cristo, que é a Cabeça […]. “Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros, comunicação que se faz através dos sacramentos da Igreja”. “Como a Igreja é governada por um só e mesmo Espírito, todos os bens por ela recebidos tornam-se necessariamente um fundo comum”.
“A expressão “comunhão dos santos” tem, portanto, dois significados estreitamente ligados: ‘comunhão nas coisas santas, e ‘comunhão entre as pessoas santas. O que é santo, para aqueles que são santos”. “Assim proclama o celebrante na maior parte das liturgias orientais no momento da elevação dos santos Dons antes do serviço da comunhão”. “Os fiéis (sancti) são alimentados pelo Corpo e Sangue de Cristo (sancta), para crescerem na comunhão do Espírito Santo (Koinônia) e a comunicarem ao mundo”.
A comunhão com os santos. “Não é só por causa do seu exemplo que veneramos a memória dos bem-aventurados, mas ainda mais para que a união de toda a Igreja no Espírito aumente com o exercício da caridade fraterna. Pois, assim como a comunhão cristã entre os cristãos ainda peregrinos nos aproxima mais de Cristo, assim também a comunhão com os santos nos une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e Cabeça, toda a graça e a própria vida do povo de Deus”.
O Corpo Místico não é constituído apenas da Igreja visível, peregrina na Terra. A Igreja Triunfante é a porção do Corpo Místico que já se encontra na eterna bem-aventurança, termo final de nossa caminhada nesse mundo. Por estar junto do trono de Deus, essa assembleia de Eleitos roga constantemente pelos seus irmãos que ainda peregrinam no mundo.
A Igreja Padecente é o conjunto de fiéis que sofrem no Purgatório, expiando seus defeitos e purificando suas vistas espirituais para encontrar-se com Deus.
E nós que, neste vale de lágrimas, caminhamos para, pelos méritos infinitos de Nosso Senhor Jesus Cristo, receber a coroa de glória, constituímos a Igreja Militante, segundo o termo clássico, que põe em realce a necessidade de combater nesta vida o pecado e as más inclinações.
Estes três estados da única e indivisível Igreja Católica estão estreitamente unidos entre si, como bem acentua o Concílio Vaticano II: “Enquanto o Senhor não vier na sua majestade e todos os seus Anjos com Ele (cf. Mt 25, 31) e, vencida a morte, tudo Lhe for submetido (cf. I Cor 15, 26-27), dos seus discípulos uns peregrinam sobre a Terra, outros, passada esta vida, são purificados, outros, finalmente, são glorificados e contemplam ‘claramente Deus trino e uno, como Ele é’; todos, porém, comungamos, embora em modo e grau diversos, no mesmo amor de Deus e do próximo, e todos entoamos ao nosso Deus o mesmo hino de louvor. Com efeito, todos os que são de Cristo e têm o seu Espírito estão unidos numa só Igreja e ligados uns aos outros n’Ele (cf. Ef 4, 16)”. Ao final do prefácio da missa é clássica essa afirmação: com os anjos e santos – o que significa que celebramos unidos.
A Igreja comunica a fé; com o pleno poder de Jesus administra os sacramentos e funda assim a “comunhão dos santos”. Comunhão quer dizer “comum união”, e Comunhão dos Santos quer dizer união comum com Jesus Cristo de todos os santos do céu, das almas do purgatório e dos fiéis que ainda peregrinam na Terra. É a união de todos os santos entre si. Os do Céu intercedem pelos demais; os da Terra honram aos do céu e encomendam a sua intercessão, também oram e oferecem sufrágios pelos defuntos do purgatório, e estes também intercedem a nosso favor. A comunhão dos santos é, portanto, a união comum que há entre Jesus Cristo, Cabeça da Igreja, e seus membros, e destes entre si. Os membros da Igreja são os santos do Céu, as almas do Purgatório e os fiéis da Terra. Os que não estão em graça de Deus participam da Comunhão dos santos somente enquanto podem alcançar alguns benefícios do Senhor e, principalmente, a graça da conversão.
Ao celebrarmos a festa solene de todos os santos, rezamos pedindo a Deus que, com aqueles que estão na visão beatífica, nós caminhemos aqui neste mundo na busca da verdadeira conversão que nos conduza à santidade a cada instante de nossas vidas.
Contemplar todos os santos é sentir o chamado de Deus para a busca de Seu rosto.