A Igreja celebra no dia 2 de outubro a festa dos Santos Anjos da Guarda, uma data que nos convida a refletir sobre o cuidado amoroso e constante que Deus tem por cada um de nós. A crença nos Anjos da Guarda está profundamente enraizada na tradição cristã, baseada na certeza de que Deus, em sua bondade infinita, concede a cada ser humano um anjo protetor que o acompanha ao longo da vida, guiando-o e defendendo-o dos perigos.
A existência dos Anjos e seu papel protetor aparecem frequentemente nas Escrituras, revelando o quanto esses seres espirituais estão a serviço de Deus e envolvidos diretamente no cuidado de suas criaturas. Desde o Antigo Testamento, encontramos passagens que falam sobre a proteção e o auxílio divino por meio dos Anjos.
Uma das passagens mais conhecidas é do Livro dos Salmos, onde está escrito: “O Senhor deu ordem aos seus anjos para em todos os caminhos te guardarem” (Sl 91,11). Essa promessa expressa a confiança no cuidado de Deus, que envia seus anjos para nos protegerem em todos os momentos, tanto nos perigos físicos quanto nas ameaças espirituais.
No Evangelho de Mateus, Jesus também faz referência aos Anjos da Guarda ao falar sobre as crianças: “Guardai-vos de desprezar um só destes pequeninos, porque os seus anjos nos céus veem continuamente a face de meu Pai que está nos céus” (Mt 18,10). Esta afirmação sublinha a proximidade dos anjos com Deus e seu papel como protetores das pessoas, especialmente dos mais vulneráveis.
Os Anjos da Guarda têm uma missão clara: proteger, guiar e conduzir cada pessoa em sua jornada de vida, sempre no caminho de Deus. Eles não apenas nos defendem dos perigos materiais, mas também intercedem por nós diante de Deus e nos ajudam a discernir o caminho do bem.
A função dos Anjos da Guarda pode ser comparada à de um amigo fiel e vigilante, que nos acompanha silenciosamente, orientando-nos em momentos de dúvida e afastando-nos das tentações. Embora invisíveis aos nossos olhos, eles estão sempre presentes, e sua ajuda é contínua e discreta. Essa proximidade e cuidado nos lembram de que nunca estamos sozinhos, independentemente das circunstâncias que enfrentamos.
Um dos aspectos mais belos dessa devoção é a certeza de que os Anjos da Guarda estão ao nosso lado desde o momento em que nascemos até a hora de nossa morte. Eles nos acompanham ao longo de toda a vida, ajudando-nos a cumprir o plano de Deus para nós. São eles que, segundo a tradição, nos conduzirão à presença de Deus quando nossa jornada terrena terminar.
A devoção aos Anjos da Guarda nos convida a cultivar uma relação mais íntima e constante com esses seres celestiais que estão ao nosso lado. Uma maneira simples de nos aproximarmos de nossos Anjos é através da oração, reconhecendo sua presença e pedindo sua proteção e orientação. A oração ao Anjo da Guarda é um costume antigo que expressa confiança nesse auxílio celestial:
“Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiou a piedade divina, sempre me rege, me guarda, me governa, me ilumina. Amém.”
Essa oração, ensinada desde a infância a muitos cristãos, reflete o reconhecimento de que Deus nos deu um protetor fiel, a quem podemos recorrer em todas as situações. É um convite a confiar no cuidado divino, especialmente quando nos sentimos vulneráveis ou perdidos.
Além de nos protegerem dos perigos físicos, os Anjos da Guarda desempenham um papel fundamental na batalha espiritual que travamos ao longo da vida. Como seres espirituais, eles estão sempre prontos a nos ajudar na luta contra o mal, defendendo-nos das tentações e influências malignas.
O Catecismo da Igreja Católica afirma que “desde a infância até a morte, a vida humana é cercada por sua proteção e intercessão” (CIC 336). Isso significa que, em nossa caminhada cristã, podemos contar com a assistência dos anjos da guarda para nos mantermos firmes na fé, resistindo às tentações e buscando sempre a vontade de Deus.
Em um mundo que muitas vezes parece marcado por perigos e desafios, tanto físicos quanto espirituais, os anjos da guarda são lembranças da presença constante e amorosa de Deus. Eles nos ajudam a vencer o medo, a insegurança e a desconfiança, fortalecendo nossa confiança no Senhor.
A festa dos Santos Anjos da Guarda é também uma oportunidade de refletirmos sobre a nossa própria caminhada de fé. O Anjo da Guarda é aquele que nos acompanha e caminha ao nosso lado, orientando-nos a cada passo. Muitas vezes, podemos não perceber sua presença ou ignorar sua ajuda, mas a fé nos ensina que ele está sempre disponível para nos guiar.
Os Anjos da Guarda nos convidam a sermos mais conscientes da ação de Deus em nossas vidas. Eles nos lembram que, mesmo nos momentos mais difíceis, Deus não nos abandona. Sua presença discreta e constante nos inspira a viver com mais confiança, sabendo que temos sempre ao nosso lado um amigo fiel, que intercede por nós e nos conduz no caminho da salvação.
Em nossa sociedade moderna, onde muitas vezes se valoriza apenas o que é visível e material, a devoção aos Anjos da Guarda nos chama a redescobrir a dimensão espiritual da nossa existência. Ela nos lembra que, além das realidades visíveis, existe um mundo espiritual ao nosso redor, onde Deus age constantemente por meio de seus Anjos.
Celebrar os Santos Anjos da Guarda é celebrar o cuidado amoroso e providente de Deus, que nos cerca de proteção e orientação. Ao lembrarmos de nossos Anjos da Guarda, somos convidados a viver com mais confiança e gratidão, sabendo que nunca estamos sozinhos. Deus, em sua infinita bondade, nos deu esses guardiões celestes para nos acompanhar em nossa jornada, conduzindo-nos com segurança à vida eterna.
Que possamos sempre confiar na proteção de nossos Anjos da Guarda e invocar sua intercessão, especialmente nos momentos de dificuldade e tentação. Que sua presença nos fortaleça na fé e nos ajude a caminhar com segurança e confiança rumo à vida plena em Deus. Amém.
+Anuar Battisti
Arcebispo Emérito de Maringá (PR)
