A boa prática de uma agricultura sustentável que cria trabalho

No dia 21 de outubro, em Taranto, tem início a 49ª Semana Social dos Católicos Italianos sobre o tema “O planeta que esperamos. Ambiente, trabalho, futuro. #tudo está interligado”. Durante os trabalhos também se falará sobre realidades virtuosas que, inspiradas na Laudato si ‘do Papa Francisco, adotam a perspectiva da ecologia integral nos campos empresarial, administrativo, comunitário e pessoal.

Giada Aquilino – Vatican News

Um olhar “que afirma a realidade como um dom” e não como “algo a ser depredado, a ser explorado até os ossos” e depois destruído. Dom Filippo Santoro, arcebispo de Taranto, evoca o olhar contemplativo de São Francisco de Assis recordado na Encíclica Laudato si’ como “ponto de partida” da 49ª Semana Social dos católicos italianos, que também seguirá as diretrizes da Fratelli tutti: de 21 a 24 de outubro mais de 140 bispos, 670 delegados de 218 dioceses, especialistas, representantes do mundo político, civil e cultural debaterão o tema: “O planeta que esperamos. Ambiente, trabalho, futuro. #tudo está interligado”, com o objetivo de refletir sobre um novo modelo de desenvolvimento e sobre o início de uma transição inspirada na perspectiva da ecologia integral.

Trabalho e ambiente

O presidente da comissão científica organizadora das Semanas Sociais, reunido nos últimos dias, em Bari, por ocasião do Fórum de Informação Católica para a custódia da criação organizado pela Greenaccord, lembra que a última edição das Semanas Sociais, realizada antes da emergência pandêmica, em 2017, em Cagliari, teve como tema: “O trabalho que queremos”.

Arcebispo Filippo Santoro
Arcebispo Filippo Santoro

“Trabalho e ambiente – explica ao Vatican News – são dois temas intimamente ligados, são os dois grandes temas que vivemos particularmente de maneira sofrida, em Taranto, devido ao problema da ex Ilva e a poluição ambiental que causou muitas mortes, de crianças, de adultos, com o consequente problema também de trabalho”. “Chegou o momento”, ressalta, que é preciso “colocar um fim, dizer basta, deter a devastação ambiental: isso é essencial e em outros países já foi possível realizá-lo”, até com indústrias siderúrgicas “perto da cidade”. “Há grandes possibilidades ligadas à inovação tecnológica: substituir o ciclo do carvão com fontes alternativas, como o gás, o hidrogênio. Com os fundos do Recovery Plan tudo isso é possível” e é “vital tanto para a saúde, que é o primeiro bem, quanto para o cuidado do trabalho, necessário para manter a vida”.

Realidades virtuosas em primeiro plano

Para o encontro de Taranto, que pretende ser um caminho do povo conforme indica o Instrumentum Laboris, confrontaram-se todas as comunidades eclesiais italianas: dom Santoro fala de “um grande trabalho sinodal na preparação”, com a colaboração dos jovens da Economia de Francisco, conferências, encontros em que foram abordadas as fragilidades do território, as questões da legalidade e a máfia no setor da agricultura, o aspecto da transição ecológica, a contribuição das empresas e do trabalho, o objetivo do bem comum. Numerosas ‘boas práticas’ empresariais, administrativas, comunitárias e pessoais também foram pesquisadas e mapeadas para mostrar o compromisso concreto já em andamento. “Algumas delas, as mais próximas da capital jônica, serão visitadas”, explica padre Antonio Panico, vigário episcopal da arquidiocese de Taranto para a sociedade e custódia da criação, um dos responsáveis da próxima Semana Social. “São realidades virtuosas que” – continua o sacerdote – “apresentam riquezas do ponto de vista da biodiversidade, da recuperação do que é bonito naquele território, em alguns casos até com a beleza de ver tanta gente comprometida num território que ainda sofre a falta de trabalho”: os dados do Instituto Nacional de Estatística (Istat) para 2020 falam de uma taxa de desemprego de 14% na Apúlia. Trata-se de realidades que “mostram como a sustentabilidade em todas as suas formas tem gerado emprego e até um pouco de riqueza”, acrescenta. Vão desde a requalificação do Mar Piccolo de Taranto a um bairro mais eficiente do ponto de vista energético em Martina Franca, desde uma empresa em Ginosa que produz fertilizantes de forma natural até uma excursão nos 12 quilômetros de incisão erosiva de Gravina di Laterza. E não só. Dentre as visitas programadas, também a visita à Masseria Fruttirossi em Castellaneta.

Romãs nos campos de Castellaneta
Romãs nos campos de Castellaneta

Pe. Antônio fala disso como uma “nova forma de produzir, de maneira absolutamente ecológica”, inspirada também em longas reflexões sobre a ‘Laudato si’ do Papa Francisco. Trezentos e cinquenta hectares de terra: cerca de cinquenta com uma plantação de abacate, oliveiras e bagas de goji, o resto inteiramente dedicado ao cultivo de romãs.

Colheita de romãs
Colheita de romãs

“Cuidamos de toda a cadeia produtiva”, conta Dario De Lisi, responsável comercial e marketing da Masseria Fruttirossi: “A produção no campo, seguindo todas as etapas agronômicas, desde o plantio até a gestão do pomar no campo, a colheita e depois – graças aos armazéns e instalações de processamento – o produto é trabalhado poucas horas depois da colheita em várias modalidades. Servimos tanto o mercado de frutas frescas quanto os processos de transformação através de sucos, resultando em sucos de romã 100% puros”.

Produção sustentável

Anos de trabalho desde 2014 e investimentos importantes para uma produção que hoje é “absolutamente natural”, comprovada pela certificação Friend of the Earth – Zero Resíduo. “As nossas produções”, explica De Lisi, “não têm substâncias químicas e realizamos processos sustentáveis, partindo do campo onde conseguimos economizar bastante água, já que gerenciamos a irrigação de forma automatizada com um sistema que inicia a irrigação somente quando é necessário, ou seja, quando a planta realmente precisa”. “O conceito de cadeia de abastecimento curto que seguimos é em si uma expressão de sustentabilidade porque”, acrescenta, “a fruta é processada na mesma área da colheita. Portanto, há um baixo impacto ambiental em termos de emissão de CO2, já que o transporte é praticamente inexistente”.

Os sistemas fotovoltaicos e de irrigação da Masseria Fruttirossi
Os sistemas fotovoltaicos e de irrigação da Masseria Fruttirossi

Também se busca a autossuficiência energética, com um sistema fotovoltaico de 750 kw montado nas coberturas dos galpões. Além disso, durante as fases de extração do suco das romãs, “tudo o que deriva dele como resultado da prensagem não é tratado ou descartado como resíduo, mas é valorizado por meio de um sistema de compostagem de minhocas: as minhocas comem esses resíduos do processamento e, de forma natural, da digestão desses resíduos, obtém-se um húmus que a seguir utilizamos para a fertilização”.

Agricultura, renda e emprego

Na Semana Social, sublinha o pe. Panico, “queremos propor algumas boas práticas”. “Para a empresa de Castellaneta”, diz ainda De Lisi, “a sustentabilidade pode ser combinada no sentido “ambiental, econômico e consequentemente também social”, destacando o fato de que se trabalha num território, especialmente em Taranto, “onde a indústria grande e pesada sempre comandou. Portanto, quando se fala de economia verde, se indica uma agricultura saudável e sustentável, capaz de criar renda e emprego”.

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