Nas primeiras vésperas do domingo, dia 30 de novembro, iniciamos o tempo litúrgico do Advento e, com ele, a Igreja inaugura um novo ano litúrgico. A Igreja, diferentemente do mundo civil, termina o ano litúrgico entre o penúltimo ou o último domingo de novembro e inicia o novo ano entre o último domingo de novembro ou o primeiro domingo de dezembro.
A cor predominante do tempo do Advento é o roxo, uma cor que remete à penitência, vigilância e oração. O Advento nos prepara para celebrarmos o Natal do Senhor, o nascimento do Messias; por isso, ao longo desse tempo, somos convidados a nos preparar bem para acolher o Senhor que virá, por meio do sacramento da confissão, da vigilância e da oração. Durante esse período, omite-se o Glória, que retorna na grande noite de Natal.
Durante o tempo litúrgico do Advento, a cada semana acendemos uma vela da coroa do Advento. São quatro velas, e, à medida que acendemos uma a cada semana, significa que o Senhor está mais próximo de nós. A luz vai iluminando as trevas, pois o Messias é a luz do mundo, que vem para iluminar a nossa vida. O importante é montarmos a coroa do Advento, seja em casa ou em nossas comunidades, para que, pouco a pouco, possamos acender as velas e sentir cada vez mais o Senhor próximo de nós.
O tempo do Advento é um período de expectativa pela chegada do Messias. Por isso, preparemos o nosso coração e a nossa casa para a chegada de Jesus. Ao montar os enfeites de Natal, não nos esqueçamos do principal, que é o presépio, e junto dele as quatro velas que significam a coroa do Advento. E, na noite de Natal, antes de nos preocuparmos com a ceia e a distribuição de presentes, lembremos que o nosso maior presente nasceu naquela noite. Por isso, reze um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória ao Pai e coloque o Menino Jesus na manjedoura. Jesus precisa encontrar lugar em nossa casa quando nascer: Ele baterá à porta, e precisamos abri-la e deixá-lo entrar em nossa vida.
O Advento, conforme dissemos, abre o ano litúrgico e nos prepara para bem celebrarmos o Natal do Senhor. A festa do Natal nos aponta para outro mistério, que celebraremos mais adiante: a Páscoa. No Natal, nós nos ajoelhamos diante da manjedoura; na Páscoa, nos ajoelharemos diante da cruz. No Natal acolhemos Aquele que seria o Salvador da humanidade; na Páscoa, viveremos de maneira concreta essa salvação.
Temos que tomar certo cuidado, porque o tempo do Advento passa rápido; quando menos esperamos, o Natal já está batendo à porta. Por isso, vivamos bem a espiritualidade proposta para esse tempo. Nas primeiras semanas do Advento, a liturgia foca na expectativa da segunda vinda de Cristo; ou seja, é uma liturgia escatológica que aponta para o final dos tempos. Na última semana, a liturgia nos coloca na expectativa do nascimento de Jesus, e as leituras focam mais na primeira vinda do Senhor, retratando desde o anúncio de seu nascimento até sua chegada.
Alguns personagens bíblicos marcam esse tempo do Advento, e somos convidados a rezar junto com eles. O primeiro é Isaías, profeta marcante do Antigo Testamento, considerado o profeta visionário, aquele que tinha visão de futuro. Ele profetizou tempos de paz para Israel, acompanhou o povo no regresso do exílio da Babilônia e anunciou a chegada do Messias. Viveu cerca de 400 anos antes de Jesus, e muitas de suas palavras se cumpriram na vida do Senhor.
O segundo personagem é João Batista, o precursor, aquele que preparava o povo para receber o Messias. João batizava com água, e Jesus batizaria com água e com o Espírito Santo. O batismo de João era um batismo de arrependimento, para que as pessoas se convertessem e pudessem acolher com alegria o Reino de Deus.
O terceiro personagem que acompanharemos nesse tempo do Advento é o Arcanjo Gabriel, que tem a missão de anunciar a Nossa Senhora que ela seria a Mãe do Salvador. Gabriel é o mensageiro de Deus, enviado para anunciar a Boa-Nova.
O quarto personagem é São José, patrono universal da Igreja e pai adotivo de Jesus. São José era justo, fiel à Lei judaica, e aceitou acolher Maria como esposa, mesmo sabendo que não era o pai do Menino. Era tão justo que havia decidido abandoná-la em segredo, mas o anjo lhe apareceu em sonho e pediu que acolhesse Maria e seu Filho.
O quinto personagem é Nossa Senhora, que, com total disposição em fazer a vontade de Deus, diz “sim” e aceita ser a Mãe do Salvador. Ela foi escolhida por Deus, dentre tantas outras jovens de seu tempo, como a cheia de graça, e, por meio dela, Deus revelaria Seu Filho ao mundo.
Rezemos com esses personagens ao longo do Advento e nos preparemos espiritualmente com cada um deles para acolher o Menino Jesus no Natal. Sejamos profetas nos dias de hoje: anunciemos a verdade, denunciemos as injustiças e façamos acontecer o Reino de Deus.
Uma das maneiras de nos prepararmos bem para o Natal, ao longo desse período do Advento, é por meio da confissão sacramental. A Igreja recomenda que, ao menos uma vez por ano, façamos a confissão sacramental, por ocasião da Páscoa do Senhor; mas, é claro, se sentirmos necessidade, podemos confessar mais vezes ao longo do ano. Inclusive, durante o Advento, podemos realizar nossa confissão, preparando o nosso coração e a nossa vida para receber Jesus no Natal. Nesse período do ano, é prudente limpar nossa casa e tirar todo o pó, preparando-a para o Natal; do mesmo modo, ao nos confessarmos e buscarmos uma vida de vigilância e oração, limpamos o nosso coração para acolher Jesus.
Estamos próximos de encerrar as celebrações do Jubileu da Esperança, no domingo da Sagrada Família, dia 28 de dezembro, relembrando os dois mil e vinte e cinco anos do nascimento de Jesus. Celebremos esse tempo do Advento cheios de esperança no coração, aguardando o Senhor que virá e certos de que Ele nos perdoa e nos ama. Que possamos nutrir em nós a esperança na chegada do Reino de Deus.
Celebremos com alegria esse tempo do Advento e nos preparemos para acolher o Senhor que virá. Se tiver oportunidade, realize a confissão sacramental e ensine aos filhos, netos e sobrinhos o verdadeiro sentido do Natal, que é o nascimento do Salvador. Realize a Novena de Natal, para que a sua família compreenda melhor o sentido dessa festa.
Que o mesmo Espírito Santo que encheu Maria com Seu amor, para que ela desse à luz o Seu Filho, nos encha do mesmo amor e da mesma fé.



