JUBILEU ARQUIDIOCESANO Um tempo para celebrar e evangelizar

    Carta Pastoral do Cardeal

    Orani João Tempesta, O. Cist.

    Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro

    No início do Jubileu Arquidiocesano nos 450 anos da criação da Prelazia do Rio de Janeiro.

    19 de julho de 2025

    Caríssimos irmãos e irmãs,

    1. Depois de cinco anos de pesquisas, celebrações e divulgações sobre a nossa história arquidiocesana, chegamos ao final do quinquênio, iniciando o Ano Jubilar Arquidiocesano. Foram anos de belos e importantes trabalhos e descobertas, que marcaram esse tempo em nossa caminhada eclesial. A tudo isso somam-se os trabalhos pastorais e organizativos gerais que da vida quotidiana de nossa Igreja particular, de modo especial no que diz respeito à vida missionária e vocacional. Por todos esses dons e benefícios, rendemos a Deus a nossa ação de graças!
    2. Porém, nesta ocasião queremos resgatar a nossa história, aqui de modo resumido, mas com o incentivo para publicação de artigos, números especiais em nosso jornal Testemunho de Fé e livros, que transmitam para o futuro o caminho percorrido.
    3. Iniciamos com a comemoração no dia de hoje, quando assino esta Carta Pastoral, ocasião em que se completam os 450 anos da criação da Prelazia do Rio de Janeiro. Essa comemoração irá se concluir em novembro do próximo ano, quando completaremos 350 anos da criação de nossa Diocese.
    4. Neste mês de julho, recordamos os 70 anos de nosso Congresso Eucarístico Internacional, o único que aconteceu no Brasil até hoje, assim como o nascimento do CELAM na 1ª Assembleia Geral dos Bispos da América Latina, aqui ocorrida na mesma época. Igualmente, recordamos o nascimento, aqui no Rio de Janeiro, da Conferência Nacional do Religiosos (CRB), em 1954. E recordamos, também, a visita do Papa São João Paulo II e a histórica Jornada Mundial da Juventude, com a presença do Papa Francisco entre nós, em sua primeira viagem internacional.
    5. A história revisitada pode trazer luzes para nossa caminhada atual e esperamos, ao final do nosso IIº Sínodo Arquidiocesano com o tema das missões, projetar luzes para o para o futuro do nosso trabalho pastoral, evangelizador e missionário. Temos um longo caminho a percorrer e o olhar retrospectivo nos faz admirar os feitos de nossos antepassados, suas lutas e suas virtudes. Agradeço a Deus por ver tantos sinais do Reino entre nós. Em nossa carta pastoral anterior falamos das questões sociais, mas nesta queremos suscitar uma vivência jubilar de nossa identidade eclesial.
    6. Por isso, mais uma vez tenho a alegria de poder dirigir algumas palavras a todo o povo de Deus presente em nossa Arquidiocese, dessa vez por ocasião Jubileu Arquidiocesano, que tem início com os 450 anos da criação da Prelazia do Rio de Janeiro e se encerrará com os 350 anos de sua elevação à Diocese.
    7. Ao escrever esta carta pastoral, desejo convidar, como disse acima, cada membro desta amada Igreja particular do Rio de Janeiro a redescobrir, com gratidão e compromisso, a rica história evangelizadora que nos precede, iluminando com esperança o nosso presente e renovando com ardor missionário o nosso futuro. Vivenciando essa oportunidade do Jubileu Arquidiocesano, dentro do Jubileu Ordinário do ano de 2025, tempo de esperança que nos convida a peregrinar anunciando quem é nossa esperança no mundo de hoje, convido cada fiel a elevar a Deus uma ação de graças por tantos benefícios dispensados em favor de cada um de nós, que vivemos o desafio de ser Igreja sinodal, discípula e missionária em meio à nossa grande cidade. Somos uma igreja em saída e com belos testemunhos de trabalhos missionários antigos e novos.

    Uma história de fé

    1. Nossa história começa com a descoberta desta região que levou o nome de Rio de Janeiro, por volta do ano de 1502, com o mapeamento que os portugueses fizeram de nossa costa. Depois, veio a aventura da França Antártica. Em uma das paredes do Palácio São Joaquim, temos uma bela pintura de uma missa que retrata essa época, datando essa efeméride do ano de 1555. O Surgimento de Nossa cidade, com a presença efetiva dos portugueses, data de 1565. Nessa época, já tínhamos a imagem histórica de São Sebastião, mais tarde levada para o Morro do Castelo.
    2. Nossa caminhada eclesial, como uma circunscrição eclesiástica, começou em 19 de julho de 1575, com a criação da Prelazia de São Sebastião do Rio de Janeiro, apenas 10 anos depois da fundação da cidade pelos portugueses. Em meio a um território em formação, marcado por disputas coloniais, presença indígena e início da escravidão africana, a Igreja se fez presente como semente do Evangelho, anunciando a salvação em Jesus Cristo e buscando, mesmo com limitações humanas, ser sinal da misericórdia divina.
    3. Na bula In supereminente militantes Ecclesiae, com a qual cria a Prelazia do Rio de Janeiro, o Papa Gregório XIII reconhece como a grande extensão da então Diocese de São Salvador da Bahia dificultava a devida assistência pastoral em diversas partes da circunscrição eclesiástica. O Papa indica que se fosse erigida mais ao sul da então colônia portuguesa na América uma Prelazia: “A dita província do Rio de Janeiro certamente receberia de tal ato maiores incrementos, e cuidar-se-ia mais oportunamente da salvação de seu clero e de seu povo, do aumento e exaltação da fé e do incremento do culto divino, e dar-se-ia remédio a tantos riscos e perigos para as almas”[1].
    4. Dessa forma, percebemos como nossa Igreja particular nasce de um anseio pastoral, dado o crescimento da população da cidade que havia sido fundada, como dissemos acima, dez anos antes, e cuja assistência espiritual ficava a cargo de sua única paróquia, a de São Sebastião, na matriz que ficava no extinto morro do castelo, sob a custódia dos jesuítas.
    5. Foi um grande desafio, com muitos clérigos desempenhando suas funções na prelazia que se estendia desde o sul da Bahia até o Rio da Prata, fazendo divisa a oeste com a América espanhola. Uma grande extensão a ser servida pelos prelados.
    6. Depois de um século, em 1676, a prelazia foi elevada à categoria de Diocese, desmembrada definitivamente da Diocese de Salvador. Esse passo foi decisivo para a organização e consolidação da vida pastoral na região. Capelas, missões e escolas surgiram como frutos do trabalho evangelizador de padres diocesanos e religiosos — sobretudo os jesuítas, franciscanos, beneditinos e carmelitas — que se dedicaram à formação do povo, à assistência aos pobres e à catequese dos povos originários e africanos.
    7. A cidade do Rio de Janeiro crescia, e com ela crescia também a responsabilidade pastoral da Igreja. Após o fim do padroado, com a República, em 1892, a Diocese foi elevada à Arquidiocese Metropolitana, tornando-se referência para as dioceses da então Província Eclesiástica do Sudeste. A nova configuração eclesial respondia ao dinamismo da cidade que, tendo sido a capital do Império, era agora a capital federal da República.
    8. Ao longo dos séculos, nossa Arquidiocese testemunhou profundas transformações sociais e culturais. Tivemos muitos arcebispos, meus predecessores, que marcaram com suas vidas e ações não só a história de nossa região, mas a do Brasil. Cada um trouxe seu zelo pastoral e sua liderança para o bem de nosso povo.
    9. Em cada momento, porém, a nossa Igreja particular buscou estar próxima do povo, como sinal de esperança. Nos cortiços do século XIX, nas favelas que cresceram nos morros, nos bairros operários da Zona Norte e no crescimento da Zona Oeste, a Igreja fez-se presente com a Palavra de Deus, a Eucaristia e a caridade.
    10. Durante o século XX, novas congregações religiosas chegaram ao Rio. Foram tempos de fecundidade vocacional e fortalecimento das pastorais. Surgiram hospitais, escolas, centros sociais, rádios católicas e movimentos leigos que marcaram a vida da cidade. Com a realização de Concílios Provinciais, e do I Sínodo Arquidiocesano em 1949, o clero foi se organizando, e a pastoral urbana ganhou prioridade, sobretudo com a chegada de grandes fluxos migratórios internos. Temos muitos livros, artigos, trabalhos científicos e reportagens que podem ser consultados com relação a essa vitalidade. No âmbito de uma carta pastoral podemos apenas citar e recordar, mas todos somos convidados a revisitar esses escritos históricos.
    11. O Concílio Vaticano II e o espírito renovador que dele brotou inspiraram nossa Igreja a reforçar sua opção pelos pobres, sua abertura ao diálogo com a cultura e seu compromisso com a justiça. As Comunidades Eclesiais, os círculos bíblicos, que são marcantes experiências em nossa arquidiocese, e as pastorais sociais floresceram nas periferias urbanas. A Arquidiocese abriu seus espaços para a escuta, cuidando especialmente dos mais vulneráveis. Temos grandes exemplos de pessoas e iniciativas que trabalharam nessas frentes sociais, conforme já tratamos em nossa carta pastoral anterior, emitida no domingo de Páscoa deste ano.
    12. Mais recentemente, eventos como a visita de São João Paulo II em 1980, a Jornada Mundial da Juventude em 2013 com o Papa Francisco, e diversas assembleias arquidiocesanas, sobretudo o II Sínodo Arquidiocesano, cuja tema é a missão, reforçam o sentido de comunhão e corresponsabilidade em nossa missão evangelizadora. Com alegria, testemunhamos a força da juventude, o serviço dedicado de nossos agentes pastorais e o crescente protagonismo dos leigos na vida da Igreja.
    13. Hoje, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, circunscrita ao território da Cidade Maravilhosa, é formada por milhares de comunidades vivas, animadas por padres, diáconos, religiosas, religiosos e leigos comprometidos com o anúncio do Evangelho. Do antigo território da Prelazia temos hoje Arquidioceses e Dioceses que congregam paróquias e milhões de pessoas. Nossa missão, iniciada no ontem, continua também no hoje: evangelizar com coragem em meio aos desafios de uma metrópole marcada pela desigualdade, pela violência, mas também por uma fé viva e uma cultura rica e plural. E tudo isso no cenário de beleza natural com o qual somos circundados.
    14. Celebrar essa história é reconhecer que somos parte de uma corrente de graça, que começou com nossos antecessores na fé e que agora está em nossas mãos. Somos chamados a manter viva a chama da evangelização, especialmente nas periferias, nos presídios, nas escolas, nos hospitais e nos centros urbanos onde a fé se fragiliza.

    A missa Anúncio do Evangelho: uma herança do tricentenário

    1. Quando completamos três séculos de Diocese, grandes eventos marcaram essa comemoração, inclusive a transferência de nossa Catedral antiga para a atual. Agora que iremos chegar aos 350 anos de Diocese, convido a redescobrir e utilizar o texto de uma missa que marcou época e que nos ajudará muito em nossa caminhada missionária e jubilar.
    2. No cenário profundamente espiritual do Ano Santo de 1975, sob a luz da Solenidade da Imaculada Conceição, a Igreja acolhia com alegria a Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi, de São Paulo VI. Este documento, nascido do impulso renovador do Concílio Vaticano II e do Sínodo dos Bispos de 1974, reafirmava que “evangelizar é a vocação mais profunda da Igreja” (EN 14).
    3. Em nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, que se preparava para celebrar os 300 anos de sua elevação à dignidade de Diocese, o impacto foi imediato. Embora não tivesse participado diretamente do Sínodo, o Cardeal Eugênio de Araújo Sales, então arcebispo, acolheu com entusiasmo a Evangelii Nuntiandi, reconhecendo nela um verdadeiro programa de renovação missionária. A amizade com Paulo VI e sua firme convicção pastoral levaram-no a mobilizar a Igreja local para uma grande Missão Popular — e a buscar novas formas de evangelizar através da música litúrgica.
    4. A essa efervescência espiritual somava-se o sucesso da missa “Maria, Mãe da Igreja”, composta por ocasião dos 20 anos de sacerdócio do Cônego Amaro Cavalcanti, naquele mesmo ano de 1975. Inspirada na exortação apostólica Marialis Cultus, essa missa havia sido bem acolhida nas comunidades do Brasil, mostrando a força da música como expressão catequética e evangelizadora. Foi então que Dom Eugênio solicitou aos mesmos compositores — Dom Carlos Alberto Etchandy Gimeno Navarro e Waldeci Farias — uma nova obra: a Missa do Tricentenário.
    5. Mais do que celebrar uma data, tratava-se de traduzir em melodia a identidade missionária da Igreja do Rio de Janeiro. Uma missa liturgicamente sólida, teologicamente enraizada e musicalmente acessível, que fosse trilha sonora do tempo novo inaugurado pela Evangelii Nuntiandi.
    6. Os dois autores foram dois nomes que enriqueceram o canto pastoral no Brasil, com composições que ainda hoje marcam presença na liturgia de nossas comunidades. Dom Carlos Alberto Navarro nasceu no bairro do Engenho Novo, em 1931. Estudante do Colégio Militar e depois cadete da AMAN, foi profundamente tocado pela leitura de História de uma Alma, de Santa Teresinha. Abandonando a carreira militar, ingressou no Seminário São José. Ordenado em 1959, destacou-se por seu carisma junto aos jovens, pela sensibilidade poética e pela firmeza espiritual. Em 1975, foi nomeado bispo auxiliar, sendo sagrado no dia 12 de dezembro, junto com Dom Karl Romer. Foi bispo de Campos entre 1981 e 1990, e arcebispo de Niterói de 1990 até sua morte, em 2003.
    7. Waldeci Farias, nascido no Ceará em 1943, revelava desde cedo grande talento musical. Aprendeu a tocar acordeon e violão ainda menino. Após mudar-se para o Rio, ingressou no Seminário São José, onde suas composições se destacaram nos festivais internos. Um de seus primeiros sucessos foi “O Senhor me chamou a viver” (1972), cantado ainda hoje em nossas comunidades. Depois, colaborou com o Cônego Amaro Cavalcanti, com quem viveu intensamente a missão litúrgica e catequética da Arquidiocese, especialmente na Paróquia Santa Teresinha, em Botafogo. Ingressou depois na Ordem dos Capuchinhos, onde professou os votos temporários. Com Dom Carlos Alberto, formou uma das parcerias mais fecundas da música litúrgica no Brasil.
    8. A Missa do Tricentenário, chamada “Missa Anúncio do Evangelho”, foi concebida como um caminho de evangelização em forma de canto. Dom Eugênio desejava que essa missa acompanhasse a Missão Popular, onde grande número de leigos, religiosos e padres batiam de porta em porta levando a Palavra de Deus. Por isso, a composição inclui: Canto de entrada, aclamação ao Evangelho, canto das oferendas, canto de comunhão, canto de meditação e canto Final
    9. Cada parte traz não apenas beleza melódica, mas sólida fundamentação bíblica e ressonância com a Evangelii Nuntiandi. Trata-se de uma verdadeira catequese cantada, como desejava o Concílio Vaticano II: “A música sacra será tanto mais santa quanto mais intimamente estiver ligada à ação litúrgica” (SC 112).
    10. Desejamos que essa missa do tricentenário, junto com o hino do jubileu arquidiocesano que publicamos ao final desta carta, seja executada durante esse ano em que o nosso IIº Sínodo Arquidiocesano nos impulsiona para a missão.
    11. Aqui, propomos um breve estudo das partes dessa missa, onde percebe-se a riqueza encerrada em cada composição:

    Canto de EntradaDevo anunciar às cidades o Reino de Deus

    Mensagem central: Este canto proclama a missão de Jesus e da Igreja: anunciar o Reino de Deus a todos, especialmente aos pobres e oprimidos. O Espírito Santo é quem unge e envia, e a cruz é o caminho para entrar nesse Reino.

    Citações bíblicas:

    Lucas 4,18-19: O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres.

    Isaías 61,1: O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para levar a boa notícia aos humildes.

    Mateus 13,44: O Reino dos céus é como um tesouro escondido no campo.

    Colossenses 1,13: Ele nos libertou do poder das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado.

    Evangelii Nuntiandi:

    EN 6 – Evangelizar constitui, de fato, a graça e a vocação própria da Igreja, sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar.

    EN 7: Jesus mesmo, o Evangelho de Deus, foi o primeiro e o maior evangelizador.

    EN 8: O Reino é, pois, o objetivo de toda evangelização: é nele que se encontra a salvação para todo o ser humano e para a sociedade.

    EN 9: Esse Reino exige dos seus membros uma conversão interior profunda e uma vida marcada pelas bem-aventuranças. Ele só se alcança através da cruz.

    EN 75: A evangelização jamais será possível sem a ação do Espírito Santo. Ele é o agente principal da evangelização.

    Aclamação ao Evangelho: Jesus, primeiro evangelizador

    Mensagem central: Jesus é o primeiro missionário, e a Igreja continua sua missão. Mas também precisa renovar-se sempre, ouvindo de novo o Evangelho e se convertendo. A missão evangelizadora exige fidelidade, coragem e o desejo de comunicar os tesouros da fé.

    Citações bíblicas:

    Mateus 28,19: Ide, pois, e fazei discípulos entre todas as nações.

    João 13,15: Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós.

    Apocalipse 2,4-5: Tenho, porém, contra ti que abandonaste teu primeiro amor.

    Romanos 10,14: Como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue?

    Evangelii Nuntiandi:

    EN 7: Jesus mesmo, o Evangelho de Deus, foi o primeiro e o maior evangelizador.

    EN 14: Evangelizar é, para a Igreja, ser fiel ao seu próprio ser. A Igreja existe para evangelizar.

    EN 15: Evangelizar não é, para ela, um contributo facultativo; é um dever que lhe é imposto pelo próprio Senhor Jesus.

    EN 16: A evangelização deve tocar profundamente a consciência da Igreja, chamada a uma renovação constante.

    EN 17: A evangelização deve ser feita com amor fraterno e respeito pela liberdade da pessoa.

    EN 18: A Igreja evangeliza quando, por sua simples existência e presença no mundo, brilha como luz que atrai.

    EN 24: Evangelizar é, antes de tudo, dar testemunho, de tal forma que, vendo o exemplo dos cristãos, as pessoas sintam necessidade de perguntar: Por que vivem assim?

    EN 25: Não há verdadeira evangelização sem o anúncio explícito de Jesus como Senhor e Salvador.

    EN 26: A proclamação do nome, da doutrina, da vida, das promessas e do Reino de Cristo é o centro da evangelização.

    Canto das Oferendas: O coração do homem quer libertação

    Mensagem central: A verdadeira libertação do ser humano está na evangelização: Deus nos ama e quer nos transformar por inteiro — mente, coração, valores e atitudes. Evangelizar é mais que pregar: é ajudar as pessoas a se tornarem novas.

    Citações bíblicas:

    João 3,16-17: Deus amou tanto o mundo, que entregou seu Filho único para que todo o que nele crer não pereça.

    Romanos 12,2: Transformai-vos pela renovação da vossa mente, para discernir a vontade de Deus.

    Ezequiel 36,26: Dar-vos-ei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo.

    Atos 2,38: Convertei-vos e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para o perdão dos pecados.

    Evangelii Nuntiandi:

    EN 1: Anunciar o Evangelho aos homens do nosso tempo (com frequência confusos, mas também cheios de esperança) é, sem dúvida, um serviço prestado à humanidade.

    EN 20: A evangelização deve atingir e transformar, com a força do Evangelho, os critérios de julgamento, os valores determinantes, os pontos de interesse, as linhas de pensamento e os modelos de vida.

    EN 22: A salvação que a Igreja anuncia atinge o homem inteiro. Ela é libertação de tudo o que oprime, mas sobretudo é libertação do pecado e da morte.

    EN 24: Os homens de hoje escutam mais facilmente as testemunhas do que os mestres.

    EN 29: A evangelização deve atingir o coração e transformá-lo, tornando-o capaz de uma nova vida segundo o Evangelho.

    Canto de Comunhão: Jorra uma Fonte de Graça

    Tema central: A Eucaristia como fonte de graça e de força para a missão da Igreja. Ela alimenta o amor, a comunhão, a unidade e o testemunho cristão no mundo.

    Citações bíblicas:

    João 19,34: Mas um dos soldados lhe perfurou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.

    1 Cor 11,26: Todas as vezes que comeis deste pão e bebeis deste cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha.

    Jo 6,54-56: Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna… permanece em mim e eu nele.

    Hb 10,19: Temos plena confiança de entrar no Santuário pelo sangue de Jesus.

    Jo 13,15: Eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, assim façais vós também.

    1 Cor 10,16-17: O cálice de bênção… é comunhão com o sangue de Cristo; o pão… é comunhão com o corpo de Cristo.

    Jo17,21: Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim e eu em ti…

    Rm 12,2: Transformai-vos pela renovação da vossa mente…

    At 2,41: Os que aceitaram a palavra foram batizados; e naquele dia, juntaram-se a eles cerca de três mil pessoas.

    Mt 5,3: Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos céus.

    Lucas 9,23: Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e siga-me.

    Evangelii Nuntiandi:

    EN 15: Evangelizar não é um luxo, é uma missão essencial confiada por Cristo à sua Igreja.

    EN 24: Evangelizar é renovar vidas e formar discípulos através do testemunho e do anúncio.

    EN 27: Evangelizar significa transformar a humanidade e conduzi-la à comunhão com Deus.

    EN 28: Na Eucaristia está contido todo o tesouro espiritual da Igreja.

    EN 30: A evangelização exige o compromisso com os pobres e sofredores.

    EN 31: A Igreja deve ser percebida como a Igreja dos pobres.

    EN 47: A celebração da Eucaristia educa para o amor e para o compromisso com os irmãos.

    EN 76: A missão precisa da ação invisível e eficaz do Espírito Santo.

    EN 77: A unidade visível entre os fiéis fortalece o testemunho da evangelização.

    Canto de Meditação / Ação de Graças: Quem Vive Afastado de Cristo

    Mensagem central: A evangelização começa com o testemunho silencioso, que toca os corações e prepara o terreno para o anúncio explícito de Jesus Cristo.

    Citações bíblicas:

    Mt 5,14-16: Vós sois a luz do mundo… brilhe a vossa luz diante dos homens.

    1 Pd 3,15: Estai sempre prontos a responder, com mansidão e respeito, a todo aquele que vos pedir razão da vossa esperança.

    Is 60,3: As nações caminharão à tua luz, e os reis ao resplendor que te nasceu.

    Sl 67,2-3: Para que se conheça na terra o teu caminho, e entre todas as nações a tua salvação.

    At 4,12: Não há salvação em nenhum outro, pois não existe outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos.

    Rm 10,14: Como invocarão aquele em quem não creram? E como crerão, se não ouviram falar dele?

    Evangelii Nuntiandi:

    EN 18: A Igreja evangeliza irradiando a luz do Evangelho com sua própria vida.

    EN 19: Ela é fermento no mundo, chamada a transformar a sociedade por dentro.

    EN 21: A primeira forma de evangelização é o testemunho da vida cristã.

    EN 22: Evangelizar supõe sempre o anúncio explícito de Jesus Cristo.

    EN 23: É necessário anunciar Jesus com clareza, humildade, alegria e coragem.

    EN 26: O conteúdo essencial da evangelização é a proclamação de Cristo.

    EN 41: O mundo contemporâneo se abre ao Evangelho principalmente através do testemunho.

    Canto Final / Envio Missionário: Lembrando a Tua Voz

    Mensagem central: A missão da Igreja nasce do mandato de Jesus e é sustentada pela força do Espírito Santo. Evangelizar exige coragem, gratuidade e ardor, mesmo em meio às dificuldades. A missa se prolonga na missão.

    Citações bíblicas:

    Mt 28,19: “Ide, ensinai todas as nações.

    Jesus envia seus discípulos ao mundo inteiro para anunciar o Evangelho

    2 Tm 4,2–5: “Proclama a Palavra, insiste oportuna ou inoportunamente…” Mesmo diante de provações, o discípulo deve ser fiel e perseverante na missão

    Is 52,7: “Como são belos sobre os montes os pés do mensageiro que anuncia a paz!”

    Evangelizar é fonte de beleza e alegria.

    Mt 10,7–8; 10,39: “Curai os enfermos… Quem perder a sua vida por minha causa, vai encontrá-la.”

    A missão exige entrega, coragem e disposição para o sacrifício.

    At 20,24: “Minha vida não tem valor algum, contanto que eu cumpra minha missão de anunciar o Evangelho da graça de Deus.”

    A alegria do discípulo está em dar tudo por amor a Cristo.

    At 1,8: “Recebereis o poder do Espírito Santo… e sereis minhas testemunhas até os confins da terra.”

    O Espírito Santo capacita para a missão universal.

    At 4,31: “Ficaram todos cheios do Espírito Santo e anunciavam com coragem a Palavra de Deus.”

    O Espírito dá ousadia e força no anúncio.

    Lc 12,12: “O Espírito Santo vos ensinará o que deveis dizer.”

    É Ele quem guia e inspira o missionário em sua pregação.

    Evangelii Nuntiandi:

    Evangelizar é expressar amor a Deus e ao próximo, sendo a vocação mais profunda da Igreja. O Espírito Santo sustenta a missão, convertendo corações e reacendendo o ardor missionário. É urgente reacender o ardor missionário e o impulso evangelizador.

    O mundo precisa de cristãos cheios de coragem e paixão por anunciar Cristo.

    1. Décadas se passaram desde a Missa do Tricentenário, mas seu valor permanece. Ela é memória viva de uma Igreja que cantou sua história com gratidão e esperança. É também profecia de uma Igreja que continua em missão, fiel ao Evangelho e aberta ao Espírito.
    2. Convido nossas comunidades, corais e agentes pastorais a redescobrirem esta obra, juntamente com o hino do Jubileu Arquidiocesano. Que os jovens músicos encontrem nela uma escola de fidelidade litúrgica e ardor evangelizador. E que essa missa continue a ecoar nas celebrações, como expressão de uma fé que canta, evangeliza e se oferece com alegria, recordando que “evangelizar é a missão essencial da Igreja. Ela existe para isso” (EN 14).

    O Povo de Deus, Corpo Místico de Cristo: A Igreja Universal e a Igreja Particular

    1. Ao recordarmos o percurso histórico desde que nos tornarmos Prelazia, depois Diocese e, por fim, Arquidiocese, se faz necessário também valorizar o sentido de Igreja particular e a nossa identidade, que, tanto em unidade com a Igreja presente no mundo inteiro, na pessoa do Papa Leão XIV, como na caminhada comum de nossa Conferência Episcopal, temos características que nos dão personalidade própria e nos impulsionam a ser igreja aqui nestas terras cariocas em que vivemos.
    2. Esse percurso de nossa rica história nos leva a buscar uma profunda compreensão do mistério da Igreja. Inserida na Igreja Universal, em comunhão com o Bispo de Roma, o Papa, e com o Colégio Universal dos Bispos, nossa Igreja particular expressa em sua vida de fé as notas da Igreja, que é una, santa católica e apostólica.
    3. No Novo Testamento se encontram diversas palavras, expressões e imagens para traduzir a realidade da Igreja (Concílio Vaticano II, Constituição dogmática Lumen gentium, n. 6). Cada uma delas destaca um aspecto, e, em conjunto, evidenciam a riqueza dessa realidade que é a Igreja. Essas imagens, enraizadas na experiência humana, podem ser subdividas em grupos por afinidades: imagens da vida agrícola, da realidade pastoril, das edificações humanas e da convivência humana. Assim, ela é chamada de vinha de Deus, lavoura de Deus, campo da semeadura divina; rebanho, redil, grei; casa, templo, edifício; família de Deus, filhos de Deus, esposa de Deus. Mas, mais fortemente que essas imagens, há algumas noções mais abrangentes, como: povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo (Lumen gentium, n. 2-4). Com isso, a Igreja é relacionada diretamente com o mistério de Deus, uno e trino, e ela mesma é considerada um “grande mistério” (Ef 5,32).
    4. O termo “Igreja” vem da língua grega, que é a língua original do Novo Testamento. Acontece com muitos termos de, quando assumidos na Palavra de Deus, terem o seu sentido comum enriquecido e passarem a ter um sentido especial. Isso se dá com a palavra “ekklesia”, que, no seu uso comum, significa assembleia, reunião. Mas, assumida pelos primeiros cristãos, e utilizada na escrita do Novo Testamento, passa a significar a Igreja enquanto comunhão das pessoas em Cristo. Isso, porém, já tinha uma história ligada à Bíblia, pois, quando o Antigo Testamento foi traduzido para a língua grega, essa mesma palavra foi utilizada para indicar a reunião do povo de Deus, convocado pelo próprio Deus para celebrar com ele a Aliança, no monte Sinai (Dt 4,10; 9,10; 18,16). Progressivamente, nas primeiras décadas do cristianismo, essa palavra foi sendo muito usada e se tornou a mais importante para indicar a união das pessoas com Deus e entre si produzida pela fé e pelos sacramentos.
    5. A palavra Igreja (“ekklesia”) aparece 114 vezes nos escritos do Novo Testamento. Algumas vezes no singular e outras no plural. Pelo contexto, se sabe que em alguns casos ela indica uma comunidade particular, local, em outros indica um grupo de comunidades locais existentes em uma região, mas, outras vezes, indica toda a comunidade dos cristãos.
    6. Nos Atos dos apóstolos o termo ocorre vinte e três vezes, das quais, vinte e uma no singular. Seus significados são variados: a comunidade de um local; ou de uma região; ou a única Igreja, sem limitação de local[2]. O elemento espiritual ou teológico vem da ação divina: Deus é que reúne a comunidade e os que ele reúne são seus. A especificação “de Deus” ou “de Cristo” explicita o conteúdo do conceito Igreja: ela é de Deus. As “Igrejas” concretamente existentes em forma de comunidades não são fracionamentos de Igreja, como também a Igreja não é o resultado da soma das “Igrejas”. A Igreja em seu sentido universal se refere ao povo de Deus em sua totalidade e as Igrejas locais, as comunidades, são a manifestação concreta desse povo em um lugar particular.
    7. Nos escritos de São Paulo, a palavra Igreja aparece 61 vezes, e designa tanto a assembleia doméstica como uma Igreja estabelecida em uma cidade[3]. Acompanhando essa palavra, as expressões “de Cristo”, “de Deus”, “dos santos” são frequentes[4]. Dos escritos paulinos também se pode concluir que não é da soma de comunidades locais que nasce a comunidade universal que constitui a Igreja, mas cada comunidade, por pequena que seja, representa a Igreja inteira. Na epístola aos Hebreus há uma ocorrência da expressão que é especialmente significativa por ser a única a designar a Jerusalém celeste: 12,22-23.
    8. Em São Mateus encontramos duas passagens significativas, tanto pelo conteúdo como por ocorrerem num Evangelho: Mt 16,18 e 18,17. Na primeira, o termo “Ekklesia” é acompanhado do pronome possessivo “minha”, que indica o vínculo que une a Igreja a Cristo. O segundo texto se refere a uma comunidade local que debate um caso de disciplina.
    9. As mesmas observações feitas acima valem para as outras ocorrências do termo no restante do Novo Testamento[5]. “Ekklesia” é correspondente exato de povo de Deus no Antigo Testamento.
    10. Entre os outros termos, imagens e noções que se encontram no Novo Testamento para significar a Igreja, tem muita importância “corpo de Cristo” e “povo de Deus”. Esta, apesar de ocorrer explicitamente poucas vezes, é muito importante porque nos ajuda a compreender a continuidade que há entre a Igreja e o povo eleito de Israel e o modo como a Igreja existe na história, peregrinando para o Reino do Céu, organizada como comunidade, ou, melhor, como comunidades que estão em comunhão entre si, são verdadeiras Igrejas e se reconhecem umas às outras como formando a una e única Igreja de Cristo. É importante, nesta ocasião, refletirmos sobre essas duas noções porque a Igreja é o novo povo de Deus por causa da comunhão dos fiéis no Corpo de Cristo por meio da fé e dos sacramentos. Inseridos no corpo de Cristo, cada fiel entra na comunhão com Ele e com todos os que estão unidos a Ele.
    11. Com a noção “corpo de Cristo” se estabelece uma correspondência entre Jesus Cristo e a Igreja, na qual a Igreja existe em total dependência de Cristo. A relação de comunhão tão profunda entre Cristo e sua Igreja que é indicada por essa noção que vem da união sacramental dos cristãos ao corpo ressuscitado de Cristo. A unidade dos cristãos, que se realiza na Igreja é especialmente ligada à noção de participação no corpo de Cristo, como também ao batismo e ao “beber” do mesmo Espírito. Portanto, ela se dá pela comunhão com a morte e a ressurreição de Cristo, o que se realiza através da fé e dos sacramentos.
    12. O fundamento dessa compreensão se encontra na primeira carta aos Coríntios e da carta aos Romanos. Os cristãos são membros de Cristo (1Cor 6,15), feitos tais pelo batismo (1Cor 6,11). A fonte do nosso ser um com Cristo é também a Eucaristia, ela é “comunhão com o sangue de Cristo” e “comunhão com o corpo de Cristo” (10,16-17). Isso é o que leva S. Paulo a afirmar que “há muitos membros, mas todos formam um só corpo”, e, por isso, os coríntios “são o corpo de Cristo, porque são seus membros” (12,12-27). Na carta aos Romanos, um paralelo deste último texto, uma importante consequência é indicada: por serem os cristãos “um só corpo em Cristo”, “são membros uns dos outros” (Rm 12,3-8).
    13. Esta mesma temática se encontra nas cartas do cativeiro, nas quais adquire novo destaque: a noção de Corpo de Cristo não é evocada de modo ocasional, mas ocupa lugar central. Cl 2,11-13, em contexto batismal, retoma a doutrina de Rm 6,1-11; Cl 3,15 e Ef 2,16 usam a expressão corpo significando, respectivamente, os cristãos e o corpo pessoal de Cristo; Ef 4,4-6 usa a expressão significando seja o corpo individual de Cristo, seja o corpo constituído pelos cristãos e a enquadrando no conjunto da vida cristã.
    14. Com o desenvolvimento do tema de Cristo Cabeça, o corpo de Cristo se personifica mais e se distingue de Cristo individual: ele é superior à Igreja e é a fonte de sua vida. Os dois sentidos se encontram unidos em Cl 1,18: “É a Cabeça da Igreja, que é o seu Corpo. É o Princípio, o primogênito dos mortos, tendo em tudo a primazia”. O significado fundamental de Cristo cabeça é que Cristo tem autoridade sobre a Igreja. Este sentido está presente em Cl 1,18; 2,10.18-19 e Ef 1,20-23. Mas, enquanto cabeça, Cristo é também o princípio vital e de animação do corpo, bem como o princípio de sua coesão e harmonia. É o significado que está presente em Cl 2,19 e Ef 4,15-16. A síntese é realizada no capítulo quinto da carta aos Efésios. Aí é retomada a ideia de corpo, bem como é atestado o duplo significado de cabeça, Cristo é Senhor da Igreja e é a fonte de sua vida: A imagem do corpo está presente nos versículos 23, 26 e 30; o sentido hierárquico da cabeça se encontra nos versículos 23 e 24; a sua função unitiva se encontra sob a imagem da relação entre esposo e esposa nos versículos 25 e 29.
    15. A harmonia da imagem da Igreja enquanto corpo e de Cristo como sua cabeça ilumina a íntima comunhão que há entre a Igreja e Cristo, mas evita a interpretação de identidade total entre ambos. Afirma-se, assim, tanto o contato vital e profundo entre ambos, como a superioridade de Cristo. A imagem da esposa que Paulo evoca nesse contexto (Ef 5,25.29) reafirma as mesmas ideias: intimidade e distinção.
    16. A unidade com Cristo é espiritual, íntima e, portanto, invisível. A unidade dos que compõem a Igreja é em parte visível, na comunidade local, e em parte invisível, a ligação com todos os demais fiéis. Os meios pelos que se constitui e alimenta a unidade, enquanto sacramentais, são também em parte visíveis e em parte invisíveis.
    17. A expressão “povo de Deus” permite sublinhar uma dimensão fundamental da Igreja: sua dimensão histórica e a continuidade que há entre o Antigo e o Novo Testamento[6]. O NT usa 140 vezes a expressão “povo”. Mas poucas vezes a aplica à comunidade cristã. As ocorrências da aplicação à Igreja, porém, são decisivas e realizam como que uma transferência de conteúdo do povo de Deus do Antigo Testamento, e indicam o cumprimento de elementos que no AT o povo jamais tinha alcançado. Há dois elementos na noção de povo no AT: um racial e social, e outro de fé. Pelo primeiro, só os descendentes de Abraão segundo a carne fazem parte do povo de Deus. Pelo segundo, os que se associassem à fé de Israel participariam das promessas de Deus. Entre esses dois elementos, há uma constante tensão e sua harmonização é objeto da esperança escatológica anunciada profeticamente. Ela se realiza no Novo Testamento. O que conta é a ação divina de salvação na missão de Jesus e na fé nele. Isso se encontra em Gl 3, 26-29, 1Cor 12,13 e Cl 3,11: vós sois um em Cristo.
    18. Nos Atos dos Apóstolos se encontra o discurso de Tiago, que, de certa forma, ecoa as consequências do ocorrido na casa do centurião Cornélio. Se o Espírito, que foi concedido às primícias judaicas da comunidade, também foi concedido a pagãos, Deus os considera seu povo. Vê-se assim cumprida a profecia de Amós (At 15,14 e Am 9,11s.). Agora a fé substitui o elemento racial como critério de pertença ao povo de Deus (At 15,9; 18,6.10). É a título da fé que pertencem ao novo povo de Deus não somente os convertidos do paganismo, mas também os que vêm do mundo judaico.
    19. O texto de Rm 9,25-29, que alude à profecia de Oséias e Isaías (Os 2,1; 2,25 e Is 10,22s;), leva a concluir que Deus tem por todas as nações o amor que tem por Israel. Paulo exprime isso mediante a aplicação da teologia da aliança à Igreja[7]. Na verdade, a designação direta da Igreja como Povo de Deus não se encontra nos escritos paulinos. O que há é uma distinção feita por ele entre o Israel real e o verdadeiro Israel ou Israel interior (Rm 9,6). Ele não afirma nunca que Israel tenha sido substituído, mas identifica a Igreja como o resto de Israel.
    20. A grande referência da compreensão da Igreja como povo de Deus se encontra em 1Pd 2,4-10, que atribui à comunidade cristã, a condição de ser o povo de particular propriedade de Deus e os outros privilégios de Israel[8].
    21. Na epístola aos Hebreus[9] se observa que a aplicação desse termo à Igreja já não precisa mais ser justificada explicitamente. É dado adquirido na consciência cristã. As duas ocorrências no Apocalipse[10] aplicam à Igreja designações diretas de Israel enquanto povo.
    22. O concílio Vaticano II acolheu e utilizou amplamente a noção de povo. A Utilização dela é predominante em seus documentos. Especialmente constituição Lumen Gentium, que lhe dedica um inteiro capítulo. Com essa noção, o Concílio prioriza o que é comum a todos na Igreja, no nível da dignidade da existência cristã, e que é anterior a toda distinção de ministério ou de estado de vida. Nessa noção: a) a Igreja é apresentada na sua condição histórica; b) é vista em sua totalidade a partir do que nela é comum a todos; c) evidencia o papel dos pastores, que desempenham um serviço, e a vocação dos fiéis, ativos na Igreja; d) ilumina a unidade da Igreja em sua variedade católica ou universal; e) destaca a existência das Igrejas particulares, da diversidade de tradições e de culturas. Além disso, salienta sua índole missionária e está sempre em crescimento.
    23. É pela comunhão com o Filho, sendo inserida no corpo de Cristo, que a Igreja é herdeira do Reino, entra na comunhão com Deus, e se torna seu povo.
    24. Como visto, nas noções bíblicas “ekklesia”, “corpo de Cristo” e “povo de Deus”, fica claro que a primeira compreensão da Igreja é universal, o que significa “católica” (literalmente: segundo a totalidade).  Todos os que estão sacramental, comunitária e hierarquicamente unidos a Cristo, estão também unidos entre si, formando uma totalidade, uma comunhão, a que chamamos “a Igreja de Cristo”, ou “a Igreja de Deus”.
    25. “A Igreja universal existe na Igreja particular e aí atua” (CD 11). A Constituição dogmática Lumen gentium destaca a afirmação de que “as Igreja particulares são formadas à imagem da Igreja universal” e que “é nelas e a partir delas que existe a Igreja católica una e única” (LG 23). A presença de Cristo, especialmente na Eucaristia, é o fundamento da plena eclesialidade das Igrejas particulares. O Concílio afirma: “Em qualquer comunidade que participa do altar sob o ministério sagrado do Bispo, é manifestado o símbolo do amor e da unidade do Corpo místico, sem o que não pode haver salvação. Nestas comunidades, embora muitas vezes pequenas e pobres, ou dispersas, está presente Cristo, por cujo poder se unifica a Igreja una, santa, católica e apostólica” (LG 26).
    26. O sentido desses textos exige uma explicação cujo sentido não é o mesmo da relação que existe entre o todo e as partes. Não se trata da adição de partes para formar um todo, nem de divisão do todo em partes regionais. A Igreja universal não é, portanto, um mosaico de Igrejas particulares. Ao contrário, essa se concentra e se realiza em cada Igreja local.
    27. É muito importante ter presente o modo como se relacionam a Igreja universal e a Igreja local: a Igreja universal se concentra e se realiza em cada diocese. Isto institui entre o todo e as partes uma relação que pode ser comparada, salvaguardadas as diferenças, à relação que há entre as Três Pessoas da Santíssima Trindade e que a teologia clássica chama de “pericorese”, de compenetração, sem confusão, sem absorção.
    28. Assim, percebemos uma perfeita conformidade das afirmações do Concílio com os dados do Novo Testamento, que retoma em rápida síntese. Percebe-se também que o Concílio fez um importante esclarecimento dos dados bíblicos: afirmou ser a celebração da Eucaristia o ato principal em que a Igreja universal se faz presente e se revela na Igreja particular. Esta importante dimensão eucarística da relação entre a Igreja universal e a Igreja particular se expressa com particular evidência quando a Santa Eucaristia é presidida pelo bispo, com seu presbitério, ministros e fiéis. A celebração eucarística é, em cada local, uma manifestação privilegiada da Igreja (SC 41), nela se evidencia um “símbolo […] da unidade do corpo Místico” (LG, 26). Ela revela, ao mesmo tempo, a natureza eucarística da Igreja como tal. Esta é, com efeito, o sinal privilegiado da Igreja, porque é seu ato mais intenso e mais rico; intensidade e riqueza devidas ao ministério do bispo e à presença de Cristo.
    29. A diocese é o tipo mais comum de configuração da Igreja particular ou Local. Há outras formas de organização comunitária, entre elas a Prelazia, o Ordinariato. Muitas vezes, a Prelazia é a forma inicial da organização de uma futura Diocese, como foi o caso de nossa Arquidiocese cujos 450 anos comemoramos. A presença de um Bispo, sucessor dos Apóstolos, que apascenta em nome de Cristo (CD 11) e preside seu rebanho “no lugar de Deus” (LG 20), é muito importante para compreender a plena eclesialidade da Igreja local. Assim se exprime o Concílio para definir uma diocese: “Diocese é a porção do Povo de Deus, que se confia a um Bispo para que a apascente com a colaboração do presbitério, de tal modo que, unida ao seu pastor e reunida por ele no Espírito Santo por meio do Evangelho e da Eucaristia, constitui uma Igreja particular, na qual está e opera a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica”.
    30. Primeiramente se vê aqui o uso da noção “porção” e não “parte”, para indicar a presença do todo da Igreja de Cristo na diocese. Ao Bispo é confiado o pastoreio, com a colaboração do presbitério. A comunhão com o bispo é meio para que a igreja local seja congregada no Espírito por meio da Palavra e da Santíssima Eucaristia. Assim, enriquecidas com sua cultura, atentas a seus desafios, as Igrejas locais têm, cada uma delas, as notas características da Igreja de Cristo que são professadas no Credo: una, santa, católica e apostólica.
    31. É pelo ministério do Bispo que a Igreja local se mantém unida na variedade cultural e ministerial e está em comunhão com as outras Igrejas locais e, especialmente, com a Igreja de Roma, que a todas “preside à caridade na observância de lei de Cristo”, como se expressou S. Inácio de Antioquia (Carta aos Romanos, 1). O Concílio Vaticano II, no número 23 da Lumen gentium tem três afirmações que muito claramente nos apresentam a doutrina a respeito da relação entre as Igrejas locais ou particulares e a Igreja universal. Esse número trata da unidade entres os bispos por serem todos membros de um único “colégio episcopal” que sucede o “colégio dos Apóstolos”. A primeira afirmação é que as Igrejas particulares “são formadas à imagem da Igreja universal”: a Igreja universal é, portanto, como que o modelo perfeito a partir do qual existe e se configuram as Igrejas particulares. E, continuando a afirmação, explica que “nelas e por elas (in quibus et ex quibus) existe a una e única Igreja Católica”. Frase difícil de interpretar, mas que significa a plena condição Católica de cada uma das Igrejas particulares em comunhão entre si. A segunda afirmação é que “o corpo das Igrejas é também o Corpo místico [de Cristo]”. Como é a presença e a atuação de Cristo em cada comunidade de fiéis, sob o pastoreio de seu Bispo, que constitui essa comunidade em verdadeira Igreja, a totalidade das Igrejas particulares, em comunhão, são o corpo Místico de Cristo, vivem de sua vida e estão sob sua autoridade. A terceira afirmação, honra a variedade das Igrejas locais e afirma que ela não rompe a unidade da Igreja: “a variedade de Igrejas locais a convergir na unidade demonstra de modo mais brilhante a catolicidade da Igreja indivisa”.
    32. A identidade de uma Igreja local deriva, em primeiro lugar, de seu ser plenamente Igreja de Cristo, de estar em comunhão com todas as Igrejas locais através do ministério dos Bispos e do Papa, e em estar enraizada em uma história e uma cultura que é compartilhada por seus membros. No compartilhar uma história e uma cultura, com suas luzes e sombras, se forma a identidade de uma comunidade que se configura em uma região ou em uma cidade.
    33. A realidade concreta de uma comunidade humana, a cidade, na qual vive e atua uma Igreja local, não é indiferente para a configuração da identidade dessa Igreja e nem à sua missão. A missão de cada Igreja local é a mesma de todas as Igrejas: viver fraternalmente para testemunhar a presença atual do Reino de Deus, anunciar o Evangelho; convidar todas as pessoas à comunhão com Deus em Cristo e na Igreja; servir, por amor a Cristo, aos pobres e sofredores, manifestando a eles o mesmo amor de Cristo. A identidade de cada Igreja local é formada tanto por seu ser Igreja de Cristo, no que é idêntica a todas as outras Igrejas particulares, quanto pela história concreta das pessoas, relações, organizações e instituições que estabelece para cumprir sua missão.
    34. A história e a cultura de nossa cidade trazem as marcas de sua condição anterior à chegada de Cabral, de colônia, de Império e de República. No interior desses grandes períodos, acontecimentos históricos de grande relevo também imprimiram características e criaram condições que moldaram a cultura de nossa cidade. A conjunção entre os recursos naturais dessa região e a ação humana na construção da nossa cultura, fazem da nossa cidade um espetáculo de grande beleza. Entre as coisas mais belas que aqui há, a maior delas é, sem dúvida, a bondade e a solidariedade de nossa gente. Não é aqui a ocasião de explicitar detalhadamente as características e o modo de ser de nossa gente. Mas é muito importante ter presente que em meio a condições muitas vezes difíceis, em meio a contradições sociais, nosso povo é acolhedor, resiliente, rico de humanidade e de manifestações culturais.
    35. Nossa Igreja existe entremeada na sociedade carioca, em todos os seus recantos e ambientes, os mais diferentes. Nossas comunidades e nossas igrejas são lugares nos quais a fraternidade é cultivada e a partir dos quais ela é semeada, espalhada generosamente. Nas paróquias e comunidades, com suas pastorais, serviços e movimentos, o Evangelho é realidade cotidiana. Elas são profecia de que é possível viver de um modo mais plenamente humano, conviver de modo fraterno, promover e defender a dignidade de todos e servir uns aos outros.
    36. A experiência do amor incondicional de Deus inicia em nós uma vida nova e desperta o desejo irreprimível de anunciá-lo aos quatro ventos e de convidar todos a experimentar também a alegria e a felicidade que se encontram nesse amor. A experiência do encontro e da amizade com Jesus Cristo revela o sentido de vida. A convicção de que no Evangelho se encontra o caminho para a vida plena e para uma forma justa e feliz de convivência humana leva nossa Igreja a valorizar os momentos celebrativos e formativos, as várias formas de vida comunitária e de partilha sinodal da responsabilidade missionária.

    Jubileu Arquidiocesano: “Proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4, 19)

     

    1. A Penitenciaria Apostólica nos concedeu, em nome do Papa Leão XIV, o Ano Jubilar, que contará, inclusive, com a Bênção Papal. Dentro deste atual jubileu da Esperança, agora se insere o Jubileu Arquidiocesano, que continuará mesmo após o final deste ano. Vamos recordar um pouco da tradição bíblica e eclesial do tempo do jubileu, do qual tanto temos falado nestes tempos.
    2. Segundo a tradição judaico-cristã, o tempo de Jubileu é um tempo de gratuidade, perdão, paz, reconciliação e festa, com anúncio de misericórdia e gratuidade. Desta forma, o Jubileu é um período de renovação espiritual e de celebração, de mudança de comportamento e de estilo de vida.
    3. Neste sentido, por exemplo, o evangelista São Lucas narra que, em um dia de sábado, Jesus foi a uma Sinagoga e proclamou uma passagem do livro do profeta Isaías (Is 61,1-2), retomando a tradição judaica do ano jubilar, anunciando “um ano da graça do Senhor” (v.20), como lemos em Lc 4,18-19: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar aos pobres, enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade os oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor”.
    4. São Paulo afirma que Jesus “nasceu de uma mulher” (Gl 4,4), fez-se um como nós na cultura e na história do povo judeu, “nasce sob a lei” (Gl 4,5), com todas as suas prescrições, inclusive a do Ano Jubilar do Senhor. O autor da Carta aos Hebreus, diz que Deus, antes e de muitos modos tinha falado pelos profetas, agora fala por seu Filho, Jesus Cristo (Hb 1,1-4). Portanto, somos convidados a seguir nosso caminho “com os olhos fixos naquele que é o autor e aperfeiçoador de nossa fé” (Hb 12,2); e “a fé é uma posse antecipada do que se espera, um meio de demonstrar as realidades que não se veem” (Hb 11,1).
    5. Etimologicamente, o nome Jubileu vem do latim Jubilaeum, que tomou a nomenclatura do hebraico Yōbēl, que significa “trombeta”, ou o “som da trombeta”, que devia abrir o ano jubilar, no dia da expiação do 49º ano, no 10º dia do 7º mês do ano. Provavelmente, o nome deriva do verbo Yābal (oferecer) ou Yūbel (renda da terra). Neste sentido, Jubileu é o nome dado nas línguas modernas à prescrição da lei presente em Lv 25,8-17.29-31.
    6. No Antigo Testamento, de onde provém a norma do ano jubilar, suas prescrições, então, encontram-se sobretudo em Lv 25,1-55 (cf. também Lv 27), que traz diversas prescrições, algumas das quais se referem ao ano do jubileu do Senhor, mais especificamente em Lv 25,8-55, visto que os vv.1-7 falam do ano sabático. Por exemplo, em Lv 25,10-11 lemos: “Declarareis santo o quinquagésimo ano e proclamarei a libertação de todos moradores da terra. Será para vós um Jubileu: cada um de vós retornará a seu patrimônio, e cada um de vós voltará a seu clã. O quinquagésimo ano será para vós um ano jubilar: não semeareis, nem ceifareis as espigas que não forem reunidas em feita, e não vindimares as cepas que tiverem brotado livremente. O jubileu será para vós coisa santa e comereis o produto dos campos”.
    7. Originariamente, na Bíblia, a palavra Jubileu, a partir do termo hebraico yōbēl, refere-se ao carneiro, e mais especificamente ao chifre do carneiro, o qual era usado para anunciar o ano festivo, servindo de trombeta (shofar, feito do chifre de carneiro); também pode se referir à sonoridade do shofar (trombeta), chamando para a solenidade anunciada pelo toque do instrumento, no caso, introduzindo o Ano do Jubileu do Senhor.
    8. O termo hebraico yōbēl comporta inclusive a ideia do “trazer de volta”, de “restituição” (Lv 25,13), pois os escravos deviam voltar a seu estado anterior, que era o de liberdade e não de servidão/escravidão, não sendo mais servos de homens e sim apenas do Criador (Lv 25,42.55). Da mesma forma, os terrenos também deveriam ser restituídos aos proprietários originais ou para seus descendentes (Lv 25,28).
    9. A cada ano de yōbēl, no Dia da Expiação (Yom Kippur; Dia do Perdão;), o San’hedrin (um tribunal superior) devia tocar o shofar (instrumento, chifre do carneiro) e anunciar o Ano Santo do Jubileu do Senhor, para todo o país (Lv 25,8-9). Em seguida, todos os judeus em Israel, igualmente deviam tocar o shofar, em sinal de adesão comunitária, para que todos soubessem que é jubileu. O som podia e devia ser ouvido em toda a nação de Israel, anunciando que todos os que possuíssem escravos deviam libertá-los e todos os que tinham “tomado/recebido” posse de alguém, deviam restituí-la. Ou seja, ano de yōbēl exigia a libertação dos escravos judeus do país e as terras deviam ficar em repouso, nada sendo produzido nelas, e as propriedades deviam ser devolvidas a seus donos originários.
    10. Em Lv 25,29-31, há uma distinção entre a propriedade situada dentro das muralhas de uma cidade (Lv 25,29-30), que poderia ser cedida para sempre (perpetuamente), e as casa das aldeias (Lv 25,31), que no ano jubilar deveriam retornar a seus proprietários originais, por estarem situadas no campo.
    11. As razões religiosas para as exigências do ano de yōbēl, são: 1) que a terra pertence a Deus (Lv 25,23), portanto, nunca pode ser cedida totalmente e para sempre; 2) que os judeus são servos de Deus, que os libertou da escravidão do Egito (Lv 25,41-42.55), portanto, não podem ser escravos de ninguém, muito menos dos próprios judeus. Sendo Deus o verdadeiro proprietário de tudo, os judeus seriam apenas usuários das terras e não proprietários definitivos. Desta forma, a terra de Deus devia ser dividida entre todos os membros do seu povo. Isso implicava que se algum judeu, por algum motivo, tivesse que ter aberto mão de sua terra, mais tarde isso devia voltar a ele e à sua descendência, protegendo sua família (Lv 25,25.47-53).
    12. Israel tinha a firme convicção de que um monopólio de terras nas mãos de uns poucos seria contrário à vontade Deus, que é o verdadeiro dono da terra (Lv 25,23). Neste sentido, o monopólio da terra era um dos males sociais denunciados pelos profetas (Is 5,8-10). O profeta Ezequiel parece indicar conhecimento deste ideal para o povo judeu, referindo-se a uma economia futura ideal: “Mas se fizer presente a um dos seus servos, este lhe pertencerá até o ano da sua alforria, voltando para o príncipe nesta data” (Ez 46,17), além de que o texto de Ez 7,13 reforça a ideia de que “o vendedor não voltará a seu vendido”.
    13. Para se calcular o tempo do jubileu é preciso olhar para o que prescreve Lv 25,8-10, que fala de 49 anos (“Contarás sete semanas de anos, sete vezes sete anos, isto é, o tempo de sete semanas de anos, quarenta e nove anos. No sétimo mês, no décimo dia do mês, farás vibrar o toque da trombeta; no dia das Expiações, fareis soar a trombeta em todo país. Declarareis santo o quinquagésimo ano e proclamarei a libertação de todos moradores da terra. Será para vós um Jubileu: cada um de vós retornará a seu patrimônio, e cada um de vós voltará a seu clã.”), e para Lv 25,11, que fala diretamente do quinquagésimo ano (“O quinquagésimo ano será para vós um ano jubilar: não semeareis, nem ceifareis as espigas que não forem reunidas em feita, e não vindimares as cepas que tiverem brotado livremente. O jubileu será para vós cosia santa e comereis o produto dos campos.”). Os dois textos trazem as formas de se calcular e dizem respeito à mesma coisa, indicando que o ano jubilar corresponderia ao sétimo ano de sete anos sabáticos, apontando o ano a seguir como o ano jubilar, portanto no 50º ano, depois dos sete sabáticos (49 anos).
    14. A contagem do ano sabático (7º ano), de sete em sete anos, conduzia à contagem do yōbēl (ano do jubileu), que ocorria a cada 50 anos, que era o ano seguinte ao término de sete anos sabáticos (49 anos), o que indica que isso devia acontecer a cada 50 anos. O yōbēl caracterizava-se por várias obrigações para todos de Israel, devendo ser praticadas, entre as principais estavam três: a) não realização de algum tipo de trabalho agrícola, como acontecia no ano sabático; b) libertação incondicional de todo escravo judeu; c) restituição de todos os campos a seus proprietários originais ou a seus herdeiros. E o Jubileu, como instituição regulamentada pela lei judaica do código de santidade sacerdotal, de Lv 25,1-55, devia ser celebrado depois de 7 anos sabáticos, portanto, no 50º ano, de sorte que também coincidia com o ano sabático, que pedia o mesmo comportamento em relação à terra e às pessoas.
    15. Neste sentido, cada “semana de anos” terminava com um “ano sabático”, no qual se deviam libertar os escravos (Ex 21,2), dar o perdão das dívidas, devolução das propriedades e deixar repousar a terra (Ex 23,10-13; Dt 15,1-6; Lv 25,3-7). Concluídas as “sete semanas de anos”, era previsto o ano jubilar, quando era prevista a “alforria” total (Lv 25,8-12). A profecia das “setenta semanas”, de Dn 9,24, que anuncia a “alforria” final dos filhos de Israel (Ex 21,1-11; Dt 15,12-18: dos escravos), está construída sobre a cifra convencional de dez períodos jubilares; enquanto que o texto de Jeremias, que constitui ponto de partida, coloca a salvação no fim de “dez períodos sabáticos”, ou seja, de setenta vezes dez anos: 70 anos (Jr 25,11), para o retorno do Exílio Babilônico.
    16. No ano jubilar, do primeiro dia do ano (Rosh Rashaná; início de um Ano Novo) até Dia das Expiações (Yom Kipur; Dia do Perdão), do ano de yōbēl, nenhum senhor podia empregar seu escravo. E devia ser-lhe dado um período de aproximadamente dez dias de transição para ajudá-lo a readaptar-se à liberdade; permanecia na casa de seu senhor, mas não devia ser tratado como escravo. Pelo contrário, o escravo devia sentar-se à mesa de seu senhor, comer, beber e relaxar. Tocado o shofar, no Dia das Expiações, o escravo devia partir, o que nem sempre devia ser fácil. A ideia era a da libertação da escravidão do Egito, tendo em vista que Deus havia tirado seu povo da escravidão do Egito (Lv 25,42.55), para não mais servir a nenhum outo judeu por toda a vida, mas somente a Deus, como único Senhor e Soberano.
    17. Não importava se o escravo tinha recém começado a servir a seu senhor, ou se já tinha trabalhado os seis anos, todo escravo judeu tinha de ser enviado de volta ao seu lugar de origem. O toque do shofar era um lembrete para ouvir e observar esta prescrição (ordem) e mais ainda o yōbēl. Neste sentido, na tradição judaica, o Jubileu está alicerçado na Torá, presente no Livro do Êxodo (Ex 23,10-11), no Livro do Levítico (Lv 25,1-28) e no Livro do Deuteronômio (Dt 15,1-6), sempre prescrevendo a celebração do ano sabático (a cada sete anos), com o perdão de todas as dívidas, e o ano do jubileu, a cada 50 anos, com libertação dos escravos e restituição das propriedades.
    18. Mesmo sabendo das dificuldades práticas do jubileu bíblico, a Igreja assumiu o tempo do jubileu, que hoje ocorre ordinariamente a cada 25 anos e, extraordinariamente, quando o Papa o deseja. Nós recebemos esse privilégio de celebrar um Ano Jubilar Arquidiocesano, desde a celebração dos 450 anos da Prelazia, até a celebração dos 350 anos de criação da Diocese. Esperamos, neste tempo, onde também concluiremos o IIº Sínodo Arquidiocesano, sobre o tema das missões, lançar luzes para nosso futuro evangelizador.

    As indulgências e atividades pastorais do Jubileu: Um jubileu para celebrar e revigorar a fé e a pastoral

    1. Na esteira do Ano Santo ordinário para toda a Igreja, recebemos com alegria em nossa Arquidiocese a proclamação de um ano jubilar para celebrar as inúmeras graças que o Senhor tem concedido à nossa Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro que há 450 anos foi criada como Prelazia e há 350 anos foi elevada à condição de Diocese. O Evangelho semeado nesta cidade maravilhosa germinou e produziu abundantes frutos para a fé e para a missão. Nossos antecessores testemunharam que nesta cidade “o amor de Deus foi derramado… pelo Espírito que foi dado” (cf. Rm 5,5) e por isso, ancorados com firmeza e segurança na esperança (cf. Hb 6,19) não mediram esforços para tornar o Evangelho vivo, presente e atual.
    2. Dons que recebemos e somos chamados a viver! Hoje, com a mesma e animada coragem apostólica nossa Arquidiocese é convidada, como já disse, a revisitar sua história, exultar de alegria pelos grandes feitos do Senhor (cf. Sl 126,3) e reanimar as forças para continuar com empenho missionário e dedicação apaixonada o anúncio do Evangelho. Sendo uma presença efetiva por toda a nossa cidade, cada fiel é chamado pelo Senhor para esta missão que acontece, sobretudo, pelo testemunho de uma vida transformada pelo mistério pascal de Cristo morto e ressuscitado. Ele está vivo e pelo Espírito Santo revela ao nosso coração por onde devemos começar, como devemos falar e agir. Confiemos nossa vida e disposição ao Senhor que em nós, tal como Maria e em toda a história da salvação, realiza maravilhas (cf. Lc 1,46-55).
    3. O Papa Leão XIV através da Penitenciaria Apostólica proclamou um ano santo enriquecido de indulgência plenária para a nossa Arquidiocese de 19 de julho de 2025 a 19 de julho de 2026. Abaixo podemos ler o decreto desta proclamação para nossa Igreja particular:
    4. N. 01281/2025-227/25/I. DECRETO.

    A PENITENCIARIA APOSTÓLICA, para aumentar a religiosidade dos fiéis e a salvação das almas, pela autoridade que lhe é facultada de modo especialíssimo pelo Santíssimo Padre e Senhor nosso em Cristo, o Senhor Papa Leão XIV por Providência Divina, Ministro da fé e da nossa alegria, atenta aos pedidos que recentemente lhe dirigiu o Emmº Senhor Cardeal da Santa Igreja Romana Orani João Tempesta, O. Cist., Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, em favor de um Ano Santo da mesma Arquidiocese, concede benignamente da imensa misericórdia divina e dos tesouros celestes da Igreja a Indulgência plenária com suas habituais condições (Confissão sacramental, Comunhão Eucarística e oração na intenção do Sumo Pontífice), a ser lucrada por todos os fiéis cristãos verdadeiramente penitentes e imbuídos de caridade que, do dia 19 de julho de 2025 até o dia 19 de julho de 2026, se deslocarem à própria Igreja Catedral ou qualquer Templo já determinado pelo Arcebispo em sua carta da súplica em espírito de peregrinação e com o coração associado aos fins espirituais do Jubileu Ordinário do ano de 2025 e participarem com devoção dos ritos jubilares, ou se fizerem uma visita e permanecerem por um digno espaço de tempo em piedosa meditação, concluindo com a Oração Dominical, o Símbolo de Fé e com invocações à Bem-Aventurada Virgem Rainha da Paz, podendo ainda aplicá-la como sufrágio pelas almas dos fiéis que se encontram no Purgatório. Os idosos, enfermos e todos aqueles que por motivo grave não podem sair de casa, igualmente poderão lucrar a Indulgência se, concebida a detestação de qualquer pecado e na intenção de cumprir as três habituais condições o mais breve possível, se unirem espiritualmente às celebrações jubilares por meio de suas preces e dores, ou pelos dos incômodos da própria vida, oferecidos a Deus misericordioso. Portanto, para que por meio da caridade pastoral se chegue com facilidade ao perdão divino que será conseguido mediante o poder das Chaves da Igreja, esta Penitenciaria roga vivamente que o penitenciário diocesano, o clero da Catedral, os párocos e sacerdotes com as oportunas faculdades para escutar confissões celebrem [o Sacramento] da Penitência com ânimo disponível e generoso e ministrem oportunamente a Sagrada Comunhão aos enfermos. As presentes disposições serão validas para o Jubileu Ano Santo Arquidiocesano. Revogam-se quaisquer disposições em contrário. Dado em Roma, da sede da Penitenciaria Apostólica, no dia 19 do mês de maio, no ano da Encarnação do Senhor 2025. Por mandato do Emmo. [Cardeal Prefeito], Dom Krzysztof Nykiel, Bispo titular de Velia, Regente.

    1. Com este decreto e durante o período deste Ano Santo, norteamos as atividades religiosas, pastorais, vicariais territoriais e não territoriais e de todos os movimentos de nossa Arquidiocese. Vamos celebrar este tempo da graça com unidade, empenho, alegria e amor. Para bem direcionarmos nossas atividades escolhemos o tema do jubileu arquidiocesano: “No Cristo somos um para que todos sejam um” bem como o seu lema: “Alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração e enviados em missão”. Este tema e lema, bem refletidos e aprofundados em seu sentido bíblico-pastoral podem ser usados com criatividade sadia em impressos, publicações, mídias e associados às festas de padroeiros, encontros, grupos etc. A unidade tão querida e desejada por Jesus (cf. Jo 17) manifesta-se visivelmente entre nós quando em virtude da nossa fé recebida no Batismo nos unimos a Cristo através dos sacramentos, da oração, da escuta da Palavra na comunidade de fé que nos fortalecem na missão para que todos sejam um. O lema proposto nos encoraja e indica como devemos agir: com alegria, esperança, fortaleza, perseverança, oração. Revestidos pela graça do Espírito Santo suportaremos as tribulações e seremos enviados em missão. Esta é a vontade do Senhor para este tempo: unidade e missão.
    2. A abertura do Ano Santo arquidiocesano se dá neste dia em que publicamos essa carta, 19 de julho de 2025. Hoje, o clero (bispos, padres e diáconos) e os seminaristas se reúnem na Igreja Nossa Senhora de Bonsucesso (Irmandade Nossa Senhora da Misericórdia e Santa Isabel), localizada ao lado da Ladeira da Misericórdia – Centro, para a oração litúrgica das Laudes. Este local é um marco histórico da nossa Cidade e Arquidiocese, dado que esta Ladeira é um antigo acesso ao extinto Morro do Castelo onde ficava a primeira Igreja da Cidade e dedicada a São Sebastião. Próximo deste local, na Praça do Expedicionário – Centro, todos os fiéis chamados a se reunirem quando fizemos a peregrinação jubilar até a Catedral Metropolitana de São Sebastião. Sendo um só coração e uma só alma daremos um belo testemunho de unidade, comunhão e missão pelas ruas do centro anunciando o amor de Deus: Jesus Cristo nosso Senhor! Na Catedral celebraremos a Missa Solene e concederemos a bênção papal com indulgência plenária anexa, conforme nos concedeu o Papa Leão XIV através da Penitenciaria Apostólica, no decreto que apresentamos abaixo:
    3. N. 01282/2025-228/23/I DECRETO

    A PENITENCIARIA APOSTÓLICA, pela autoridade que lhe é facultada de modo especialíssimo pelo Santíssimo Padre e Senhor nosso em Cristo, o Senhor Papa Leão XIV por Providência Divina, Ministro da fé e da nossa alegria, benignamente concede ao Emmº e Revmº Senhor Cardeal da Santa Igreja Romana Orani João Tempesta, O. Cist., Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, que no Ano Santo da mesma Arquidiocese, escolhendo um dia de utilidade para os fiéis, depois de oferecer o Divino Sacrifício, conceda a Benção papal com a Indulgência plenária anexa a todos os fiéis cristãos presentes que verdadeiramente penitentes e imbuídos de caridade tiverem tomado parte nas celebrações sagradas, a qual será lucrada mediante as habituais condições (Confissão sacramental, Comunhão Eucarística e oração na intenção do Sumo Pontífice). Os fiéis cristãos que devotamente tenham recebido a Benção papal e que por razoável circunstância não tiverem acorrido fisicamente aos sagrados ritos lucrarão validamente a Indulgencia plenária, segundo a norma do direito, desde que os tenham acompanhado com piedosa intenção através dos meios comunicação. Revogam-se quaisquer disposições em contrário. Dado em Roma, da sede da Penitenciaria Apostólica, no dia 19 do mês de maio, no ano da Encarnação do Senhor 2025. Por mandato do Emmo. [Cardeal Prefeito], Dom Krzysztof Nykiel, Bispo titular de Velia, Regente.

    1. Para a bênção papal indicada no decreto e recebida uma única vez neste dia que escolhemos de acordo com o decreto da penitenciaria apostólica, de 19 de julho 2025, reafirmamos as condições: presença na celebração sagrada de abertura do ano santo arquidiocesano, Confissão sacramental, Comunhão Eucarística e oração na intenção do Sumo Pontífice. Aqueles que não puderam estar presentes na celebração por razoáveis circunstâncias (doentes, idosos, reclusos, os impedidos pelo trabalho profissional que exercem ou que nos hospitais ou em outras instituições prestam serviço de assistência aos irmãos e irmãs impossibilitados) lucrarão validamente a Indulgência plenária, segundo a norma do direito, desde que os tenham acompanhado com piedosa intenção através dos meios de comunicação. De fato, esta celebração inaugural do Jubileu Arquidiocesano é transmitida no programa O Rio Celebra, da Rede Vida de Televisão, bem como pela Rádio Catedral, pela Web TV Redentor, e outras mídias digitais da Arquidiocese.
    2. Todos os fiéis: clérigos e leigos em geral são chamados à participação das atividades propostas para receberem com generosidade as infinitas graças que são derramadas. Conforme foi mencionado no decreto, apresentamos as igrejas que durante o Ano Santo arquidiocesano serão locais de peregrinação e visita para a obtenção da indulgência plenária. Os locais escolhidos sinalizam para todos nós a importância histórica da nossa fé e missão.
    3. Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro – Avenida República do Chile, 245 – Centro. – que celebrará o 50º ano de criação a 20 de novembro de 1976, no mesmo dia da criação da Diocese, e quando encerraremos este Jubileu Arquidiocesano;
    4. Paróquia Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé – Rua Sete de Setembro, 14 ou Avenida Primeiro de Março, s/n. – que celebrará o 50º ano da ereção paroquial a 20 de novembro de 1976
    5. Paróquia Nossa Senhora da Candelária – Praça Pio X – Centro – que celebra os 250 anos da bênção de sua pedra fundamental em 1775.
    6. Paróquia Nossa Senhora da Apresentação – Praça Nossa Senhora da Apresentação, 272 – Irajá – elevada à condição de Paróquia em 1647, atualmente a mais antiga paróquia de nossa Arquidiocese.
    7. Paróquia Sant´Ana – Praça Dom Sebastião Leme, 11 – Centro – onde se localiza o Santuário do Coração Eucarístico de Jesus para a Obra da Adoração Perpétua e símbolo das celebrações do 70º ano do XXXVI Congresso Eucarístico Internacional no Rio de Janeiro a 24 de julho de 1955. Também os padres sacramentinos, que ali servem, completam 100 anos de sua presença entre nós.
    8. Nestas Igrejas jubilares, durante o Ano Santo arquidiocesano e por ocasião de uma peregrinação ou visita, havendo a celebração da Missa, a liturgia poderá ser específica quando for permitido segundo as normas da Instrução Geral do Missal Romano n. 368 a 378. O formulário será “Pela Igreja Particular (Missas e Orações para diversas necessidades ou circunstâncias, I. Pela Santa Igreja, 1. Pela Igreja, letra E – Pela Igreja particular. No Missal Romano, p. 1058.) com leituras (1ª leitura, Salmo e Evangelho) do formulário “Pela Igreja” (no lecionário III, Missas para diversas necessidades, 1. Pela Santa Igreja, 1. Pela Igreja. No lecionário III, p. 415 a 433) ou do dia corrente. Ao final da celebração e como condição para lucrar a indulgência plenária, recitam-se as orações (credo, pai nosso e invocação mariana) nas intenções do Papa.
    9. As invocações marianas (conforme indica o decreto) referem-se à Bem-Aventurada Virgem Rainha da Paz. Neste sentido, indicamos as orações marianas da tradição popular: Ave Maria, A vossa proteção, Salve Rainha, Ave Rainha do Céu, Rainha do Céu (no tempo Pascal) e outras acrescida da invocação “Nossa Senhora da Paz, rogai por nós e pelo mundo inteiro”. Há também uma outra oração rezada em algumas comunidades da nossa Arquidiocese: Ó Maria, doce mãe de Jesus Cristo e nossa mãe. Vós que trazeis nos braços o Príncipe da Paz, mostrai-nos este Jesus e deitai-o em nosso coração. Ó Rainha da Paz, estabelecei entre nós o vosso reino, intercedei por estes vossos filhos que, cheios de confiança, se recomendam à vossa proteção. Afastai para longe de nós os sentimentos de amor próprio, expulsai de nós o espírito de inveja, de maldição e de discórdia. Fazei-nos humildes no sucesso, fortes em paciência e em caridade nos sofrimentos, firmes e confiantes na Divina Providência. Abençoai-nos, dirigindo nossos passos no caminho da paz, da união e da mútua caridade, para que, formando aqui a vossa família, possamos no Céu, junto ao vosso Filho, bendizer-vos por toda a eternidade. Amém.
    10. Neste Ano Santo arquidiocesano e tal como compreende o Ano Santo ordinário a que somos chamados a ter o coração associado aos fins espirituais, peregrinação se destaca como um sinal forte para toda a Igreja que está a caminho para o encontro com o Senhor. O peregrino percorre um caminho que é uma pessoa: Jesus Cristo (Cf. Jo 14,6). Nele, o fiel encontra o sentido de sua vida, projetos e missão. Mesmo com os desafios, momentos de dificuldades, intempéries e situações que podem levar ao desânimo, o cansaço e até mesmo a desistência, o peregrino que mantém seu olhar voltado para a Cristo, encontra força para reerguer-se e prosseguir decididamente. Cristo está sempre conosco (Mt 28,20) e, como ensina o Concílio Vaticano II na Constituição Sacrosanctum Concilium, n. 7, se faz presente de múltiplas formas: na comunidade, na Palavra, nos Sacramentos, em cada pessoa que o acolhe em sua vida.
    11. A participação nos ritos jubilares, segundo o decreto é o meio pelo qual podemos lucrar a indulgência plenária. A este propósito e com o coração associado aos fins espirituais do Jubileu Ordinário do ano de 2025, os ritos jubilares no Ano Jubilar arquidiocesano seguem as mesmas indicações para lucrar a indulgência que a Penitenciaria Apostólica indicou no decreto “Sobre a concessão da indulgência plenária durante o Jubileu ordinário do ano 2025 proclamado por sua Santidade o Papa Francisco” e que expusemos na carta pastoral “Missão, esperança e paz”, n. 46 a saber: peregrinações e visitas a Igrejas jubilares, missões populares, retiros, encontros formativos sobre os textos do Concílio Vaticano II e Catecismo da Igreja Católica, obras de misericórdia e de penitência etc.
    12. A visita à Igreja jubilar é símbolo do desejo do coração humano que busca o seu Senhor (cf. Sl 26). Aqueles que visitarem as igrejas jubilares por ocasião do Ano Santo ordinário até à sua conclusão em 28 de dezembro de 2025 e a igrejas mencionadas acima durante o Jubileu Arquidiocesano que, segundo o decreto da penitenciaria, esses dons especiais se concluem em 19 de julho de 2026 quando receberão a indulgência plenária nas condições indicadas pela Igreja. Ressaltamos que a indulgência plenária concedida no ano santo ordinário e no ano santo arquidiocesano não são diferentes. A visita à Igreja jubilar determinada e escolhida pelo fiel, compreende a permanência durante um tempo em piedosa meditação que será concluída com a oração do Pai nosso, o Credo e invocações a Virgem Maria, Rainha da paz. Para bem compreendermos o que significa e como se realiza a meditação, recomendamos o estudo dos parágrafos 2705 a 2708 e 2723 do Catecismo da Igreja Católica que aborda esta expressão de oração.
    13. O decreto indica que “Os idosos, enfermos e todos aqueles que por motivo grave não podem sair de casa (reclusos e os acompanhantes de idosos e enfermos), igualmente poderão lucrar a Indulgência se, concebida a detestação de qualquer pecado e na intenção de cumprir as três habituais condições (confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Papa: pai nosso, credo e invocação mariana) o mais breve possível, se unirem espiritualmente às celebrações jubilares por meio de suas preces e dores, ou pelos dos incômodos da própria vida, oferecidos a Deus misericordioso”.
    14. Tal como no Ano Santo ordinário e desde que cumprida as condições, a indulgência pode ser recebida duas vezes pela mesma pessoa e no mesmo dia desde que a segunda vez seja destinada como sufrágio pelas almas dos fiéis que se encontram no Purgatório.
    15. Para que a abundância de graças que são derramadas neste Ano Santo arquidiocesano possa obter um maior proveito espiritual para todos, recomendamos a busca incessante pelo sacramento da Reconciliação ou Penitência. Por isso, solicitamos uma generosa e disponível caridade pastoral dos sacerdotes para o atendimento auricular das confissões e, juntamente com os leigos investidos como ministros extraordinários, a distribuição da sagrada comunhão aos enfermos. Desse modo, a Igreja faz com que o Evangelho se torne uma realidade presente e encarnada quando dispensa a todos os tesouros da graça divina.

     

    Um olhar de esperança e paz para o futuro evangelizador e pastoral

    1. Como expusemos, muitos irmãos e irmãs no passado semearam com bondade o Evangelho. Hoje podemos colher em abundância os frutos maduros de fé desse processo de semeadura. A graça do jubileu arquidiocesano que continua com suas comemorações até novembro de 2026 nos ilumina diante dos desafios e questionamentos sobre o que devemos fazer hoje para que amanhã outros colham bons frutos. Onde precisamos semear? De que modo vamos semear? Que sementes vamos lançar nos diversos terrenos que se apresentam? Essas perguntas nos interpelam diariamente e nos impelem à uma efetiva, criativa e audaciosa evangelização. Na carta pastoral que esperamos escrever com as conclusões do IIº Sínodo Arquidiocesano iremos explicitar um pouco os nossos passos para o futuro.
    2. Com a força divina que recebemos neste tempo da graça temos a coragem para o início e a realização do projeto salvífico do Senhor aos nossos corações e em cada comunidade. Além de revisitarmos a história de nossa Arquidiocese que durante 5 anos tivemos a oportunidade de fazê-lo inclusive resgatando os principais documentos históricos de nossa circunscrição eclesiástica, que nos inspira e dá noções para compreendermos o presente, devemos realizar também estudos e formação sobre a Igreja em sua identidade e missão para conhecermos a sua natureza, fundamentos, presença na vida das pessoas e da sociedade etc.
    3. Acreditamos que o estudo sério e comprometido do conteúdo bíblico, teológico e pastoral sobre a Igreja possa nos inspirar e favorecer o amor cada vez mais apaixonado a Deus e à Igreja bem como novas atitudes e meios para evangelizarmos em nossas realidades, situações e circunstâncias. Para tanto, indicamos o estudo dinamizado e comprometido da Constituição dogmática Lumen Gentium e da Constituição pastoral Gaudium et Spes – ambas do Concílio Vaticano II, dos parágrafos 737 a 741; 748 a 987; 2030 a 2051 do Catecismo da Igreja Católica, documentos do magistério sobre a Igreja etc.
    4. Enquanto aguardamos as novas diretrizes da ação evangelizadora da igreja no Brasil que inspiram o nosso plano de pastoral que será elaborado ao final do próximo ano, as Paróquias e comunidades podem organizar de acordo com sua realidade pastoral essas catequeses sobre a Igreja e que propomos sob a forma de temas:

    Agosto 2025 As vocações nascem na Igreja

    O que é: prelazia, diocese e arquidiocese

    Setembro 2025 A Palavra constitui a Igreja

    Aspectos religiosos da fundação da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro

    Outubro 2025 A Igreja é missionária

    Aspectos históricos e pastorais da bula de criação da Prelazia

    Novembro 2025 Os santos e a santidade da Igreja e dos fiéis (LG 5)

    Aspectos históricos e pastorais da bula de criação da Diocese

    Dezembro 2025 O Verbo se fez carne e habitou no meio de nós!

    LG 1 – o mistério e a natureza da Igreja

    Janeiro 2026 São Sebastião, soldado da Igreja

    LG 2, 3 e 4 – o povo de Deus, a hierarquia e os leigos

    Fevereiro 2026 A assistência da Igreja aos enfermos

    Gaudium et Spes

    Março 2026 O Espírito Santo, alma da Igreja

    Paróquia, célula viva da Igreja particular

    Abril 2026 O mistério pascal de Cristo núcleo vital da Igreja

    A Doutrina Social da Igreja

    Maio 2026 A Virgem Maria, mãe e modelo da Igreja (LG 8)

    A devoção mariana no Rio de Janeiro

    Junho 2026 A Igreja vive da Eucaristia

    Os sacramentos de salvação da Igreja

    Julho 2026 A história da nossa Igreja no Rio de Janeiro

    A vida consagrada na Igreja

    Agosto 2026 A fé da Igreja

    A eclesiologia das pastorais, movimentos e grupos

    Setembro 2026 A oração da Igreja

    O ecumenismo e o diálogo inter-religioso

    Outubro 2026 A vida cristã

    Sinais de maturidade na fé

    Novembro 2026 Ser Igreja hoje

    A juventude na Igreja do Rio de Janeiro

    Dezembro 2026 Apresentação do 13º Plano de Pastoral de Conjunto

    1. Uma das características fundamentais da Igreja, e que está no lema do nosso Ano Santo Arquidiocesano, é a perseverança na oração (cf. At 1,12-14; 2,42; Rm 12,12). Através dela, pessoas, grupos e comunidades de nossa Arquidiocese fortificam a sua unidade e a comunhão com o Senhor e entre seus membros. Pela oração, Arquidiocese é iluminada pelo Espírito Santo, agraciada de muitos dons e frutos e progride em sua missão, sobretudo na oração comunitária, que, sendo sinal da presença de Cristo, é também uma fonte viva de espiritualidade e comunhão. Neste sentido, todas as comunidades paroquiais ou religiosas, os grupos, as pastorais, os movimentos e demais organismos e instituições são chamados a se reunirem para a oração através da recitação da liturgia das horas, hora santa, adoração ao Santíssimo Sacramento, leitura orante da Palavra de Deus, momentos de espiritualidade e tantos outros que a devoção aos santos nos ensinou.
    2. Os vicariatos territoriais e não territoriais bem como as paróquias, os diversos grupos, pastorais, ministérios, movimentos, comunidades são incentivados a organizarem uma programação que contemplem: catequese, confissões e peregrinação às Igrejas jubilares durante o Ano Santo Arquidiocesano a fim de que recebam bem todas as graças deste jubileu sobretudo pela indulgência plenária.

    1. Sugerimos rezar durante este jubileu: ORAÇÃO DO JUBILEU ARQUIDIOCESANO. “Senhor, nosso Deus e Pai, nós vos agradecemos pelos 450 anos da criação da nossa Prelazia e 350 anos da sua elevação a Diocese. Nesta cidade, desde a sua fundação e sob a intercessão de nosso padroeiro São Sebastião, o Evangelho foi semeado e germinou abundantes e maduros frutos da fé católica para que a salvação, o vosso Filho, Jesus Cristo alcançasse a todas as pessoas. Hoje, com o coração agradecido, bendizemos pelas inúmeras graças que a vossa bondade e misericórdia nos concedeu. Reafirmamos que “no Cristo, somos um para que todos sejam um”. Por isso, dai-nos o dom do vosso Espírito Santo e abrasai o nosso coração com o vosso amor, para que sejamos “alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração e enviados em missão”. Amém. São Sebastião, rogai por nós!”

     

    1. Ao final das missas e dos eventos pedimos que cantem o hino do jubileu: HINO DO JUBILEU ARQUIDIOCESANO. Música: Maestro Marcos Paulo Mendes.

    REFRÃO: Um coração grato, ó Senhor, / é o que vos damos neste jubileu. / Tantas graças, tantos benefícios, / obrigado, Senhor e nosso Deus. Um jubileu de graça e unidade! É a presença da Igreja do Senhor! / ||: Nesta cidade que é maravilhosa, / resplandece o Cristo Redentor! :||

    1. Rio bendito, terra consagrada,/ Ouviste cedo a voz da salvação! / Na Prelazia, a fé foi semeada,/ Frutificou em santa missão. ||: Tantas graças, tantos benefícios, obrigado, Senhor e nosso Deus! :|| Dos altos morros aos mares em festa,/ Ecoa firme a pregação do amor:/ A Boa-Nova, com coragem e fé,/ Ilumina o povo do Senhor! ||: Tantas graças, tantos benefícios, obrigado, Senhor e nosso Deus! :||
    2. Três séculos e meio de Diocese,/ Semeadora do Reino de Paz,/ Na Eucaristia encontra a sua força,/ Na caridade, a vida se refaz. ||: Tantas graças, tantos benefícios, obrigado, Senhor e nosso Deus! :|| O sangue forte do mártir valente,/ Nos inspira a lutar com ardor:/ Sebastião, fiel combatente,/ Intercede a Deus por nós, com amor! ||: Tantas graças, tantos benefícios, obrigado, Senhor e nosso Deus! :||
    3. Caminha a Igreja em missão constante,/ Com seu Pastor em comunhão de amor./ Povo orante, alegre e vibrante,/ Anuncia o Cristo com ardor. ||: Tantas graças, tantos benefícios, obrigado, Senhor e nosso Deus! :|| Das comunidades, floresce a vida,/ Do Evangelho nasce a esperança./ Hoje louvamos, com voz agradecida,/ Essa história de luz e confiança ||: Tantas graças, tantos benefícios, obrigado, Senhor e nosso Deus! :||

    O TEMA E O LEMA DO ANO SANTO ARQUIDIOCESANO.

    1. O tema do Ano Jubilar Arquidiocesano foi inspirado no contexto da história eclesiástica vigente: a marcante presença do Papa Leão XIV e a referência que escolhi para minha vida sacerdotal. O atual Pontífice, o Papa Leão XIV, escolheu como lema de seu pontificado ““In Illo uno unum” (extraído do sermão de S. Agostinho sobre a Exposição sobre o Salmo 127, para explicar que “embora nós cristãos sejamos muitos, no único Cristo somos um”). “Ut Omnes Unum Sint” – para que todos sejam – inspirado no texto bíblico de Jo 17,21 é o meu lema sacerdotal e episcopal. A união dos dois lemas resulta no tema do Ano jubilar arquidiocesano: “No Cristo, somos um para que todos sejam um!” Este tema reflete a unidade dos batizados em Cristo que os envia para uma numa missão universal: anunciar a salvação a todos!
    2. E o lema, por sua vez, tem na carta de São Paulo aos Romanos capítulo 12 e versículo 12 a indicação dos elementos que devem nortear o fiel carioca sobre o modo de realizar a unidade e a missão universal da Igreja: alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração e enviados em missão. Tais elementos possuem relação com a história da Igreja nesta arquidiocese. Alegres na esperança – impulsionados pelo tema do Ano Santo ordinário, os cristãos são chamados a serem alegres na esperança para indicar que a “esperança, que é Cristo, nunca decepciona” (Rm 5, 5; 1Tm 1,1); por isso que a alegria, como fruto do Espírito Santo nunca cessará. Fortes na tribulação – inspirados no exemplo do padroeiro, São Sebastião, os fiéis cariocas nunca devem desistir, mas encontrar sempre em Cristo a força que necessitam para suportar as dificuldades e desafios que surgem, extraindo dessas situações ensinamentos que os conduzam ao crescimento e amadurecimento humano e cristão. Perseverantes na oração – a história bíblica nos mostra homens e mulheres que clamaram ao Senhor não foram desiludidos; a oração é o dom concedido aos seres humanos para torná-los mais íntimos da paternidade de Deus que nunca abandona seus filhos e “a todo aquele que o invoca lealmente” (Sl 144). Enviados em missão – é a finalidade de todos aqueles que apesar das circunstâncias foram fiéis e por isso, recebem uma graça especial para continuarem na família, na comunidade, nos ambientes diversos a proclamarem com a vida as maravilhas que o Senhor realiza a todos aqueles que em Cristo se tornam um para que todos sejam um!

    LOGOTIPO DO JUBILEU ARQUIDIOCESANO.

    1. A identidade visual do Ano Jubilar Arquidiocesano tem no brasão de armas da Arquidiocese de São Sebastião as suas características fundamentais: a cruz e as flechas. Destacando-se pela sua centralidade, a CRUZ estilizada é a mesma que se encontra na mitra episcopal. Neste sinal católico compreendemos o conteúdo do mistério pascal de Cristo: sua paixão, morte e ressurreição pelo qual, o Evangelho, através da missão apostólica em alegre esperança, chegou nas terras da cidade de São Sebastião e se difundiu entre os seus habitantes. A semeadura do evangelho rendeu abundantes frutos para a fé cristã e assim, estabeleceu condições para que o Papa Gregório XIII, em 19 de julho de 1575, criasse uma Prelazia na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, desmembrando-a do Bispado da Bahia. Cem anos depois, esta prelazia que também perseverou na oração indicava sinais maduros na fé e responsabilidade eclesial. Foi quando o Papa Inocêncio XI elevou a prelazia à condição de Diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro em 16 de novembro de 1675.

    As FLECHAS remetem ao mártir São Sebastião que por sua vez confere o nome à cidade desde a sua fundação em 1565, à prelazia, à diocese e à arquidiocese respectivamente. Associadas e compreendidas a partir da cruz, as flechas estão localizadas no seu interior significar o martírio do padroeiro que, sendo um cristão, foi forte na tribulação e tudo suportou por amor a Deus e à Igreja.

    Em tamanhos diversos estão os quadrados dourados que significam as PEDRAS VIVAS pela qual se edifica o corpo de Cristo, ou seja, os cristãos. Estes são aqueles que possuem o gérmen da divindade desde o seu batismo e que por força da graça são enviados em missão para o anúncio salvífico do amor de Deus a cada pessoa! Circundando as figuras encontra-se a missão da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro neste Ano Jubilar 2025-2026 pelo tema que a descreve: “No Cristo, somos um para que todos sejam um!”. A unidade com Cristo estabelece a comunhão e envia em missão conforme apresenta o lema: “Alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração e enviados em missão” – significando o direcionamento aberto das hastes da cruz!

    1. Como podemos denotar, meus caros irmãos e irmãs, em tudo o que expusemos até aqui, nossa Arquidiocese possui uma vasta e rica história. Muito já foi feito, com as pesquisas e celebrações ao longo desse que chamamos de “quinquênio jubilar”, que se iniciou em 2021 e irá até 2026. Porém, ainda há muito a ser feito, desenvolvido e vivido, no âmbito histórico, pastoral e espiritual. É ardente desejo de nosso coração que a celebração de nosso jubileu arquidiocesano seja ocasião especial para que cada batizado dessa porção do povo de Deus em terras cariocas tome consciência de seu dever em anunciar Jesus Cristo com fervor e alegria. Que nesse ano de graças pulse em nossos corações o lema que iremos nesse período tantas vezes meditar: “Alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração e enviados em missão!”
    2. Temos certeza de que temos muito mais a aprofundar e a descobrir. Que seja esta Carta Pastoral um incentivo para publicações, programas, podcasts, artigos e outras pesquisas para assumirmos o grande acervo de nossa Arquidiocese neste ano jubilar. O nosso Museu de Arte Sacra Arquidiocesano já iniciou suas exposições temporárias especiais e fará outras durante este tempo.
    3. Mas, muito mais que uma bela história da ação de Deus em nossas vidas e nas de nossos antepassados, o que queremos é olhar para o futuro. Um grande horizonte se projeta à nossa frente e o desejo é que nos coloquemos a caminho, peregrinando com nossa esperança, que é Cristo, pelas ruas, estradas, praças, vielas, avenidas, viadutos e realidades várias de nossa cidade, testemunhando em quem colocamos nossa fundamentação – Jesus Cristo, o Senhor! E deve ser Ele que nós anunciamos com nossa vida e todos os meios disponíveis, na confiança do mundo novo que ele faz acontecer com a força do Espírito Santo. Mais do que isso tudo, é termos os nossos nomes “escritos no céu”, para onde desejamos ir com a misericórdia de Deus. Essa bela cidade necessita de homens e mulheres corajosos que anunciem a vida e a salvação em Jesus Cristo. Que este Ano Jubilar nos ajude, ao contemplar o passado, a aceitar os desafios do futuro construindo o presente de nossa história. Rezemos uns pelos outros para que assim seja.
    4. A todos que estão nesta nossa caminhada, um abraço alegre e uma bênção especial, com a intercessão de São Sebastião, nosso padroeiro, de Sant’Ana, nossa co-padroeira, e de Maria, a mulher de mil nomes, que invocamos aqui com o título de Senhora da Penha.

    Com afetuosa bênção,

    Orani João Cardeal Tempesta, O. Cist.

    Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro

    São Sebastião do Rio de Janeiro,

    19 de julho de 2025, Ano Jubilar.

    [1] GREGÓRIO XIII, bula In supereminente militantes Ecclesiae, 19 de julho de 1575.

    [2] Por exemplo: At 2,47; 5,11; 8,1; 8,3; 11,22, onde aparece no singular, referindo-se à Igreja de Jerusalém; a de Antioquia da Síria em At, 11, 26; 13,1; 14,27; 15,3; a de Cesareia em At, 18,22; a de Éfeso em At, 20,17. Em At 9,31 não se trata somente da comunidade de Jerusalém, mas de toda a Judeia, Galileia e Samaria. O plural ocorre em At 15,41; 16,5.  A Igreja, sem limitação local consta em At 20,28. Neste sentido, se trata da única Igreja, sem limitação de local.

    [3] No primeiro sentido: Rm 16,5; 1Cor 16,19, e Cl 4,15. No segundo sentido: 1Cor 1,2; 2Cor 1,1. Dirigindo-se a uma comunidade específica, usa o termo no sentido de que é a Igreja como tal que aí está presente: 1Cor 6,4, tratando de um processo; 1Cor 11,18, quando se reúne para a Eucaristia; 1Cor 14,34, quando trata do uso da palavra pelas mulheres; 1Tm 5,16: onde orienta a não se onerar excessivamente a Igreja.

    [4] De Cristo: Rm 16,16. De Deus: esta expressão ocorre no singular, como em: 1Cor 1,2; 10,32; 11,22; 15,9; Gl 1,13; 1Tm 3,5.15; e no plural, como em: 1Cor 11,16; Tes 2,14; 2Tes 1,4. Dos santos: 1Cor 14,33.

    [5] As mesmas observações feitas acima, valem para as outras ocorrências do termo no restante do Novo Testamento. No Apocalipse o termo aparece 20 vezes. Dessas, 13 vezes no plural (Ap 1, 4.11.20 [2 vezes]; 2,7.11.17.23.29; 3,6.13.22; 22,16) e sete no singular (Ap 2,1.8.12.18; 3,1.7.14), quase todas na seção das cartas dirigidas às Igrejas da Ásia, com uma única exceção. Na terceira carta de João é usado três vezes (3Jo 6.9.10), todas no singular; na de Tiago uma vez (Tg 5,14), no genitivo singular, designando a comunidade em seu conjunto.

    [6] Há outras formas de designar a comunidade dos cristãos que estão em continuidade com o Antigo Testamento e têm relação com a noção de povo de Deus: “os santos” (1Cor 16,2; 2Cor 8,4; At 9,13.32.41); “os pobres” (Gl 2,20; Rm 15,26); “os eleitos” (Rm 8,33).

    [7] Seu fundamento na Aliança se encontra em 2Cor 6,16, que cita as fórmulas da Aliança de Lv 26,11s e a profecia de Ez 37,27.

    [8] 1Pd 2,4-10. Que aos cristãos chamados povo de Deus, chama também povo eleito, sacerdócio real, povo santo, povo conquistado. E indica a missão de anunciar as maravilhas do Senhor. Com várias ressonâncias do AT, especialmente: Is 43, 20s; Ex 19, 5s; Os 1, 6-9; 2, 3.25, nessa seção a atribuição ocorre duas vezes (cf. J. HAMER, L’Église est une communion, 47).

    [9] Hb 4, 9; 13, 12.

    [10] Ap 18,4, cujo paralelo é Jr 51,45, e 21,3, e Ap 21,3, que contém a fórmula clássica da Aliança (Gn 17,8; Lv 26,11s; Jr 31,33; Ez 37,27), a indicação da intimidade que por ela se gera entre Deus e seu povo (Ex 25,8; Jo 1,14) e as suas consumação escatológica (Jl 4,17.21; Zc 2,14; Sf 3,15-17; Is 12,6).

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