“Alegrai-vos sempre no Senhor!”

                A liturgia do terceiro domingo do Advento convida: “Canta de alegria, […] rejubila povo de Israel! Alegra-te e exulta de todo coração”. “Exultai cantando alegres”. “Alegrai-vos sempre no Senhor; eu repito, alegrai-vos” (Sofonias 3,14-18, Salmo 12, Filipenses 4,4-7 e Lucas 3.10-18) Segundo o profeta Sofonias Deus tem sentimentos semelhantes: “Ele exultará de alegria por ti, entre louvores, como nos dias de festa”. O caminho escolhido por Deus para salvar o mundo foi convidar Maria, saudando-a: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” A promessa de alegria concretizou-se plenamente no Mistério do Natal e que pede para ser renovada na nossa vida e na história.

                A alegria que a liturgia desperta nos cristãos não está reservada somente para eles, mas é para toda humanidade. Não se pode ignorar todas as realidades onde falta alegria por causa de tantas situações, desde pessoas doentes, idosas, sozinhas até as vítimas das guerras, das violências, das carências básicas para a vida digna, das iludidas por promessas falsas, das exploradas pelas injustiças. O convite à alegria feita pela liturgia não é alienante, nem sem efeito, mas é profecia, é anuncio, é apelo de renovação interior e social.

                A alegria anunciada tem por fundamento, segundo os textos bíblicos: “O Senhor, teu Deus, está no meio de ti, o valente guerreiro que te salva”. “É grande em vosso meio o Deus Santo de Israel”. “O Senhor está próximo!” “A paz de Deus, que ultrapassa todo o entendimento, guardará os vossos corações e pensamento em Cristo Jesus”. “Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo”. Portanto, o motivo da alegria é a presença de Deus. Jesus traz aos homens a salvação, uma nova relação com Deus que vence o mal e a morte. A presença dele ilumina o nosso caminho.

                Outro motivo que gera alegria é a conversão gerada pela presença de Jesus. O Evangelista Lucas registra que as multidões perguntam a João Batista: “Que devemos fazer?”  Responde que Deus não exige nada de extraordinário, mas sim algo que está ao alcance de todos. Pede que vivam segundo os critérios de caridade e de justiça, sem os quais não é possível encontrar o Senhor e nem viver em paz e feliz. “Quem tiver duas túnicas, dê uma a quem não tem; e quem tiver comida, faça o mesmo!” Aqui temos um critério de justiça animado pela caridade. A justiça pede que sejam superadas as desigualdades, se gere um equilíbrio entre o necessário e o supérfluo. Justiça e caridade caminham juntas. Mesmo nos lugares mais justos, sempre há espaço para a caridade.

                Na sequência, pessoas de profissões diversas perguntam: “Mestre, que devemos fazer?” A resposta é diversa para cada pessoa. Cada um de nós tem uma vida única e atividades profissionais próprias. Cada uma delas tem seu código de ética e espaços para cometer injustiças. Deus não pede a mudança de profissão, mas que seja vivida com honestidade e respeito ao próximo. A observância das regras de conduta gera alegria naqueles que agem corretamente como nas pessoas beneficiadas por esta conduta.

                O Prefácio do Advento II reza: “Agora e em todos os tempos, ele vem ao nosso encontro, presente em cada pessoa humana, para que o acolhamos na fé e o testemunhemos na caridade, enquanto esperamos a feliz realização do seu Reino”.

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