Como é de costume todos os anos o Santo Padre, o Papa Francisco, publica uma mensagem para que todos os fiéis possam viver bem o santo tempo da Quaresma. Essa mensagem será o norte que nos acompanhará ao longo de todo o tempo quaresmal. A Quaresma é um caminho, ou seja, devemos passar um tempo no deserto junto com Jesus e ao final da Quaresma sair do deserto e não ficar nele. Dessa forma, devemos sair do deserto e ser luz na vida dos outros e não escuridão. A humanidade precisa sair da escuridão do deserto e caminhar para a luz.
O Papa Francisco inicia a mensagem com um versículo do Êxodo que diz: “Eu sou o Senhor teu Deus que te fez sair da terra do Egito, da casa da servidão”. Esse trecho do livro do Êxodo retrata aquilo que foi dito no início, não podemos ficar parados no deserto, mas o Senhor nos chama a sair e anunciar aos outros a alegria de servi-lo e, ainda, que Ele nos liberta do pecado. Esse trecho retrata ainda o significado da Páscoa para o povo judeu, que é a passagem da escravidão para a liberdade. Esse significado também serve para nós hoje, pois somos convidados a nos libertarmos de nossos pecados e nos sentirmos livres para amar e servir a Deus e ao próximo.
O Papa Francisco alerta, ainda, em sua mensagem que a humanidade traz reflexos do êxodo até os dias de hoje. Sobretudo quando os ricos e poderosos desse mundo oprimem os pobres, e quando os pobres não conseguem enxergar a “terra prometida” e sair dessa opressão do deserto. Nos sentimos no deserto quando uma nação mais rica quer atacar a nação mais pobre, quando o ódio supera o amor, ou a guerra supera o diálogo. Com certeza a Ucrânia quer sair do “deserto” e chegar à terra prometida. Por esses tempos vemos também a guerra na entre Israel X Ramas, infelizmente vemos aqui o ódio superando o amor e o poder superando a humildade. Infelizmente nenhum lado quer ceder e assim a guerra continua.
Meus irmãos, rezemos para que essas duas grandes guerras cessem de uma vez por todas e os inocentes não paguem por aquilo que os líderes de seus países definiram. Infelizmente a humanidade está traçando um caminho muito ruim, e como disse o Papa a humanidade está presa ao deserto, a humanidade só será melhor quando conseguir sair do deserto e ser livre para amar e dialogar com o próximo.
O deserto é o lugar do “primeiro amor” afirma o Papa, ou seja, o deserto é o lugar do encontro com Deus. Quando realizamos um retiro espiritual, ao longo desse retiro temos o momento do deserto, ou seja, momento propício para o encontro com o Senhor. Do mesmo modo é o tempo da Quaresma, é um retiro de quarenta dias em que somos chamados a ir ao deserto para nos encontrarmos com o Senhor. Quando nos encontramos com o Senhor, Ele nos chama para sair do deserto e transmitir esse amor que Ele tem por nós a quem encontrarmos. Na experiência do deserto somos chamados a deixar de lado o “velho homem” e ao sair do deserto somos chamados a nos tornar “homens novos”. A Quaresma tem essa dinâmica, temos de começá-la de uma forma na Quarta-feira de Cinzas e chegar de outra forma no Domingo de Páscoa, passar do calvário à ressurreição.
O Sumo Pontífice ainda diz que a experiência do deserto deve nos fazer ver a realidade que está a nossa volta, ou seja, tantos irmãos e irmãs oprimidos, passando fome, sem trabalho, vivendo nas ruas das grandes cidades, nações em guerra. Nós como cristãos católicos temos que tomar uma atitude, olhar essa situação e procurar reverter isso. Primeiramente rezar pelo fim das guerras, conforme já dissemos, em segundo lugar ajudar os irmãos necessitados ofertando alimentos, roupas e etc. E em terceiro lugar promover junto às autoridades políticas públicas para tentar reverter essa situação dos moradores em situação de rua e desempregados.
De alguma forma a situação que envolve o nosso planeta atualmente deve mexer conosco, cada um de nós deve se preocupar com o rumo que estão tomando essas guerras, o desemprego, a fome, e a situação de tantos desabrigados. Além do aquecimento global e outras coisas que mexem com a vida de cada um de nós. Não podemos ficar indiferentes a isso, o que tiver ao nosso alcance deveremos fazer.
O Romano Pontífice afirma aquilo que já dissemos aqui, que a Quaresma é tempo de conversão e mudança de vida. Um tempo de liberdade, Deus não se cansou de nós e nem nos abandona. Esse tempo de retiro quaresmal é um período para nos voltarmos ao Senhor pedir o seu perdão, e Ele está sempre pronto a acolher o nosso pedido de perdão. Não podemos ser escravos do pecado, mas livres para amar e servir a Deus e ao próximo.
Temos que tomar cuidado com os ídolos, ou seja, muitas vezes “endeusamos” pessoas ou coisas, mas lembremos sempre que nada e nem ninguém deve ocupar o lugar de Deus. Ele deve ser o primeiro sempre na nossa vida. Até mesmo a mentira, o pecado, o dinheiro, enfim, podem se tornar nosso ídolo se não tomarmos cuidado. Ele é nosso único Deus e devemos adorá-lo e servi-lo.
O Papa Francisco afirma que a quaresma é agir, ou seja, agir por meio da oração, acolhendo a Palavra de Deus dentro de nós e dentro da nossa casa. Lembrando ainda os três exercícios espirituais da Quaresma que são: Oração, Jejum e a caridade, e segundo o Papa, os três estão interligados, não são separados. O Jejum e a caridade são frutos de um coração que orante.
Por fim, o amado Sumo Pontífice ainda afirma que a Quaresma é um caminho de decisões comunitárias, ou seja, devemos acolher o próximo, sobretudo os de nossa comunidade paroquial. Se temos desavença com alguém ao longo desse tempo quaresmal devemos procurar nos reconciliar com essa pessoa. Inclusive na comunidade paroquial não deve haver desavenças, pois todos devem estar unidos num único objetivo amar e servir a Deus e ao próximo.
Desejo a todos um frutuoso tempo quaresmal e que através dos exercícios quaresmais: penitência, oração e caridade, possamos nos aproximar mais de Deus e servir melhor aos nossos irmãos. Através desse tempo quaresmal possamos fazer o caminho do deserto, mas que ao chegar a Páscoa saiamos do deserto e sejamos luz na vida de quem precisar. Que passemos do calvário a ressurreição. Amém.