Mariangela Jaguraba – Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (10/06), na Sala Clementina, no Vaticano, alguns membros da Comunidade do Pontifício Seminário Regional Marchigiano Pio XI de Ancona.
São José, modelo para os formadores
Em seu discurso, o Pontífice enfatizou o tema da vocação, inspirada na pessoa de São José, ao qual foi dedicado um Ano especial, e ao chamado de Deus. Segundo o Papa, o sacerdote é um discípulo que caminha continuamente nas pegadas do Mestre. “Por isso, a sua formação é um processo em evolução, iniciado na família, que depois prossegue na paróquia, consolidando-se no seminário e que dura por toda a vida. A figura de São José é o modelo mais bonito ao qual os seus formadores são chamados a se inspirar a fim de proteger e cuidar de sua vocação”, frisou o Papa, convidando os formadores a serem para seus seminaristas o que José foi para Jesus.
Que eles aprendam mais com sua vida do que com suas palavras, como aconteceu na casa de Nazaré, onde Jesus se formou na escola da “coragem criativa” de José. Que aprendam a docilidade de sua obediência; a laboriosidade de sua dedicação; a generosidade para com os pobres a partir do testemunho de sua sobriedade e disponibilidade; a paternidade graças ao seu afeto vivo e casto.
Comunicar palavras de vida
A seguir, o Papa se dirigiu aos seminaristas, aos quais a Igreja pede para seguir o exemplo de Jesus que se deixa educar docilmente por José.
Que o Seminário para vocês também seja como a casa de Nazaré, onde o Filho de Deus aprendeu de seus pais a humanidade e a proximidade. Não se contentem em ser hábeis em utilizar as redes sociais e a mídia para se comunicar. Somente transformados pela Palavra de Deus vocês poderão comunicar palavras de vida. O mundo está sedento de sacerdotes capazes de comunicar a bondade do Senhor a quem experimentou o pecado e o fracasso, de sacerdotes especialistas em humanidade, de pastores dispostos a partilhar as alegrias e as fadigas de seus irmãos e irmãs, de homens que se deixam marcar pelo grito daqueles que sofrem.
Dimensões da formação
Por fim, o Papa sugeriu algumas ideias sobre as quatro dimensões da formação: humana, espiritual, intelectual e pastoral.
Formação humana. Francisco os exortou a não se distanciarem de sua humanidade, a não deixarem “fora da porta do Seminário a complexidade de seu mundo interior, seus sentimentos e afetividade”. “Não se fechem quando viverem um momento de crise ou fraqueza. Abram-se com toda sinceridade a seus formadores, lutando contra toda forma de falsidade interior. Cultivem relações limpas, alegres e libertadoras.”
Espiritual. “A oração não deve ser ritualismo, mas ocasião de encontro pessoal com Deus, de diálogo e intimidade com Ele. Tomem cuidado para que a liturgia e a oração comunitária não se tornem uma celebração de nós mesmos. Enriqueçam a oração de rostos, e se sintam desde agora intercessores pelo mundo”, frisou o Papa.
Intelectual. “Que o estudo os ajude a entrar com consciência e competência na complexidade da cultura e do pensamento contemporâneo, a não terem medo disso, a não serem hostis a ele. É aí que a sabedoria do Evangelho deve ser encarnada. O desafio da missão que os espera exige, hoje mais do que nunca, competência e preparação.”
Por fim, “a formação pastoral deve encorajá-los a ir com entusiasmo ao encontro das pessoas. Torna-se sacerdote para servir o Povo de Deus, para cuidar das feridas de todos, especialmente dos pobres. Disponibilidade aos outros: esta é a prova certa do seu sim a Deus, e nada de clericalismo. Ser discípulos de Jesus significa libertar-se de si mesmos e conformar-se aos seus sentimentos, Àquele que veio “não para ser servido, mas para servir”.