Giada Aquilino – Vatican News
Conheça as datas
O Tempo da Criação começa neste 1º de setembro, Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, e vai terminar em 4 de outubro, em memória a São Francisco de Assis. A iniciativa deste ano acontece durante o Ano Especial de aniversário da Encíclica Laudato si’, 5 anos após a sua publicação, lançada pelo Papa Francisco, que vai até 24 de maio de 2021, organizada pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.
Chamados a “remar juntos”
O tema da edição deste ano é “Jubileu da Terra: novos ritmos, nova esperança”, explica Cecilia Dall’Oglio, que também é membro do Comitê Diretor Ecumênico do Tempo da Criação. A memória deste ano, continua, é dirigido ao momento de oração em tempo de pandemia, celebrado em março pelo Papa, do adro da Basílica de São Pedro, quando Francisco salientou como em “uma tempestade inesperada e furiosa” percebemos estar “no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas, ao mesmo tempo, importantes e necessários, todos chamados a remar juntos”, todos necessitados de nos confortar.
Cecilia – “O tema foi escolhido pelo Comitê Diretor Ecumênico para o Tempo da Criação, antes mesmo do surgimento da pandemia. No entanto, é absolutamente relevante neste momento, quando fomos forçados a um descanso forçado e experimentamos o que significa ser vulneráveis. Portanto, o tema do Jubileu da Terra, neste Tempo da Criação 2020, é um grande apelo à responsabilidade para nós, para que possamos ter uma recuperação justa durante e após esta crise. Temos em nossos olhos a imagem muito forte do Papa Francisco, em 27 de março, na Praça de São Pedro, quando nos lembrou que estamos todos “no mesmo barco”. Acreditamos que o Tempo da Criação seja o momento certo para inverter o rumo desse barco. Toda a comunidade cristã, ecumênica, todos nós e todos os homens de boa vontade estamos neste barco remando, devemos tentar fazê-lo num ritmo que respeite aquele da Criação, que cuide dela, que o faça em uníssono para dar um novo começo. Durante o Tempo da Criação devemos realmente tentar seguir novos caminhos de ecologia integral: sabemos que a Laudato si’ é a nossa bússola para esse caminho. É importante durante este período tão favorável ter a criatividade para poder promover iniciativas de oração, de conversão comunitária e pessoal e de compromisso com o cuidado da Criação. O tema do Jubileu da Terra lembra o Levítico, como um tempo de restituição, de repouso da terra, de libertação dos escravos. É isso: nós também precisamos ser libertados do fatalismo, do pessimismo, de uma certa economia que – como diz o Papa Francisco – mata e está criando tantas desigualdades e conflitos no mundo, mas que também está destruindo a harmonia do homem e da mulher com a Criação.”
“Devemos acreditar, como nos diz a Laudato si’, que as coisas podem mudar, comunicando às nossas comunidades que é possível mudar de rumo, que todos nós podemos ter um novo começo juntos. O Tempo da Criação é, portanto, um tempo para percorrer esses novos caminhos da ecologia integral, passo a passo.”
Como o Movimento Católico Mundial para o Clima responde ao chamado para agir – pelo cuidado da Casa Comum – que vem da Laudato si’?
Cecilia – “Apoiamos o Comitê Ecumênico que dá vida ao Tempo da Criação, também através de um site em todos os idiomas, que é disponibilizado para quem quer mais informações sobre que tipo de atividades pode realizar: tem um guia para a celebração, com orações e textos para reflexão. É também um site que dá a possibilidade de se registrar e, sobretudo, também de registrar as próprias atividades que são promovidas. Esse é um aspecto muito importante, ou seja, aquele de tecer laços e se conectar: o site se transforma numa praça onde podemos testemunhar publicamente o compromisso da nossa comunidade e através do qual também nos sentimos menos sozinhos, porque podemos celebrar – o Tempo da Criação é também um tempo de celebração – o quão pode ser difundido esse compromisso no mundo. De fato, existe um mapa onde se podem ver todas as atividades realizadas pelos cristãos das diversas confissões nos 5 continentes. Como Movimento, também procuramos promover nos meses de preparação, em julho e agosto, cursos de formação que chamamos de ‘Animadores Laudato si’’, realizados nas diversas comunidades: são pessoas já comprometidas dentro das suas próprias realidades paroquiais, associativas e religiosas que sentem de maneira particular o chamado à ecologia integral e a viver a Laudato si’. E, assim, se colocam a serviço das próprias comunidades. Na Itália, acabamos de concluir o curso on-line com quase mil inscritos, representantes de uma variedade de carismas, ministérios, idades, proveniências. Conseguimos promovê-lo graças à parceria da Secretaria Nacional para os Problemas Sociais e o Trabalho da Conferência Episcopal Italiana, mas também graças à colaboração de todo o grupo da diocese de Roma, da diocese de Assis e de muitos grupos leigos.”
Cursos on-line para se tornar Animador Laudato si’
O programa “Animadores Laudato si'” oferece treinamento on-line no idioma do participante sobre os princípios da encíclica e sobre a necessidade de agir urgentemente contra a crise climática. Como é composta essa rede?
Cecilia – “Está em constante crescimento: se por ocasião do quinto aniversário da Laudato si’ éramos mais de 5 mil, agora já estamos nos aproximando aos 10 mil Animadores nos diferentes países do mundo, graças aos cursos que estamos realizando para o Tempo da Criação. Os cursos são realizados nos diferentes idiomas e seguem o modelo do ver, avaliar e agir. Cada curso é curto, normalmente são quatro encontros. Os Animadores são acompanhados na realização de um projeto operacional: explicamos os princípios da Laudato si’, a importância da conversão ecológica e enfatizamos como o aspecto espiritual e de fé deva ser sempre mantido junto à conversão, também do próprio estilo de vida pessoal e comunitário, até o compromisso político nas iniciativas de justiça social. No último curso que acabamos de realizar, os Animadores foram chamados a realizar atividades para este Tempo da Criação. O importante é que haja esse caminho, trabalhando por um projeto comum, que é aquele de animar a comunidade para o Tempo da Criação e, juntos, tentar unir as diversas realidades paroquiais e associativas, superando com criatividade o ‘sempre foi feito assim’. Então, cabe aos Animadores junto à comunidade compreender que passo tomar. Certamente é importante demonstrar proximidade com quem mais sofre, com os mais vulneráveis, com ações e gestos simbólicos. Por exemplo, no passado, levei 100 jovens de um Serviço Civil Voluntário para Acerra e plantamos uma oliveira em frente ao incinerador, em colaboração com a diocese local. Naquela oportunidade, pedimos que houvesse uma comissão para ter uma espécie de papel de diálogo nos conflitos, desenvolvendo tudo aquilo que era o planejamento já colocado em prática pelo bispo e pela diocese: a ideia era e é aquela de rezar em um lugar onde o grito dos pobres da terra nos chama de uma forma particular. Além disso, nesta época de fechamento e distanciamento social pela pandemia, estamos convidando muito a rezar ‘na’ Criação, com passeios, caminhadas, missas ‘na’ Criação.”