Celebramos o décimo-nono domingo do tempo comum. A liturgia nos fala da importância da nossa fé e, também, de um Deus que é grande demais, misterioso demais, inesperado e surpreendente demais para que possamos enquadrá-lo na nossa lógica e no nosso modo de pensar.
Na primeira leitura (1Rs19,911-13) o profeta Elias, perseguido e votado à morte, foge, desanimado, pelo deserto de Judá e deseja morrer, mas Deus ordena-lhe subir o Monte Horeb para estar a sós com Ele e receber uma nova missão. Elias, em crise, fugindo de Jezabel, caminha para o Horeb; ele quer encontrar suas origens, as fontes da fé de Israel. O Horeb é o mesmo monte Sinai, a Montanha de Deus. Elias tem razão: nos momentos de dúvida, de crise, de escuridão, é indispensável voltar às origens, às raízes de nossa fé; é indispensável recordar o momento e a ocasião do nosso primeiro encontro com o Senhor e nele reencontrar as forças, a inspiração e a coragem para continuar. Pois bem, Elias volta ao Horeb procurando Deus. Lembrem que no caminho ele chegou a desanimar e pedir a morte: “Agora basta, Senhor! Retira-me a vida, pois não sou melhor que meus pais!” (1Rs 19,4).
Na Segunda leitura (Rm 9,1-5) o Apóstolo Paulo ama o Povo de Israel e deseja até morrer em seu lugar para salvá-lo. Amor heróico, comprometido e solidário com o Povo de Israel. Sem amor não há salvação! São Paulo está consciente do grande valor de Israel: as alianças, as leis, o culto, as promessas, os patriarcas e, também, o Messias, nós os herdamos dos hebreus. Paulo diz que está disposto a tudo para que Israel aceite Jesus como enviado de Deus. A recusa de Israel a Jesus ocupa as preocupações do Apóstolo. Mas Paulo consola-se porque o convite de Jesus a Israel continua aberto. O Deus bondoso, eternamente fiel a Israel quando, ao longo da história, este se mostrou infiel à aliança, agirá com misericórdia para com seu povo.
O Evangelho (Mt 14,22-33)) nos mostra Jesus enviando os discípulos em missão na outra margem do lago e, cansado, retira-se da multidão… vai ao monte, para orar a sós. Enquanto isso os apóstolos navegam, de noite, preocupados, na barca agitada pelos ventos contrários. Jesus interrompe o descanso e vai ao encontro deles, caminhando sobre o mar. Eles o confundem: É um fantasma… “Jesus se identifica: “Coragem! Sou Eu, não tenham medo”. Pedro o desafia: “Se és Tu, manda-me caminhar sobre as águas”. Jesus aceita: “Vem!”(Cf. Mt 14,27-29).
Pedro nos representa, porque também nós duvidamos da presença do Cristo ressuscitado, e propõe: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”. E Jesus diz: “Vem!”. Pedro necessita de uma prova que lhe dê segurança, por isso se arrisca. Mas, como era de esperar, ele tem medo, pois a travessia da vida é difícil, ameaçada pelas ondas imensas. E o discípulo grita. Mas Jesus segura a mão dele e o leva de novo para o barco, para que ali se sinta seguro, com os demais companheiros.
Jesus disse a Pedro: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?”(Cf. Mt 14,31). Esse Pedro que duvida e grita é sinal da Igreja inteira. Todos nós somos Pedro, caminhando sobre as águas com medo de afundar. Mas sabemos que, embora pensemos que o barco, da humanidade e da Igreja, está abandonado e perdido no mar hostil de nossa época, Jesus tem estado conosco de um modo misterioso, e podemos percebê-lo dominando a noite e a tempestade.
O texto bíblico quer nos mostrar que a pouca fé do cristão torna-o medroso nos perigos, abatido nas dificuldades e, por isso, corre o risco de naufragar. Mas, ali onde a fé é viva, onde não se duvida do poder de Jesus e da sua presença contínua na Igreja, não há perigo de naufrágio, porque a mão do Senhor estende-se invisivelmente para salvar a barca da Igreja e cada cristão em particular.
Com a presença de Jesus a tempestade acalma e o barco chega à outra margem do mar! O Reino de Deus não se realiza sem sua presença, seja na Pastoral, ou seja, na vida pessoal! Somente Jesus é o dono do mar e pode acalmar toda e qualquer tempestade! Senhor do Reino é Jesus; nós somos apenas pobres servos mandados atravessar o mar! Não podemos ser fracos na fé! Devemos colocar nossa confiança no “senhor do mar” e embarcar no barquinho de Pedro!
Neste domingo em que celebramos o dia dos pais quero rezar por todos os pais que já estão junto de Deus, particularmente pelos pais que faleceram neste ano vítimas da COVID – 19. Que seus filhos sintam a presença carinhosa e amorosa de Deus e da Santa Igreja em suas vidas. Quero levar meu abraço especial a todos os pais, particularmente os pais dos sacerdotes, neste seu dia. Recebam minha prece e minha proximidade, com meus cumprimentos. Nesse dia também estamos iniciando a Semana Nacional da Família com o tema “Eu e minha casa serviremos o Senhor”, exorto que todos os nossos pais sedimentem as suas famílias como transmissora da Palavra de Deus, que é lâmpada para nossos pés e luz para os nossos caminhos. Que Deus abençoe a todas a família, pela materna intercessão de Nossa Senhora da Glória, Amém!