Teve lugar nos dias 9,10 e 11 deste mês de Julho, na Casa do Cinema, no Jardim público, Vila Borghese, em Roma, a primeira edição de “Romafrica Film Festival”. Uma iniciativa tendente a trazer à Roma multiétnica e multicultural, aspectos da cultura africana através do cinema. Na base estão diversos organismos, entre os quais a Associação Reseau, dirigida pelo burkina-be, Cleophas Adrien Dioma, e que desde há anos vem realizando o festival cultural itinerante, ”Outubro Africano”; contou com a colaboração do Ministério italiano dos Negócios Estrangeiros, algumas Embaixadas africanas e o FESPACO, o maior festival africano de cinema no continente, berço da Humanidade.
O ROMAFF, RomafricaFilmFestival, trouxe a Roma, filmes como “O Atleta” sobre a figura do atleta etíope, Abebe Bikila, primeiro africano a vencer a medalha de ouro, nas Olimpíadas, correndo descalço, nos anos 60; trouxe também o film Timbuktu, do maliano, Abderhamane Sissako, ou ainda o excelente documentário do realizador, D. Pedro, sobre as origens negro-africanas do tango, geralmente considerado de origem argentina.
Ainda na secção documentários, o film Digninity, Dignidade, em que a realizadora italiana, Monica Mazzitelli, dá a conhecer o projecto da Associação “O Viveiro”, que actua em Chitima, centro de Moçambique, e que tem o seu núcleo duro na Itália.
O polo principal das actividades de “O Viveiro” é o centro de acolhimento e educação formal e informal de meninas em situação difícil, 20 actualmente. No filme, em que são as protagonistas principais, contam a vida no centro, o que aprendem, o que isto representa para elas, as suas aspirações, etc. A associação conseguiu levar à projecção do film (em duas salas contemporaneamente) muitos italianos. Algo que deixou Emanuela Bonavolta, secretária de “O Viveiro” muito feliz.
Nascido da amizade entre Emanuela e a realizadora, o documentário abre-se mostrando os problemas de Chitima: malária, cólera, falta de água potável, doenças e parasitas causadas pelo uso generalizado das águas mortíferas do rio; inexistência de infra-estruturas, etc. Seguem os diversos projectos que “O Viveiro” desenvolve. Não dará isto uma imagem negativa de Moçambique a quem não conhece o país? – perguntamos. Emanuela Bonavolta considera que não, pois a força do filme está nessas meninas cheias de vontade e esperança de resgate.
Quanto à realizadora, Monica Mazzitelli, a quem dirigimos a mesma pergunta, responde que o filme diz respeito a Chitima e não a todo o Moçambique. Além disso, ela considera que falou da realidade que viu.
“Não creio que diga respeito a todo o Moçambique. Acho que diz respeito a Chitima. Falei da realidade que vi e é uma realidade muito difícil. Se vai a Songo que é a poucos km de distância, já é outra coisa. O problema é que Chitima ficou atrás do ponto vista de estruturas e infra-estruturas, e pelo que vi, é pena porque é uma cidade, onde há cada vez mais pessoas, há um desenvolvimento que deve acompanhado e, na minha opinião, não é preciso muito para dar um novo rosto a essa cidade. Basta um pouco de atenção e investimento. De resto é uma cidadezinha muito bela, agradável de todos os pontos de vista, as pessoas são meigas e é, portanto, um lugar onde se pode estar muito bem.
Fonte: Rádio Vaticano