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O desenvolvimento deve ser compatível com a salvaguarda da Criação. É a reflexão do Bispo de Campos (RJ), Dom Roberto Francisco Ferreria Paz para o “Dia Mundial da Ecologia e do Meio Ambiente”. Na reflexão, o bispo reitera a importância do equilíbrio entre o homem e natureza, juntamente com a necessidade de pôr fim aos danos causados por “uma industrialização poluente e uma civilização consumista” que está causando “o esgotamento dos recursos da Terra”.
Alicerces da Casa Comum
E não é tudo: este ano o Dia do Meio Ambiente oferece uma oportunidade extra de reflexão porque encontramos-nos no meio de “uma pandemia que ameaça a nossa sobrevivência no planeta”. “Queremos acreditar – escreve Dom Roberto – na versão segundo a qual o coronavírus é um produto de laboratório, mas a simples verdade é que é uma reação e uma conseqüência da destruição do nosso habitat natural. De fato, no momento em que “se perde de vista a Terra como um sistema orgânico vivo e se deixa levar pelo lucro”, salienta o prelado, “então os alicerces da casa comum são destruídos”.
Portanto, a atual pandemia da Covid-19 pode se tornar uma oportunidade dar “uma reviravolta no nosso estilo de vida, levando a uma verdadeira conversão ecológica para aprender a tratar olhar e cuidar da Terra com amor e reverência”. Nessa perspectiva, o prelado adverte contra “pensar que, vencendo o vírus, podemos voltar à normalidade”: esse é um pensamento “é um ledo engano”, explica ele, pois essa normalidade, na realidade, “é profundamente patogênica e doentia”.
Daí o chamado para “corrigir nosso modelo de consumo e nosso relacionamento com a vida e o planeta”. Só assim, a vitória sobre o coronavírus passa pela “sanação da Terra” e, portanto, à “cura da pessoa humana”, para assim “tornar-se aliados do Deus da Vida, mantendo em paz a Criação e gerando a civilização da responsabilidade, da ternura e do cuidado, para com todas as pessoas e criaturas. Deus seja louvado!”.
Leia o comunicado de Dom Roberto Francisco Ferreria Paz na íntegra:
“O dia 05 de junho celebra o Dia Mundial da Ecologia e do Meio Ambiente, pela Resolução nº 2994, de 14/01/99, da ONU, lembrando a Primeira Conferência Mundial obre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada em Estocolmo, no dia 05 de junho e 1972. Nessa Conferência, chamava-se a atenção ao tipo de desenvolvimento ideal, que deveria ser compatível com a salvaguarda da Criação, percebendo-se, já, os estragos de uma industrialização poluidora e de uma civilização consumista que levava a exaustão dos recursos da Terra, impedindo seu equilíbrio.
Hoje, há 48 anos desta data marcante e profética, nos encontramos envolvidos por uma pandemia que coloca em cerne nossa sobrevivência no planeta. Por mais que se queira vender a versão que o coronavírus é obra de laboratório, a verdade simples, e mais coerente com o surgimento dos outros vírus e doenças que afetaram a humanidade nas últimas décadas, é que são reações e consequências da destruição do habitat de criaturas e redes de vida que nos protegiam e se tornaram ameaças pelo descontrole e destrato.
Quando perdemos a perspectiva que a Terra é um maravilhoso sistema orgânico vivo e sustentável e nos deixamos levar pela arrogância e o lucro ignóbil, destruímos os alicerces de nossa Casa Comum. Esta pandemia, que nos devolveu a humildade e a noção de estar pisando em solo sagrado, está a exigir de todos nós uma reviravolta em nosso estilo de vida, uma verdadeira conversão ecológica, ao dizer do Papa Francisco, para aprender a tratar, olhar e cuidar da Terra com amor e reverência.
Pensar que derrotando o vírus de vez tudo volta à normalidade é ledo engano, na verdade a nossa normalidade era profundamente patogênica e doentia. Junto aos cuidados do distanciamento social, é importante corrigir nossa pegada ecológica, nosso padrão de consumo e nosso relacionamento com a própria vida e o planeta.
A vitória sobre o coronavírus passa pela sanação da Terra, e tornar-se aliados do Deus da Vida, mantendo em paz a Criação e gerando a civilização da responsabilidade, da ternura e do cuidado, para com todas as pessoas e criaturas. Deus seja louvado!“
(Fonte: site da CNBB)