Inicia-se, com Maria, o duelo entre a descendência da mulher e a da serpente, entre o bem e o mal. Depois da maldição daquela que carrega consigo tudo o que é ruim – a perversa e enganadora serpente –, Deus proclamou bem alto: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua posteridade e a dela”.
A luta e o duelo são um claro sinal, desde a origem da Santa Virgem Maria, de que Deus se preocupa com seu povo. Maria foi concebida sem nenhuma mancha ou pecado, na total integridade à vontade de Deus, em oposição completa às ciladas e solicitações do demônio, para que elevemos nossos pensamentos ao Filho de Deus, no seu triunfo e vitória, sendo ele da estirpe de Maria, com sua morte a nocautear os frutos do pecado.
Maria quer nos ensinar, quer abrir nossos olhos, no ousado sentido do veneno da serpente, desejando ir muito além da nossa condição humana, impondo limites ao projeto salvífico de Deus, visível na infidelidade humana, mas que Deus não desiste de acreditar em suas criaturas, por ele criadas, como na proposta de felicidade, encarnada na maior dádiva do céu: seu Filho, e de Maria.
Urge dizer um não ao fechamento e à cegueira espiritual, tendo como origem nossa falta de solidariedade e insensibilidade à dor humana, num mundo tão diverso, contrariando-se diante da vontade de Deus, na luminosidade do acreditar de Maria. Ela quer nos ensinar que a verdadeira felicidade consiste em esperar, deixando-nos conduzir por Deus, como na lição de sua Santa Mãe, na busca coerente e irrepreensível, aos olhos da fé na verdadeira vida.
A festa de Nossa Senhora da Conceição, bem dentro do espírito do Advento, enquanto nos preparamos para a vinda do Salvador da humanidade, ajusta nosso pensar e agir, a partir daquela que foi contemplada, no dom e graça de não carregar consigo pecado algum, porque devia ser a mãe de Deus e mãe da humanidade.
Não esqueçamos o Cardeal Aloísio Lorscheider, ao honrar a mais elevada de todas as criaturas: “Ela é a toda bela, toda pura, toda santa, a glória de Jerusalém, a alegria de Israel, a honra do seu povo, a nossa honra, garantindo o pleno êxito da redenção pela sua íntima participação na obra redentora do seu Filho”. Amém!