A foto de uma menina com um lenço verde pisando na cabeça de um bebê de brinquedo durante uma marcha a favor do aborto foi criticada nas redes sociais e pelos pró – vida argentinos, que condenaram a manipulação de uma menor para estas causas.
O incidente ocorreu em Buenos Aires (Argentina) durante a marcha pró-aborto chamada “pañuelazo” (em referência ao lenço – pañuelo, em espanhol – usado pelos participantes), em 19 de fevereiro, organizada pela Campanha Nacional pelo Direito ao Aborto Legal, Seguro e Gratuito, que também ocorreu em várias cidades do país sul-americano.
Durante o debate sobre a descriminalização do aborto realizado em 2018, os setores em favor desta prática adotaram o lenço verde como um símbolo, enquanto os pró-vida fizeram o mesmo com o lenço celeste.
Uma das manifestantes do “pañuelazo” postou a foto polêmica de sua filha com o lenço verde em sua conta no Instagram, que viralizou rapidamente nas redes sociais e provocou reações diferentes. Após a difusão em massa, a usuária excluiu essa e outras fotos de sua conta.
“Não há ato mais discriminatório do que o aborto, mas, ainda mais aberrante é ver essa reinvindicação tão tendenciosa que quer perverter as gerações futuras. Ver a imagem de uma menina pisando um bebê de brinquedo tem que nos alarmar”, advertiu Ana Belén Marmora, Diretora Executiva do grupo Frente Jovem na Argentina.
Em declarações concedidas ao Grupo ACI, a ativista pró-vida explicou que, “insatisfeitos com a rejeição total no Senado argentino (em agosto de 2018), os setores abortistas se encarregaram de difundir e insistir com uma reivindicação ideologizada que tentam nos impor como uma moda, como algo politicamente correto, como um ‘avanço de direitos'”.
Este tipo de ideologias, segundo Marmora, “torna-se tão extremo e fanatizado que acaba sendo reivindicações absurdas: dizem que querem defender a liberdade das mulheres, mas vemos como se apropriam de uma menor para fanatizá-la e doutriná-la”.
Recordou que o setor a favor do aborto assegurou um “debate sério, mas vemos que está sendo banalizado ao ponto de mostrarem o aborto como uma brincadeira (como o aplicativo ‘Hero Feto’), desumanizando as pessoas a tal ponto que comemoram uma menina que pisa em um bebê de brinquedo”.
Marmora, que é advogada e jornalista, disse que, do ponto de vista da comunicação, “há uma grande incoerência: dizem querer salvar as mulheres e proteger as meninas, mas as utilizam para promover a sua ideologia e mentem para elas, manipulando-as por causas políticas”.
Em relação aos direitos, insistiu que “não há maior egoísmo como sociedade do que promover leis como essas para decidir quem vive e quem não”.
“Com esse tipo de mensagem, vemos a crueldade do aborto: uma mãe ensinando a própria filha a descartar as pessoas”, argumentou.
Diante dessa situação, Marmora questionou: “Que sociedade nos espera se os pais ensinam seus filhos a pisar na cabeça de outros seres humanos? Que futuro nos espera se ensinamos nossos filhos que os mais vulneráveis podem ser descartados ou que a violência é um meio de justificar nossos desejos?”.
Alertou que, “assim como a mãe manipulou sua filha, hoje se busca manipular os jovens em todas as áreas. Temos que cuidar dos jovens, que são o futuro”.
“Já estamos nos levantando, sabemos que temos que assumir este grande desafio: ser a nova geração pró-vida que termine com o flagelo do aborto e unir-nos não apenas na Argentina, mas em toda a nossa região para que possamos com nossos atos conscientizar a sociedade e exigir aos nossos legisladores que a opção mais humana e o caminho para ser uma sociedade mais digna é que salvemos as duas vidas”, concluiu.