No dia 11 de fevereiro, dia da memória de Nossa Senhora de Lourdes, a Igreja no mundo celebra o XXVII Dia Mundial dos Enfermos. Aproveitando a data, o portal da CNBB conversou com Edson Rogatti, presidente da Confederação das Santas Casas da Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantróplicas (CMB), sobre a mensagem do papa para o Dia dos Enfermos, a atuação das santas casas no país e o Sistema Único de Saúde (SUS). Pós graduado em Administração Escolar, Rogatti coordena a confederação que atualmente integra 2.172 hospitais sem fins lucrativos em todo o país, dos quais 1.704 atendem o Sistema Único de Saúde (SUS) e empregam cerca de um milhão de profissionais. Em número de atendimentos, elas respondem atualmente por mais de 51% dos realizados pelo SUS e mais de 60% dos procedimentos de alta complexidade. “A atuação das santas casas e hospitais sem fins lucrativos é primordial para a subsistência da saúde pública no Brasil”, avaliou. Veja, abaixo, a íntegra da entrevista.
Em sua mensagem para o XXVII Dia Mundial do Doente o papa fala que “o cuidado dos doentes precisa de profissionalismo e ternura, de gestos gratuitos, imediatos e simples, como uma carícia, pelos quais fazemos sentir ao outro que nos é ‘querido’. A partir deste princípio, como o senhor avalia a situação da saúde e do cuidado com os doentes em nosso país?
Concordo plenamente com as palavras da Sua Santidade o Papa. Temos que ter em mente que uma pessoa, ao procurar atendimento médico, está sempre muito fragilizada psicologicamente, e busca, sobretudo, um alívio para a sua dor – que pode ser momentânea, ou contínua em alguns casos. Tratar o cidadão, usuário do sistema de saúde no país, com respeito e dedicação, é o mínimo que se pode fazer por ele. Daí a importância da capacitação e do treinamento continuado do profissional de saúde. Este, por sua vez, precisa avaliar constantemente se possui, além do conhecimento técnico, imprescindível ao exercício do seu ofício, a vocação para lidar com pessoas, tratar os pacientes com zelo, carinho e parcimônia. Afinal, seu trabalho existe devido a essa demanda, que é cada dia mais crescente. O usuário é a pessoa mais importante de todo o sistema de saúde.
Que serviço prestam hoje as Santas Casas de Misericórdia e hospitais filantrópicos? O senhor poderia nos dar um panorama?
A atuação das santas casas e hospitais sem fins lucrativos é primordial para a subsistência da saúde pública no Brasil. Pode-se afirmar que sem elas não haveria formas, hoje, de se atender a demanda existente no Sistema Único de Saúde (SUS). Em número de atendimentos, elas respondem atualmente por mais de 51% dos realizados pelo SUS e mais de 60% dos procedimentos de alta complexidade. Atualmente, temos 2.172 hospitais sem fins lucrativos em todo o país, dos quais 1.704 atendem o Sistema Único de Saúde (SUS) e empregam cerca de um milhão de profissionais. Além dos serviços hospitalares, as santas casas produziram em 2018 cerca de 300 milhões de atendimentos ambulatoriais (consultas especializadas, exames, procedimentos de hemodiálise, entre outros).
Na avaliação do senhor, quais os passos necessários para que o Sistema Único de Saúde avance na perspectiva da qualidade do atendimento aos cidadãos brasileiros?
É preciso mais gestão e eficiência na organização e execução da atenção básica e mais responsabilidade no uso dos recursos públicos destinados anualmente para essa área da assistência. Uma boa atenção básica vai resultar em menor fila nas emergências e nas portas dos hospitais, diminuindo o sofrimento das pessoas que necessitam de atendimento secundário e terciário.