“Homens dedicados à sua vocação”, cujo bem produzido a serviço da Igreja “está bem guardado” nas mãos de Deus. Esse foi o retrato que o Papa traçou, na manhã desta segunda-feira, dos bispos, arcebispos e cardeais falecidos nos últimos doze meses. De fato, o Pontífice presidiu, na Basílica de São Pedro, uma missa em sufrágio por eles afirmando que a esperança de um cristão tem razões bem mais profundas do que o limite imposto pela morte.
A esperança cristã é imbatível porque o pior dos males não pode romper o laço de amor entre Deus e o homem. A lição é de São Paulo e o Papa Francisco a recordou aos bispos e cardeais que com ele lembraram os coirmãos falecidos nos últimos doze meses (ou seja, desde novembro do ano passado).
“Nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem os poderes, nem a altura, nem a profundeza, nem qualquer outra criatura”: nada – afirma o Apóstolo (Rm, 8, 38-39) – “poderá nos separar do amor de Deus”. E nessa mesma inabalável convicção se encontra – observou o Santo Padre – “o motivo mais profundo, invencível, da confiança e da esperança cristãs”:
“Mesmo as potências demoníacas, hostis ao homem, se detêm impotentes diante da íntima união de amor entre Jesus e quem o acolhe com fé. Essa realidade do amor fiel que Deus tem para com cada um de nós ajuda-nos a enfrentar com serenidade e força o caminho de cada dia, que por vezes é rápido, por vezes, ao invés, é lento e árduo. Somente o pecado do homem pode romper esse laço; mas também neste caso Deus o buscará sempre, irá a seu encontro para restabelecer com ele uma união que perdura mesmo após a morte, aliás, uma união que no encontro final com o Pai alcança o seu ápice.”
É claro, reconheceu o Papa, uma dúvida pode insinuar-se quando uma pessoas querida, que conhecemos bem, morre: “o que será de sua vida, de seu trabalho, de seu serviço na Igreja?”. A resposta, acrescentou, nos é dada pelo Livro da Sabedoria, citado na primeira leitura: todos eles “estão nas mãos de Deus”, onde “a mão é sinal de colhimento e de proteção”, “de uma relação pessoal de respeito e de fidelidade”:
“Estes pastores zelosos, que dedicaram a sua vida a serviço de Deus e dos irmãos, estão nas mãos de Deus. Tudo deles está bem guardado e não será corroído pela morte. Seus dias pontilhados de alegrias e de sofrimentos, de esperanças e de fadigas, de fidelidade ao Evangelho e de paixão pela salvação espiritual e material do rebanho a eles confiado, estão nas mãos de Deus.”
Assim foram estes – continuou o Papa Francisco – os cardeais e bispos falecidos nestes meses, “homens dedicados à sua vocação e ao serviço à Igreja”, que “amaram como se ama uma esposa”. Para Deus o que interessa é essa caridade e essa dedicação, não os limites humanos contra os quais se deve lutar para testemunhar ambos:
“Também os pecados, os nossos pecados, estão nas mãos de Deus; naquelas mãos misericordiosas, mãos ‘com as chagas’ do amor. Não por acaso Jesus quiser conservar as chagas em suas mãos para fazer-nos sentir a sua misericórdia. E essa é a nossa força e a nossa esperança. Essa realidade, repleta de esperança, é a perspectiva da ressurreição final, da vida eterna, à qual são destinados ‘os justos’, aqueles que acolhem a Palavra de Deus e são dóceis a seu Espírito.”
O Papa dedicou uma última oração, espontânea, a quem ainda não atravessou a porta que abre ao encontro definitivo com Deus:
“Rezemos também por nós, que o Senhor nos prepare para este encontro. Não sabemos a data, porém teremos esse encontro!”
Local: Cidade do Vaticano
Fonte: Rádio Vaticano