La Civiltà Cattolica

Francisco Catão, teólogo com doutorado pela Universidade de Estrasburgo (França), foi professor no Instituto Pio XI e na Faculdade São Bento, autor de vários livros, tais como “O que é a Teologia da Libertação”, “Em busca do sentido da vida” e “Espiritualidade cristã”.

Papa “vindo do fim do mundo”, como ele mesmo o disse, ao ser eleito há quatro anos, Francisco imprime um dinamismo sem precedentes a seu pontificado, sobretudo pelo espírito que comunica aos órgãos mais tradicionais da Igreja. É o que se observa no seu discurso do dia 9 de fevereiro, por ocasião da comemoração do nº 4.000 da revista jesuíta La Civiltà Cattolica.
Fundada há 167 anos, quer ser expressão do pensamento católico em face das grandes questões de seu tempo. Neste sentido, para atualizá-la, o papa Francisco sublinha duas importantes inovações: a publicação da revista, não só em italiano, mas também em inglês, espanhol, francês e coreano, para que seja realmente católica, universal, e a prioridade a ser dada ao Espírito, que deve presidir sua redação.
A pluralidade linguística é fruto do reconhecimento efetivo da diversidade do mundo globalizado. Assim como os católicos deixaram de rezar somente em latim, a comunicação oficiosa do pensamento católico se deve fazer na pluralidade dos universos culturais.
A prioridade dada ao Espírito corresponde à visão renovada da Igreja estabelecida pelo Concílio Vaticano II. A vida católica deve tender a ser, antes de tudo, vida no Espírito que anima o povo cristão.
Na Igreja, o povo cristão é servido pelo ministério e pelo testemunho daqueles que, pelos dons hierárquicos e carismáticos recebidos de Deus, são chamados a sustentá-la em si mesma e no mundo.
Inseridos no mundo, todos os batizados, todo o povo cristão participa das alegrias e das angústias dos homens e mulheres de seu tempo. Nossa presença no mundo, pelo testemunho da vida de fé, de esperança e de amor, em primeiro lugar, com todos os recursos deque dispomos, antecipa o reinado de Deus que motivou a vinda do Filho de Deus e toda a vida de Jesus.
Sob esse ângulo, La Civiltà Cattolica, quer ser expressão da presença católica no mundo. Seus redatores, como autênticos comunicadores da Boa Nova da salvação, devem estar imbuídos do espírito missionário, que comporta, diz o papa, três características fundamentais: inquietação, incompletude e imaginação.
Inquietação enquanto somos chamados a participar das grandes interrogações que, homens de hoje, nos colocamos sobre nós mesmos, os destinos da humanidade e até mesmo do planeta.
Incompletude enquanto demonstramos saber que tudo está nas mãos de Deus e o que fazemos, por mais significativo que seja, é apenas uma pequena parte do todo, que somente o desígnio de Deus completa.
Imaginação, enfim, para discernir com criatividade os caminhos a seguir de fidelidade ao Espírito de Jesus. Orientados pela Palavra, mas sem ficar presos aos ditames do legalismo das interpretações casuístas da lei.
Que a inspiração do papa Francisco nos leve a renovar, no Espírito nossa vida, a vida de nossas comunidades e finalmente, nossa tarefa missionária de comunicadores do Evangelho!

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