Nossa missão na Amazônia

“A Amazônia oferece experiências magníficas, a exuberância e a imponência das matas e dos rios, mas com certeza, a maior riqueza é o seu povo”, testemunham missionários que integram o Projeto Missionário entre o Regionais Norte 1 (Amazonas e Roraima) e o Sul 1 (São Paulo). Os dois missionários partiram em setembro, para a Arquidiocese de Manaus e trabalham numa paróquia de periferia que tem uma área ribeirinha, a Paróquia Nossa Senhora Mãe dos Pobres no bairro de Puraquequara.
Por padre Matheus Lopes Ferreira e diácono Luiz de Lavor*

Ficamos contentes de poder compartilhar essa experiência de missão na Amazônia. Para nós está sendo uma experiência muito rica. Viemos para Amazônia no final de setembro e estamos na paróquia Nossa Senhora Mãe dos Pobres onde trabalhamos com os ribeirinhos.
A Paróquia fica situada no bairro Puraquequara, Zona leste da Cidade Manaus. Compreende toda a estrada que dá acesso ao bairro, ramais adjacentes, lago(rio) e margem esquerda do Rio Amazonas até a fronteira com a prelazia de Itacoatiara. O nome Puraquequara é de origem indígena e refere-se ao peixe elétrico, poraquê, também chamado de enguia-de-água-doce. Para se alimentar, o peixe dá pequenos choques elétricos nas árvores, e come os frutos que caem delas. Puraquequara significa literalmente, Morada do Poraquê.
A paróquia teve sua origem com a chegada das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria. Na pessoa de Irmã Grabielle Congels, na década de 1970. Irmã Gabrielle foi a grande responsável pela formação e origem do bairro. Com a construção do Centro Social estabeleceu a fixação dos primeiros moradores e assim construiu o primeiro núcleo habitacional. Os benefícios sociais adquiridos graças ao grande esforço da Irmã Gabriela (água, luz, estradas, asfalto) retiraram as famílias do isolamento. A grande maioria da população hoje da Vila Puraquequara é composta por pescadores e pessoas que trabalham em Manaus, na maioria das vezes, em atividades domésticas. Podemos até dizer que seja também um bairro dormitório. A economia é de subsistência com a presença de pequenas microempresas (hortas, fábricas de areias, etc). O comércio local é insuficiente para a demanda. Os ramais são compostos por propriedades particulares e empresas que fazem parte da etapa denominada Distrito Industrial II. A grande maioria são caseiros (famílias) advindas do interior. Isso influencia diretamente a ação pastoral pois o alto índice de mobilidade desfavorece a continuidade do processo formativo e das pastorais.
Dentro do Plano de Evangelização da Arquidiocese de Manaus, aqui queremos como Igreja missionária, dar testemunho de Jesus Cristo, através de nossa vida e da vida de nossas comunidades que, reunidas em torno da mesa da Palavra e da Eucaristia, servem às pessoas e à humanidade sendo luz, fermento, sal e semente numa sociedade cada vez mais plural.
Nem tudo é maravilhoso, o novo e o diferente sempre trazem insegurança e medo, jamais o desespero. A Amazônia oferece experiências magníficas, a exuberância e a imponência das matas e dos rios, mas com certeza, a maior riqueza é o seu povo. O povo das comunidades ribeirinhas e os da Vila vivem como o rio, que passa calmamente. É um jeito de viver diferente do nosso. A alegria nasce do coração das pessoas. Sentimos nas pessoas, a capacidade de partilhar, desfrutam do que têm, são livres e nesta liberdade são felizes. Podemos ver como o povo encontra Deus. A comunidade aqui tem muito a nos ensinar e nós permanecemos com o coração aberto para aprender e contribuir com eles. Aprendemos que é possível viver, muitas vezes, com quase nada e ser feliz. As nossas expectativas iniciais se concretizaram e esperamos que esta experiência, dê muitos frutos em nossa vocação. Muitas experiências são difíceis de verbalizar: as palavras nos faltam, mas a experiência a gente leva no coração. Não temos facilidade para nos expressar neste momento. A simplicidade, o serviço e a contemplação mexem conosco.

*Pertencem ao clero da Diocese de Lins (SP) e atuam em Manaus pelo Projeto Missionário entre o Regionais Norte 1 (Amazonas e Roraima) e o Sul 1 (São Paulo).

O artigo publicado pelo Regional Sul 1, reproduz o relato enviado à Dom Francisco Carlos, Bispo de Lins (SP).

 

Fonte: CNBB

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here