Campanha dá visibilidade à presença da diversidade humana, cultural e natural do Cerrado
A Campanha Nacional em Defesa do Cerrado, que tem como tema “Cerrado, Berço das Águas: Sem Cerrado, Sem Água, Sem Vida”, foi lançada durante coletiva de imprensa, na terça-feira, 27, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília. A atividade serviu para pautar e conscientizar a sociedade, em nível nacional e internacional, sobre a importância do Cerrado e os impactos dos grandes projetos do agronegócio, da mineração e da infraestrutura.
A Campanha conta com a participação de 36 organizações, movimentos sociais e entidades religiosas como a CNBB. De acordo com o assessor da Comissão de Justiça, Caridade e Paz da CNBB, frei Olavio Dotto, a temática relativa à campanha é debatida junto às Pastorais Sociais. Para ele, a Campanha fortalece a preocupação com o Cerrado e com os povos e comunidades que nele habitam, de modo especial os quilombolas e os indígenas.
É o caso do indígena Elson Guarani Kaiowá, um dos integrantes da mesa de abertura do evento. Liderança do tekoha, no Mato Grosso do Sul, Elson falou sobre a realidade enfrentada pelos Guarani e Kaiowá no seu Estado. De acordo com ele, os indígenas sofrem com ataques agrotóxicos em suas comunidades.
“O nosso cerrado, no Mato Grosso do Sul, está totalmente destruído, devido ao avanço dos invasores do agronegócio sobre as terras indígenas. Temos sofrido muitos ataques e, além de termos pouca mata que ainda resta, ela continua sendo destruída, e isso nos prejudica muito, porque muitas comunidades indígenas ficam impedidas de utilizar os remédios tradicionais”, afirmou Elson.
Outra visibilidade dada pela Campanha é a questão do Plano de Desenvolvimento Agropecuário do MATOPIBA, região considerada como grande fronteira agrícola nacional da atualidade, que compreende os Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia e responde por grande parte da produção brasileira de grãos.
“Por trás, este projeto apresenta várias problemáticas. Primeiro você está tirando o ambiente natural das comunidades que ali estão e que são muitas, digamos que é um processo de expulsão. E segundo lugar, você está mexendo com o meio ambiente, você está modificando a biodiversidade que está ali, então a Campanha também alerta para isso – para os riscos do agronegócio”, sublinhou frei Olavio Dotto.
Além de mostrar a realidade das comunidades e povos do Cerrado, a Campanha envolve a população na defesa do bioma e na luta por seus direitos. Participaram da mesa de lançamento, a antropóloga e professora da Universidade de Brasília (UnB), Mônica Nogueira; o indígena Elson Guarani Kaiowá, a liderança do Movimento Quilombola do Maranhão (Moquibom), Zilmar Pinto Mendes; o membro da Articulação Camponesa do Tocantins, Pedro Alves dos Santos e a representante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Isolete Wichinieski.
CNBB com informações do CIMI
Fonte: CNBB