O texto de Lucas 16,1-13 dá continuidade ao capítulo precedente. Em que consiste esta conexão entre os capítulos 15 e 16? É o que podemos chamar de “elemento destoante”. O filho mais jovem admite a seu pai que ele pecou e reconhece não ser mais digno de ser chamado “seu filho”. No entanto, sua motivação para voltar para a casa do pai é o desejo da própria preservação. Sua motivação não é estar de novo com o seu pai, mas ter o pão dos empregados de seu pai. No capítulo 16, o auditório é outro, agora se trata dos discípulos.
É outra história, a do “administrador injusto ou desonesto. É preciso cuidado para interpretar bem o que a parábola diz, do contrário, poderia induzir a erro, considerando que Jesus elogia a desonestidade do administrador. O que é louvada nesta parábola é a habilidade de uma pessoa de empregar meios para alcançar determinado fim; ele utiliza sua inteligência para encontrar o meio de assegurar sua felicidade.
O que preocupa Jesus são os meios para entrar no Reino de Deus – é exatamente isso que a parábola enfatiza. Não quaisquer meios, pois é preciso entrar pela “porta estreita”. A porta que dá acesso ao Reino de Deus é o próprio Jesus. Jesus tem urgência para que os discípulos deixem a passividade e empreendam tal “sabedoria”, a fim de alcançar o seu objetivo, isto é, entrar no Reino de Deus. Assim como o filho mais novo da parábola do pai misericordioso escolhe os meios para salvar a própria vida, da mesma forma, o administrador desonesto é louvado por ter-se aplicado em encontrar os meios pelos quais poderia ter a sua vida salva. Repetimos, não é um elogio à desonestidade, mas ao esforço de buscar os meios para ter a vida salva. Esta é a lição dada aos discípulos e ao leitor do evangelho: é preciso sair do comodismo; o Reino de Deus exige empenho, inteligência, discernimento.
Lembramos aqui a frase de Santo Inácio de Loyola: “Façamos tudo como se tudo dependesse de nós e esperemos tudo como se tudo dependesse de Deus.”