Fechar os olhos para a dimensão corpórea do ser humano é irracional e, por isso mesmo, anticristão
Divulgado nesta semana, um estudo da organização não-governamental britânica Oxfam, baseado em dados do banco Crédit Suisse relativos a outubro de 2015, aponta dois dados espantosos sobre o abismo entre os mais pobres e os mais ricos do planeta:
A riqueza acumulada pelo 1% mais rico da população mundial é igual à riqueza de todos os 99% restantes juntos.
As 62 pessoas mais ricas do mundo possuem a mesma riqueza de toda a metade mais pobre da população global: 3 bilhões e 500 milhões de pessoas.
A concentração de riqueza tem crescido em vez de diminuir. Em 2010, o equivalente à riqueza da metade mais pobre da população global estava na mão de 388 indivíduos. A proporção de riqueza do 1% mais rico também vem aumentando a cada ano desde 2009.
Segundo a Oxfam, quem acumula um patrimônio (entre bens e dinheiro) no valor de 68 mil dólares (cerca de R$ 275 mil) já está entre os 10% mais ricos da população do planeta. Em outras palavras, isto quer dizer que 90% da população mundial, mesmo juntando tudo o que possui em dinheiro e bens móveis e imóveis, não atinge esse montante patrimonial. A maioria da população, aliás, fica muito abaixo disso: segundo o Banco Mundial (outubro de 2015), os 10% mais pobres do mundo vivem com menos de 1,90 dólar por dia (R$ 7,65).
Diante de uma realidade absurda como esta, o papa Francisco tem insistido com veemência na necessidade urgente de superar a “cultura do descarte” e chegar até as “periferias da existência” para resgatar a “dignidade da pessoa integral” dentro de uma “ecologia humana” completa – o que inclui não apenas a alma, mas também a dimensão física, político-social e econômica, dado que a pessoa humana é uma unidade de alma espiritual e corpo.
Fechar os olhos para a dimensão corpórea do ser humano integral e para as exigências decorrentes dessa dimensão é irracional e, por isso mesmo, anticristão.
Fonte: Aleteia