5° Domingo da Quaresma “Vem para fora”

             Temos a graça de celebramos neste domingo, o quinto deste período forte de conversão e de um itinerário de busca pela santidade que é a Quaresma. Com este domingo fechamos as três grandes “catequeses batismais” do Evangelho de João que balizam a liturgia da Quaresma são a história da Samaritana (Jo 4), a do cego de nascença (Jo 9) e a de Lázaro (Jo 11). Desde os primeiros tempos do cristianismo preparam os catecúmenos para serem batizados na noite pascal. Trata-se da história de Lázaro (João 11), que anuncia a vida nova do cristão, co-ressuscitado com Cristo.

             Na primeira leitura – Ez 37,12-14 – o texto de Ezequiel recorda para o Povo de Israel que Deus vai tirá-lo da sepultura do exílio e da dominação de seus inimigos. Deus vai “ressuscitar” o povo escravo para uma vida de liberdade!

             Na segunda leitura – Rm 8,8-11 – “Se o Espírito que ressuscitou Jesus dentre os mortos mora em vós, então aquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos, vivificará também os vossos corpos mortais por meio do Espírito que mora em vós”.

             O Evangelho – Jo 11,1-45 – se compõe de três momentos. Num primeiro momento, Jesus se encontra do outro lado do Jordão, a uns 40 km de Jerusalém (Jo 10,40). Lá, ele recebe notícia de que seu amigo Lázaro está à morte (11,2 explica: Lázaro é o irmão de Marta e de Maria, aquela que enxugou com seus cabelos os pés de Jesus, como será narrado no cap.12). Jesus responde que a doença de Lázaro não vai terminar na morte, mas na manifestação da glória de Deus (11,4). E em vez de subir logo a Jerusalém, demora ainda dois dias no lugar.

             O segundo momento é a chegada de Jesus em Betânia, na crista do monte das Oliveiras, a 3km de Jerusalém. Jesus encontra Marta na entrada do povoado. Ela diz: “Se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido” (ela diz assim devida a tamanha dela e de sua família terem uma amizade com Jesus). Mas ela confia que Jesus pode ainda pedir algo a Deus para ele (11,21). Jesus responde que Lázaro vai ressuscitar, e Marta confirma isso, pois ela é uma judia piedosa que acredita na ressurreição no último dia. Jesus, então, replica: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que, em vida, crê em mim, não morrerá jamais! Crês nisto? Marta exclama: “Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que vem ao mundo” (11, 27).

             A história poderia terminar por aqui, mas, Jesus se revelou como a vida eterna para quem crê n’Ele, desde já. Quem crê em Jesus (e age em conformidade) vive uma vida que nunca mais lhe será tirada; será apenas confirmada na hora da morte corporal. “Já passou da morte para a vida” (João 5,24).

             Jesus dá sinais palpáveis de sua mensagem. Esse é o terceiro momento. Jesus encontra Maria perto da casa. Ela também diz: “Se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido” (11,32). Jesus então se comove por causa de Maria e dos parentes e amigos que estão aí fazendo pranto. E, indo ao túmulo, manda tirar a pedra que fecha a entrada. Marta, a realista, que inclusive já aprendeu a lição de Jesus, acha melhor não abrir o tumúlo, pois com a demora Jesus já é o quarto dia que Lázaro está morto; já deve estar em estado de decomposição. Mas, Jesus lembra o que falou aos discípulos: que a doença de Lázaro serviria para se manifestar a glória de Deus (11,40). Com uma oração de agradecimento a seu Pai, chama Lázaro do túmulo. Lázaro sai, ainda envolto na mortalha. Antecipa a ressurreição de Jesus, mas somente até certo ponto. Quando Jesus ressuscitar, a mortalha ficará sobrando (Jo 20,5.7).  Jesus ressuscita soberano, totalmente livre, Lázaro, ao contrário, precisa ainda ser solto das amarras da morte (11, 44).

             Este é o sétimo e o último milagre, ou ainda nas falas e na teologia de João “sinal”. No Evangelho de João, é a plenitude dos gestos proféticos de Jesus. Jesus revelou plenamente o sentido “vital” de sua mensagem e ação. Só falta agora completar esta revelação pelo dom de sua própria vida, no qual ele manifesta o rosto de Deus mesmo, pois Deus é amor. Este será o tema do resto do Evangelho de João (caps. 13-20).

             Ao celebramos este domingo, queremos renovar a nossa profissão de fé na ressurreição, pois, o protótipo da ressurreição é Cristo, por isso, se apresenta como “Eu sou a Ressurreição e a vida”. Em Lázaro, vemos tamanho poder que Nosso Senhor, que depois de dias no túmulo Jesus o ressuscita. Hoje antes de mais nada, renovamos as palavras do credo: “creio na ressurreição da carne e na vida eterna” Amém.

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