Cidade do Vaticano
“Estávamos dentro do ônibus, com o Papa Francisco e os outros patriarcas e líderes das Igrejas, e enquanto percorríamos a Beira-mar de Bari para ir à oração, as pessoas nos cumprimentavam e gritavam ‘unidade, unidade, unidade’. Por um momento eu vi naquele pequeno ônibus coberto, a imagem do barco da Igreja que navega em direção àquele objetivo desejado por todos, que é a unidade”.
Este foi um dos momentos que sintetizam o espírito do encontro do Papa Francisco e dos líderes e patriarcas das Igrejas cristãs do Oriente Médio, realizado em Bari, cidade de São Nicolau, em 7 de julho. Mas não é a única imagem que o Patriarca Caldeu de Bagdá, o cardeal Louis Raphael Sako, guardou daquele dia de profundo significado ecumênico. Há também aquela no adro da Basílica de São Nicolau – no final do encontro a portas fechadas – mais uma vez todos juntos, em torno do Papa Francisco, que leu a saudação, e após o voo das pombas como sinal de paz. A veneração das relíquias de São Nicolau, a oração à beira-mar e o encontro a portas fechadas: tudo em cinco horas.
É o que revela o cardeal Sako – tudo com extrema familiaridade. A mesma com o qual o Papa Francisco pediu ao patriarca Bartolomeu para conduzir a oração pela refeição oferecida pelo arcebispo de Bari, Mons. Francesco Cacucci “.
Entre medo e esperança
Reunidos em torno da mesa redonda, pintada de branco, colocada no centro da Basílica de São Nicolau, “apresentamos os medos, os sofrimentos e as expectativas dos nossos fiéis e dos nossos países”.
Guerras, fundamentalismos, instabilidade são as principais causas. “Há preocupação – diz o patriarca dos caldeus – mas também muita esperança. Vimos que há entendimento entre nós, os problemas são políticos.
A políticas suja cria as guerras por procuração, que minam a sobrevivência de nossos países. “Precisamos de uma voz profética para dizer basta, exigir o respeito pelos direitos humanos, a liberdade, o direito à cidadania. Por que derrubar regimes para criar outros piores?
Oriente Médio, terra fértil banhada pelo sangue dos mártires
Não obstante tudo – observou o cardeal – “o Oriente Médio continua sendo uma terra fértil, porque banhada, por dois mil anos, pelo sangue de milhares de mártires de todas as Igrejas”.
“Eu mesmo – revela ele – avancei a ideia de um documento comum oficial entre cristãos, judeus e muçulmanos em que se condenaria o incitamento ao ódio religioso, os ataques contra inocentes e contra aqueles que professam uma fé diferente. Uma fatwa muçulmana contra ataques a outros crentes pode ser útil. A situação agora parece melhorar no Iraque, onde é raro ouvir um Imã falar mal dos cristãos”.
Uma mensagem para o Ocidente
Na via da solidariedade e da paz, o caminho para a unidade se faz mais rápido. “A nossa gente agora, espera algo de nós, para tal é importante que este encontro não permaneça isolado!”
Talvez a unidade já exista, o que falta é a coragem de expressá-la. Precisamos fazer algumas renúncias, alguns sacrifícios”.
O encontro em Bari, diz o cardeal com voz firme, lançou “uma grande mensagem de unidade não só para o Oriente, mas também para o Ocidente, cujos cristãos são chamados a proclamar o Evangelho sem vergonha, sem reclinar-se na indiferença. O compromisso dos cristãos no Ocidente é renovar a fé, redescobrir suas raízes.
O sofrimento dos cristãos no Oriente Médio também é para o Ocidente. De Bari, uma cidade que mantém o Oriente e o Ocidente juntos, uma mensagem diferente não poderia sair.
Fonte: Rádio Vaticano