O mundo necessita de princípios que favoreçam o diálogo, diz dom Walmor

O crescimento de extremismos e polarizações é um fenômeno que impacta ambientes diversos, inclusive os contextos religioso e político. A situação é grave e indica urgente necessidade: que a sociedade brasileira recupere princípios perdidos. E existe uma nascente cristalina que deve ser revisitada: o Evangelho de Jesus Cristo. É nessa fonte inesgotável dos valores que promovem a vida que as pessoas devem se banhar, escreve o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte (MG), dom Walmor Oliveira de Azevedo.

Foto: Gilberto Alves

O bispo destaca no artigo ‘Voltar aos princípios’ que o mundo necessita de princípios que favoreçam o diálogo, com força terapêutica capaz de corrigir atitudes que ameaçam a vida cotidiana. E neste momento eleitoral, particularmente, a sociedade brasileira carece dos valores cristãos, pois está desafiada a reconstruir a democracia.

“A retomada de princípios do Evangelho é essencial para promover ajustes nos funcionamentos governamentais, pois faz com que a promoção do bem comum torne-se, efetivamente, o objetivo a ser buscado. Quem age à luz dos valores cristãos busca superar situações de exclusão e de discriminação, trabalha para construir uma sociedade solidária, com mais igualdade”.

Para dom Walmor, é preocupante perceber que a sociedade distancia-se de princípios essenciais e cultiva polarizações. A história da humanidade ensina que as diferentes formas de extremismo nunca foram solução, pois acentuam os conflitos entre os que têm convicções e visões de mundo diferentes.

“As consequências são graves, prejudiciais à vida em sociedade. Seja, pois, substituído o cultivo do extremismo pela abertura ao diálogo. Um caminho que se faz observando os princípios do Evangelho, obedecendo-os amorosamente. Assim é possível recompor a sociedade e combater as fontes de violência”, ressalta.

O arcebispo da capital dos mineiros chama a atenção, de modo particular, de que vale rever a indicação do Sermão da Montanha: “Bem-aventurados os que promovem a paz” (Mt 5,9).  Uma lição de Jesus que é ponto de partida determinante.

“Se cada indivíduo se empenhar na busca da paz, seria possível superar a rigidez excessiva, que motiva julgamentos, discriminações, exclusão, e a danosa permissividade – que leva à negociação de tudo, inclusive da vida. Se cada pessoa não assumir o compromisso de se tornar coração da paz, os acirramentos demolidores vão se multiplicar, impossibilitando o diálogo. As pessoas vão permanecer reclusas na própria mentalidade e visão de mundo, sem conseguir enxergar soluções para promover o bem comum”, afirma. 

Dom Walmor enaltece ainda que gravitar entre a rigidez excessiva e a permissividade é processo desgastante, sem eficácia na construção de novos rumos que levem à fraternidade e à solidariedade. Por isso mesmo é urgente voltar aos valores do Evangelho, com força para recompor o tecido sociopolítico do Brasil.

“Essa urgência é ainda mais evidente quando se considera o desgaste da política partidária, que sofre um processo histórico de degradação. Uma consequência dessa corrosão é a carência de líderes com competência humanística para conduzir processos de gestão que permitam construir um futuro melhor”.

Antes de finalizar o texto, o bispo traz a reflexão: outra situação grave que também é fruto do desgaste da política partidária é o contexto eleitoral tristemente marcado pela raiva, com impactos, inclusive, nos relacionamentos familiares.

“Esse cenário alimenta preconceitos e outras formas de violência. Não há dúvida sobre a necessidade de uma reforma política, mas, para isso, os brasileiros devem se mobilizar para a promoção da democracia. Assim se conquista o desenvolvimento integral e sustentável, promovendo inclusão e bem-estar, principalmente, dos mais pobres”.

Dom Walmor explica que o ponto de partida para o, bispos da Arquidiocese de Belo Horizonte, é indicar na mensagem dedicada ao contexto eleitoral apresentada nesta semana: sejam retomados os princípios do Evangelho, garantia para a abertura de novos e promissores ciclos para a população brasileira.

Ainda segundo o bispo, a Igreja Católica não recomenda candidatos, pois os cidadãos são livres para definir seus votos, mas orienta que sejam observados critérios capazes de promover a justiça, a fraternidade e a solidariedade.

“O convite é para que todos possam conhecer e partilhar a nossa mensagem, retomando os princípios do Evangelho. A Palavra de Deus ilumine a inteligência de cada cidadão, para que todos sejam capazes de identificar qual candidato reúne as melhores condições para construir um futuro melhor”, finaliza.

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