Nova evangelização: o encontro com Deus muda a vida

Inicia hoje (20) no Vaticano um Simpósio internacional sobre o tema: “Encontrar Deus: é possível? Caminhos da nova evangelização”. A iniciativa tem como objetivo refletir sobre os caminhos que possibilitam o encontro pessoal com o Senhor. Entrevista com dom Rino Fisichella

Cidade do Vaticano

Oferecer um espaço para reflexão e formação para favorecer, principalmente, o confronto não apenas sobre a atual crise da fé cristã no Ocidente, mas também a possibilidade de identificar caminhos viáveis para a evangelização. Este é o objetivo do encontro internacional, que inicia nesta sexta-feira (20) no Vaticano. dirigido aos responsáveis pelos centros acadêmicos, pelos movimentos e associações para a nova evangelização. A iniciativa, promovida pelo Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, pretende responder também às exigências do magistério dos últimos Pontífices sobre a necessidade de um novo impulso no anúncio da fé.

Estimular a busca de Deus

O encontro, que conta a participação de pesquisadores, teólogos, filósofos e psiquiatras, é articulado em três temáticas centrais. Dom Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização nos fala sobre o evento:

Dom Rino Fisichella: Este encontro é articulado em três situações existenciais. A primeira é a busca de Deus à qual devemos responder com o estímulo ao desejo da fé. Há também o grande tema da indiferença, mas a indiferença é típica de quem recebeu a fé, mas que deve reencontrar a alegria. Portanto queremos refletir sobre o tema da nostalgia de Deus que está presente no coração de todos os homens e mulheres. Por fim, o ponto que o Papa Francisco nos recorda desde o primeiro dia de seu pontificado: a cultura do encontro.

Falando de encontros, podemos colocar uma pergunta crucial ao senhor: É possível encontrar Deus?

Fisichella: É o que nos perguntamos neste nosso encontro. Não podemos esquecer que Deus é o grande desconhecido na cultura contemporânea. Não é tanto a negação de Deus. Acontece que não há um conhecimento coerente e portanto devemos sair em busca destas causas. Por isso o nosso encontro internacional move-se nesta perspectiva. Estimular a busca de Deus, a vontade de Deus e fazer com que os cristãos sejam capazes de poder comunicar a alegria por tê-lo encontrado.

Na sexta-feira (13), ao falar com os Agostinianos o Papa os incentivou para que procurem Deus, mas também que se deixem procurar por Deus…

Fisichella: Esta é a grande originalidade do cristianismo. O cristianismo se distingue das pesquisas filosóficas, e também de muitas outras religiões: no cristianismo não há somente o homem que busca Deus, mas há também Deus que vai em busca do homem. Deus veio ao encontro do homem. Então, trata-se de entender de que modo este homem se encontra com o coração aberto. De que modo podemos abandonar as formas de indiferença que são tão evidentes nos nossos comportamentos, para permitir que seja reconhecida a vinda do Senhor na nossa vida…

A sua introdução intitula-se “Deus é o verdadeiro problema do homem”. Por que este título?

Fisichella: Porque no homem há a busca do sentido da própria vida. Quando refletimos sobre a nossa existência pessoal, quando somos tocados de modo particular pela grandeza do amor que leva a exprimir a nossa existência como a mais completa de toda a criação e quando fazemos as grandes perguntas sobre a dor, sofrimento, é claro que nasce a interrogação do sentido da vida pessoal. Dentro destas grandes perguntas, que constituem a vida de cada pessoa, aqui Deus não é um estranho. Aqui Deus com o seu mistério de amor traz a luz.

Podemos dizer que o verdadeiro problema, o mais percebido pelo homem como silêncio de Deus, seja sobretudo o não escutar Deus?

Fisichella: Mas por que não há a escuta? Talvez porque não sejamos capazes de usar as palavras certas, talvez porque o nosso comportamento está afastado da nossa responsabilidade de sermos anunciadores do mistério de Deus e, portanto, ser voz, fazer ressoar a voz de Deus dentro da vida das pessoas e na própria cultura. O cristianismo entrou nas culturas para encontrar as pessoas.

E sobre este encontro desdobram-se também as novas fronteiras da evangelização, principalmente no contexto ocidental, cada vez mais desgastado pela secularização.

Fisichella: Aposta-se tudo, se quisermos, na nossa capacidade de ser testemunhas do invisível, testemunhas acreditáveis. Se quisermos ser discípulos do Senhor devemos também dar força àquela mudança do coração que Ele realizou em cada um de nós. E não é um caso que nos três dias do nosso encontro internacional haverá testemunhos de pessoas que a um certo ponto de suas vidas realmente encontraram Deus e mudaram sua vidas. Quando Deus vem ao nosso encontro, o coração muda e se converte. 

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