Cristo vive e salva

    A ideia de um Deus salvador, que ama, salva e está vivo entre nós é o centro da carta apostólica do Papa Francisco especialmente dirigida aos jovens, mais especificamente aos jovens cristãos. Isso porque o anúncio evangélico que permeia sua mensagem só seria plenamente compreensível em corações com um mínimo de consciência cristã. Mas o conteúdo explicitamente cristão não impede o milagre dum “primeiro anúncio”, pois sua ação e possível “transformação” é próprio do Espírito que nos governa. Então Francisco não restringe seu público, dirigindo-se “a todos os jovens, independentemente das circunstâncias em que se encontrem” (111).

    “Talvez a experiência de paternidade que tiveste não seja a melhor…. Mas o que posso dizer-te com certeza é que podes lançar-te, com segurança, nos braços do teu Pai divino… (113). Ao apresentar esse Pai acima de qualquer suspeita, Francisco quebra resistências e fala a linguagem dos dias atuais. Apresenta Deus “como um enamorado que chega a tatuar na palma da sua mão a pessoa amada, para poder ter o seu rosto sempre perto: ‘Eis que Eu gravei a tua imagem na palma das minhas mãos” Is 49,16 (114).

    Então exorta: “Jovens amados pelo Senhor, oh quanto valeis vós, se fostes redimidos pelo sangue precioso de Cristo! Queridos jovens, vós não tendes preço! Não sois mercadoria em leilão! Por favor, não vos deixeis comprar, não vos deixeis seduzir, não vos deixeis escravizar pelas colonizações ideológicas que incutem ideias estranhas na nossa cabeça, tornando-nos por fim escravos, dependentes, fracassados na vida” (122). Podemos ignorar tais ameaças nos dias de hoje? Ao contrário, a proposta cristã vai além das limitações terrenas, pois liberta e salva. “Alegra-te com o teu Amigo que triunfou. Mataram o Santo, o Justo, o Inocente, mas Ele venceu. O mal não tem a última palavra. Também na tua vida o mal não terá a última palavra, porque o teu Amigo, que te ama, quer triunfar em ti. O teu Salvador vive” (126).  Como vemos, o Papa não se cansa em anunciar Cristo e sua intervenção na vida de cada um dos “amigos” que o aceitam como tal.

    Basta um gesto de reciprocidade, um sim transformador. “Não fiqueis a observar a vida da sacada. Não confundais a felicidade com um sofá nem passeis toda a vossa vida diante dum visor. Não sejais carros estacionados, mas deixai brotar os sonhos e tomai decisões… Abri as portas da gaiola e saí a voar!” (143). E vaticina: “Assim como te preocupas por não perder a conexão com a internet, assegura-te de igual modo que esteja ativa a tua ligação com o Senhor” (158).

    Mas o jovem não sabe viver sem relacionamentos, sem seu grupo, seus parceiros de aventuras e descobertas. O Papa sabe disso. Por isso, conclama à vida em comunidade. “Por isso, é sempre melhor vivermos a fé juntos e expressar o nosso amor numa vida comunitária, partilhando com outros jovens o nosso afeto, o nosso tempo, a nossa fé e as nossas preocupações. A Igreja oferece muitos e variados espaços para viver a fé em comunidade, porque juntos, tudo é mais fácil” (164). Os jovens assim comprometidos são capazes de grandiosos milagres em suas vidas e na vida da comunidade. “Como no milagre de Jesus, os pães e os peixes dos jovens podem multiplicar-se” (173).  A dádiva pequena daquele jovem mudou uma situação adversa. Jovens atentos às necessidades ao seu redor, como aqueles que “saíram para as ruas para expressar o desejo de uma civilização mais justa e fraterna. Os jovens nas ruas; são jovens que querem ser protagonistas da mudança” (174).

    Jovens “enamorados por Cristo”, fatalmente, tornam-se “missionários corajosos”. Se hesitam nessa missão, o Papa ainda diz: “Não tenhais medo de ir e levar Cristo a todos os ambientes, até as periferias existenciais, incluindo quem parece mais distante, mais indiferente” (177). Porque quem crê, irradia uma descoberta contagiante, uma boa notícia.

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