Estamos celebrando o XII Domingo do Tempo Comum. Neste domingo celebramos também o dia mundial do migrante e do refugiado, e aqui no Brasil a semana do migrante. A Igreja, a convite do Papa Francisco, celebrará em setembro esse dia mundial com tema proposto pelo Papa.
As leituras deste domingo nos fazem refletir sobre o sentido do sofrimento humano e sobre a certeza de que, nas adversidades e tempestades da vida, o Senhor caminha conosco.
A primeira leitura – Jó 38,1.8-11 – pequeno trecho do livro de Jó, serve de suporte ao Evangelho deste domingo. Por meio de longo discurso sobre as maravilhas da criação, Deus mostra que Jó sofre de “arrogância atrevida”. Respondendo a Jó na tempestade, Deus se manifesta soberano sobre as forças que geram o mal, aí simbolizadas pelo mar. Apesar de impetuoso e assustador, sua força é quebrada pela areia das praias. Deus é maior e mais forte que todas as tragédias humanas! Todos os fenômenos da natureza estão em Suas mãos e, a nós, cabe respeito e cuidado.
O Salmo 106 é ação de graças. Com a tempestade em alto-mar, Deus manifesta suas maravilhas de dois modos: mandando a tempestade e depois a acalmando, transformando-a em brisa leve. Jesus assumiu as características de Deus reveladas neste Salmo. É o resgatador, e muda a sorte do povo.
A Segunda leitura – 2 Cor 5,14-17 – nos diz que a estreiteza de perspectivas e as divisões perdem o sentido diante do essencial, que é o Mistério do Cristo ressuscitado. A força da comunidade cristã é o amor de Cristo. É esse amor que nos impele. O amor é testado para nós em sua morte. Na morte e ressurreição de Cristo, todos morremos a fim de vivermos para Ele. Jesus entrega Sua vida para resgatar a humanidade da desobediência e da dívida, conduzindo-a novamente à vida em Deus. O mundo novo já foi inaugurado na Páscoa. Estar em Cristo é participar dessa nova realidade, superando rivalidades e divisões, pois a força que impele a comunidade à vida é o amor de Cristo levado às extremas consequências.
O Evangelho – Mc 4,35-41 – nos apresenta um teste pessoal e comunitário da fé e da coragem de quem segue Jesus na hora dos conflitos. É toda a comunidade que se encontra em alto-mar, batida pelo furacão. A Palavra e a ação de Jesus enfrentam os poderes adversos (mar, diabo, doença, mortes…) e manifestam o Reino de Deus. A sua prática provoca duas reações: a fé que faz compreender o mistério revelado e a rejeição de quem não aceita as consequências do seu seguimento. Jesus é alguém a quem precisamos aderir plenamente, como condição única para realizar a travessia, a mudança de uma margem à outra, a verdadeira conversão. Só quem adere plenamente poderá reconhecê-Lo como Filho de Deus, o Messias enviado. Assumir seu projeto muda nosso modo de agir, nos faz passar para outra margem. Passamos a considerar as pessoas e fatos à luz da vida nova que Cristo trouxe a fim de fazer novas todas as coisas. Como nossas comunidades estão se comportando diante das impetuosas tempestades do dia a dia? Como está a nossa fé?
A missão dos que se dedicam ao serviço do Reino de Deus não é fácil. A vida de discípulos não raro comporta momentos de solidão, oposições, incompreensões do mundo. Seguir Jesus não livra o discípulo do confronto com suas fragilidades e impotências diante de determinadas circunstâncias. Muitas vezes, nossa fé não é suficiente e precisamos ouvir a pergunta de Jesus – “Ainda não tendes fé?” –, porque não conseguimos identificar sua presença amorosa em meio às tempestades da existência. Ele não faz intervenções mágicas em nossa vida, mas está em comunhão conosco sempre, em qualquer lugar e situação.
A Liturgia desde Domingo apresenta-nos dois símbolos contrastantes: O mar temível e invencível e um barco, pequeno e frágil. Símbolos significativos para este tempo de crise. O mar temível são os obstáculos e as dificuldades e o barco é figura da Igreja. E Jesus dormindo no fundo do barco e os discípulos morrendo de medo.
Na travessia do Mar da Galileia, no meio da tempestade, é necessário despertar Jesus, que está dormindo! No mar de nossa vida diária, atravessando tempestade pavorosas, precisamos despertar Jesus, que dorme no fundo de nosso coração. Somente Ele tem poder de acalmar as tempestades de nossa vida diária!