O cinismo, o individualismo, a narcisismo, o hedonismo e a idolatria do consumo configuram o capitalismo do ridículo. Ser é aparecer para ser curtido, acompanhado, usado e depois descartado. Como dizia o pensamento grego: “vamos comer, beber, ao bacanal porque amanhã morreremos”. Esse capitalismo do ridículo conduz seres “mortos” pela geografia dos centros de compras que são verdadeiros cemitérios. A dívida sufoca e mata! O deboche, a farsa da apresentação de ser elegante, pomposo, está na moda, antenado, atualizado, no entanto, algemado pelos débitos, não passa de uma vida sem caráter, de mentiras, de total vazio, um verdadeiro escravo do mercado e um fantoche nas mãos da mídia e da galera louca, imbecil e escrava da “Elite Dominante”.
O prazer, a alegria, a amizade e a felicidade são trocas passageiras de uma sociedade enganada que não tem tempo para as coisas profundas, sólidas, autênticas, duradouras e eternas. O fútil, o artificial, o virtual e o descartável reinam imperiosamente de tal forma que elimina o que é canônico, ortodoxo, oficial e tradicional. A desconstrução da dignidade da pessoa humana pelo capitalismo do ridículo é tão devastadora que os poderes constituídos se rendem a cultura de morte. Esse capitalismo do ridículo em certos seguimentos religiosos está vivenciado via a teologia da libertação, fazendo do sagrado uma mercadoria de barganha.
Diz a sentença latina: “Camelus, cúpiens córnua, aures pérdidit” – O camelo, desejando chifres, perdeu as orelhas, ou seja, “quem tudo quer, tudo perde”. Nesse ridículo capitalismo, todo mundo quer o seu objeto do desejo, sua vantagem, ter o primeiro lugar em tudo, o egocentrismo conectado com a ostentação e a banalidade fazem querer tudo agora, não suporta esperar, nada sem esforço, sem meta, sem foco e sem vergonha, daí perde tudo, perde a vida!
É de suma importância conscientizar, esclarecer de maneira colossal que o sistema econômico cava a cova bem profunda na alma que transfere para o indivíduo “uma vida sem sentido”. A lógica é o prazer antes do fim. Antes do fim breve, haja vícios, desventuras, remédios, clínicas, prisões, perdas, violência e muitas vezes o suicídio. Umas das maiores fraquezas dos tempos atuais é o estado emocional fragilizado. Aqui o conflito agudo faz quebrar alguns valores familiares, religiosos e sociais.
Na era das redes sociais o capitalismo do ridículo estilhaça a vida de muita gente. O desdém, escárnio e o vexame é o show de horrores. O cadáver ambulante é a espetacularização da internet! Tudo está dominado pela máquina digital. Suas ferramentas envolvem todo mundo. O ser humano como instrumento é o objeto de consumo. Torna-se propriedade, sem vida privada e sem segredo e sem saída. Das roupas de marcas e suas etiquetas, a corpos chipados e controlados. Condicionado pelo consumo de novas máquinas, manipulado pela imagem, tendo o tempo roubado, tomado pela boçalidade, o reina o capitalismo do ridículo, corrompe e triunfa.
A ideologia do capitalismo do ridículo é usar o apagão do pensamento, ou seja, não sobrar espaço para a mente pensante, não deixar a inteligência funcionar e jamais ter como oposições intelectuais que denunciam essa ideologia mercantilista. A obra de tais intelectuais está associada ao profetismo de denunciar essa cultura de morte e anunciar o projeto do Reino de Deus. O Reino de Deus é justiça, paz, comunhão, igualdade, vida plena e eterna. Só o amor, a simplicidade, a humildade, a verdade, a fé e a sabedoria divina nos livram desse capitalismo e nos torna pessoa solidária.