“Desde o seio maternal sois meu amparo” (Sl 70/71)
A celebração da Vigília de São João Batista acontece na sexta-feira (23/6), a partir das 18h. São João é o único santo que celebramos o nascimento e a morte, devido a sua grande importância na história da salvação e, por ter sido purificado no seio de sua mãe, conforme a narração do evangelho. Celebramos a vigília e o dia de seu nascimento, conforme fazemos na celebração do Natal do Senhor.
A partir da festa de São João Batista, depois de seis meses, celebra-se o Natal do Senhor. João Batista é o precursor, aquele que veio preparar o caminho do Senhor. João pregava um batismo de conversão, em vista do perdão dos pecados. Ele batizava com água e, depois, Jesus batizaria com a água e com o Espírito Santo.
João Batista marca o final do Antigo Testamento e o início do Novo Testamento. É um dos personagens marcantes do novo testamento, além de Maria, José, Isabel e o próprio Jesus. João Batista é um santo bem conhecido popularmente e, ao longo do mês de junho, celebramos outros dois santos: Santo Antônio e São Pedro. Sobretudo aqui no Brasil, é costume ter as festas juninas e é muito festejada a “Noite de São João”, que acontece na noite da vigília ou do dia de São João.
Na noite de São João é abençoada a fogueira e todos ficam ao redor dela. Que a fogueira de São João abrase o nosso coração e nos inspire em ser cristãos autênticos, capazes de anunciar o Evangelho a toda criatura. E que o fogo do Espírito Santo que desceu sobre nós no dia do nosso batismo nos impulsione a ser profetas nos dias de hoje, do mesmo modo que João Batista foi nos tempos dele.
A primeira leitura da missa da vigília de São João Batista é do livro do profeta Jeremias (Jr 1, 4-10). O profeta diz que foi escolhido por Deus desde antes de nascer, desde o ventre materno Deus o conhecia e, antes de sair do ventre de sua mãe, Deus o consagrou como profeta. Essa leitura remete a João Batista, que desde a concepção no ventre de sua Mãe foi escolhido por Deus. Quando Maria foi visitar sua prima Isabel, João Batista pula de alegria no ventre de sua mãe, e ambos ficam “cheios do Espírito Santo”. Isabel era considerada estéril, e João Batista foi um milagre de Deus na vida de Isabel e Zacarias.
João Batista desde pequeno foi chamado e escolhido por Deus e abraçou a missão e, mesmo sendo novo, não hesitou em anunciar as maravilhas de Deus, pois Deus estava com ele. João denunciava as injustiças e anunciava, acima de tudo, a justiça de Deus.
O salmo responsorial é o 70 (71) que diz em seu refrão: “Desde o seio maternal sois meu amparo”. Esse refrão é de fato uma resposta a primeira leitura e quer dizer que Deus nos escolheu desde a nossa concepção, Ele quis que viéssemos à vida, por isso, ninguém pode tirar a própria vida ou a vida de outro, mas somente Deus sabe o dia e a hora que nascemos e que devemos morrer.
A segunda leitura é da primeira carta de São Pedro (1 Pedro 1,8-12). Pedro diz que deve ser motivo de alegria para toda a comunidade crer no Senhor sem precisar tê-lo visto. Igualmente, nos dias de hoje, não precisamos ver o Senhor para crer n’Ele e na ressurreição dos mortos. O Espírito Santo que recebemos no batismo e que alimenta em nós a fé suscita isso.
O Evangelho dessa vigília é de São Lucas (Lc 1, 5-17). São Lucas apresenta a cena da aparição do anjo a Zacarias, que cuidava com zelo do templo do Senhor, pois era sacerdote e era a vez do seu grupo cuidar do templo. Ele foi sorteado para entrar no santuário e fazer a oferta do incenso. Toda a assembleia ficou do lado de fora rezando enquanto ele fazia a oferta. Ao lado do altar aparece o anjo de pé e começa a conversar com Zacarias que se enche de temor. O anjo diz para Zacarias não temer e que o pedido de sua esposa Isabel havia sido atendido e ela conceberia um filho, no qual ele poria o nome de João. E, ainda, o anjo diz qual seria a missão de João aqui na terra.
Por isso, como nós vimos na primeira leitura e no salmo de hoje, observamos que o Senhor escolheu João desde a concepção e o ungiu como profeta. João Batista ficará cheio do Espírito Santo, o mesmo Espírito Santo que ele viu descer sobre Jesus, após a realização do batismo.
João Batista não é o Messias, como ele mesmo afirma e confessa, mas ele veio dar testemunho do Messias que viria e prepara toda a população de Israel para a chegada do Messias. Por isso, ele teve uma missão muito grande aqui na terra e foi escolhido por Deus desde o ventre materno. João Batista cumpria a missão do profeta que era denunciar as injustiças e anunciar a justiça, e foi morto justamente por denunciar as injustiças, que na verdade é o fim de todo profeta.
Celebremos com alegria a vigília e a festa de São João Batista, pedindo em nosso coração que assim como ele possamos abraçar com amor a missão de anunciar a justiça e a paz nesse mundo. Que assim como São João possamos conduzir muitas pessoas ao batismo do Espírito Santo e suas vidas possam ser transformadas. Que o Senhor nos dê a cada dia essa coragem, de sermos sal na terra e luz no mundo.
Para que em tudo seja Deus glorificado.