Vigésimo quinto domingo do tempo comum

    Há um ditado popular mineiro que diz que “é impossível amassar uma fortuna sem antes fazer farinha dos demais”. Certamente, é um exagero, mas, como todos os exageros, tem alguma coisa de verdade. A realidade é que a prosperidade experimentada atualmente nos países desenvolvidos se deve muito ao trabalho e à habilidade dos seus cidadãos, mas também, para sermos realistas, a tudo aquilo que, no passado e ainda hoje, se tirou dos países mais pobres. Sem irmos muito longe, não é difícil compreender que o sistema econômico em que vivemos não é propriamente justo, solidário, evangélico.
    No evangelho deste domingo, Jesus nos conta a historia do administrador injusto. Sabe que será despedido e procura empregar todos os recursos à sua disposição para fazer amigos que garantam o seu futuro. É “como se dissesse: ‘Hoje faço por ti, amanhã farás por mim”. Jesus não desejava falar de economia. Simplesmente apresentava o caso de um homem que estava em situação crítica e era capaz de fazer conjecturas eficazes para tirar proveito dela a fim de garantir o seu futuro. Mas o que nos vale é a comparação, e não é difícil aplicá-la ao mundo da economia, tão importante em nossa sociedade.
    Em primeiro lugar, quem não está a ponto de ser despedido? Certamente, hoje se vive em uma situação em que falta trabalho. Mas é que, além disso, nossa permanência nesse mundo é limitada, nossa vida tem uma data de validade, ainda que não esteja escrita em uma etiqueta, tal como nos produtos do supermercado. Não sabemos de quanto tempo dispomos. Em segundo lugar, não é injusto o dinheiro que temos? Podemos dizer que é nosso? Os recursos desse mundo são para todos e na fraternidade, tudo se compartilha. Dessa maneira, o melhor que podemos fazer é compartilhar aquilo de que nos apropriamos. E, em terceiro lugar, que é melhor compartilhá-lo fazendo amigos, criando fraternidade e estabelecendo laços de solidariedade. Desta forma, aquilo que, em nossa sociedade nos separa – o meu e o teu, meu dinheiro, minha casa – converte-se em instrumento de fraternidade. E, consequentemente, encontramo-nos com a chave que abre a porta para uma vida melhor, para uma vida plena, na qual, aqui mesmo, podemos saborear a vida do Reino: a fraternidade dos filhos de Deus.
    No final, aqueles que se dedicam, de maneira exclusiva, a cuidar daquilo que é seu, convertem o dinheiro, o que possuem, em um ídolo, em outro deus, ao qual ser em de forma apaixonada e devotada. Enganam-se, porém, porque Deus só há um. Os bens desse mundo não são mais que instrumentos a serviço do Reino.

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