O cardeal-patriarca de Lisboa espera que madre Teresa de Saldanha seja beatificada “rapidamente” destacando a sua “persistência, intrepidez, clarividência”, no contexto dos 100 anos da morte da fundadora da Congregação das Dominicanas de Santa Catarina de Sena.
“É pedagógico para a Igreja porque depois tem uma festa anual que é celebrada liturgicamente, a história é contada e estimula”, explicou D. Manuel Clemente, em Fátima, assinalando que Teresa de Saldanha faz parte de um trio de “outras raparigas” que começaram jovens este serviço “e duas já estão beatificadas”.
À Agência ECCLESIA, o cardeal-patriarca disse que “ninguém pode queixar-se de ser pouco, pequeno ou frágil” contextualizando que as três jovens no século XIX “contra quase tudo e todos” prosseguiram com as suas obras, referindo-se também às fundadoras da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição e à do Instituto Jesus-Maria-José.
No dia 15 de dezembro de 2015, o Papa aprovou a publicação do decreto que reconhece as ‘virtudes heroicas’ da irmã Teresa de Saldanha (1837-1916), que recebe assim o título de ‘venerável’, fase do processo que leva à proclamação de um fiel católico como beato.
Madre Teresa de Saldanha foi a primeira mulher a fundar uma congregação em Portugal, após a extinção das ordens religiosas no século XIX.
“O ambiente mesmo anticatólico numa cidade como Lisboa às vezes toca as raias do inacreditável, mesmo de perseguição. Não era fácil uma jovem católica ir à missa sem ouvir alguma reprovação, brincadeira de mau gosto”, desenvolve o cardeal-patriarca.
Para D. Manuel Clemente é “muito importante e oportuno” redescobrir o exemplo de vida cristã de Teresa de Saldanha porque a vida “em qualquer tempo e época tem as dificuldades próprias e alheias, pessoais ou sociais”.
Madre Teresa de Saldanha foi também uma “figura basilar da emancipação da mulher” em Portugal “pela educação”.
“As raparigas, sobretudo pobres, estavam fora de qualquer processo educativo. Ela lançou essa iniciativa não só em termos práticos mas em termos teóricos porque tem uma obra escrita, de reflexão, de cartas, muito importante”, acrescentou.
A religiosa portuguesa à data da sua morte tinha fundado 27 casas: 17 em Portugal; seis no Brasil; uma na Bélgica; duas nos EUA; e uma em Espanha.
Hoje, revela a superiora geral a Congregação das Dominicanas de Santa Catarina de Sena que celebra 150 anos está presente em quatro continentes – Albânia; Brasil e Paraguai Timor Leste, Angola e Moçambique.
“Ai vão surgir novas vidas, novas vocações e o carisma há de continuar, porque é muito evangélico e atual, procurar fazer o bem e há sempre quem precisa da nossa ajuda, proteção, apoio”, comenta madre Rita Maria Nicolau.
A 12.ª superiora geral da congregação considera que o “conhecimento, exemplo e tenacidade” da vida de Madre Teresa de Saldanha, que “lutou para restituir Deus aos portugueses”, há de “produzir frutos abundantes”.
João Saldanha, sobrinho-trineto de Madre Teresa, também esteve nas celebrações dos 100 anos da morte da fundadora da Congregação das Dominicanas de Santa Catarina de Sena e os 150 anos do início congregação, este sábado, em Fátima.
“Sempre foi fonte de inspiração pela coragem. Era espectável que seguisse outro caminho, normal para a educação e meio social, e teve a coragem pelo lado privado de romper e pelo lado público construiu uma obra que é deitada a baixo e volta a erguê-la já muito velhinha”, observou.
Fonte: Agência Ecclesia