Nós Vos adoramos e Vos bendizemos, Senhor Jesus!
Porque pela Vossa santa Cruz remistes o mundo!
É costume de a Igreja realizar ao longo do tempo quaresmal a Via-Sacra recordando o caminho de Jesus rumo ao calvário. Normalmente a Via-Sacra acontece em nossas paróquias as sextas-feiras, desde o início da Quaresma até culminar na Sexta-Feira Santa quando acontece a meditação das estações da Via-Sacra pelas ruas do bairro ou da cidade. Algumas paróquias também meditam a Via-Sacra as quartas-feiras, mas independente do dia da semana que faça, o importante é rezá-la com fé e piedade. Inclusive a Via-Sacra pode ser meditada sempre, mesmo fora do tempo quaresmal.
Conforme sabemos ao longo desse tempo quaresmal somos convidados a intensificar a nossa vida de oração, e a Via-Sacra é uma oportunidade de intensificar nossa oração. Junto com a oração existem as outras duas práticas espirituais desse tempo que são o jejum e a caridade. É possível realizar essas três práticas ao mesmo tempo, pois intensificaremos a oração, as sextas-feiras somos convidados pela Igreja a realizarmos o jejum e podemos exercer a caridade fazendo o bem para alguém e rezando uns pelos outros.
O tempo da Quaresma nos convida principalmente a penitência, a mudança de vida e a conversão. Uma das formas de penitência quaresmal é rezar mais, podemos fazer da sexta-feira um dia penitencial por excelência. Iniciando com a missa penitencial as 06h00 que algumas paróquias realizam, em seguida rezar o terço e a tarde meditar a Via-Sacra. Podemos aproveitar esse dia penitencial para preparar a nossa confissão, fazer o nosso exame de consciência, escrever os nossos pecados, pedir perdão a Deus por eles e se confessar, ou na própria sexta ou ao longo das semanas da Quaresma.
A Via-Sacra é constituída de quatorze estações, iniciando com a condenação e prisão de Jesus, culminando com sua morte e sepultamento. Na Via-Sacra é meditada o mistério central da nossa fé, que é a Paixão, morte e posterior ressurreição de Jesus. Algumas paróquias realizam a décima quinta estação que remete sobre a ressurreição de Jesus. As paróquias ao longo do tempo quaresmal utilizam o subsídio da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – que trata sobre a Campanha da Fraternidade do ano e nesse subsídio contém a Via-Sacra. A Via-Sacra relacionada com o tema da Campanha da Fraternidade do ano: o lema da Campanha da Fraternidade de 2025 é “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31). O tema da Campanha é “Fraternidade e Ecologia Integral”.
Aos poucos os primeiros cristãos foram seguindo as tradição iniciado em Jerusalém a Via Sacra foi se espalhando. Hoje, quem vai a Terra Santa passa pela Via Crucis, até chegar ao local do Santo Sepulcro. Por isso, a Via-Sacra pode ser rezada dentro da Igreja ao longo do tempo quaresmal e pelas ruas na sexta-feira recordando o caminho que Jesus fez rumo ao calvário. Na Terra Santa esse caminho pode ser percorrido todos os dias do ano e inclusive na Sexta-Feira Santa.
Durante a Via-Sacra é possível apresentar a Deus as nossas intenções, sejam elas particulares, por nossos familiares, pela Igreja e pelo mundo. Na Via-Sacra desse ano além de rezar por nossas intenções particulares, rezemos pela saúde do Papa Francisco, pela paz mundial, pelo fim das epidemias e pelas vocações sacerdotais e religiosas. Fazendo uma ligação com a Campanha da Fraternidade 2025 rezemos para que todos cuidem melhor do meio ambiente, que todos cuidem dessa casa comum e que os governantes olhem com carinho para essa situação, buscando criar medidas para combater essa crise ecológica que estamos atravessando.
Não esqueçamos de elevar a Deus também uma prece pela paz na Terra Santa, um local Sagrado escolhido por Deus e que nosso Senhor viveu tão marcado pelas guerras nos dias de hoje. Que o cessar fogo que assinaram possa ser mantido e dessa forma inocentes não morram. Ainda, elevemos uma prece a Deus pela paz entre a Ucrânia e Rússia, que ali também haja um cessar fogo e a paz seja mantida. Peçamos com fé ao Senhor pela paz.
A Igreja, Mãe e Mestra, permitiu que as paróquias fizessem pinturas e colocassem quadros retratando as cenas que se deram no caminho de Jesus rumo ao calvário. Normalmente junto às estações da Via-Sacra existem “cruzes” para piedosamente os fiéis participarem desse momento de oração.
O caminho da Via-Crucis também pode ser acompanhado de cânticos para ajudar a rezar nesse momento entre uma estação e outra. Como o Stabat mater, em língua portuguesa, o hino “A morrer crucificado” seja o mais conhecido para essa finalidade. Por isso entre uma estação e outra acrescenta-se versos desses cânticos. É recomendável também rezar um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um Glória ao Pai após cada estação.
A Igreja concede indulgência plenária para aquele fiel que participar piedosamente da Via-Sacra. A indulgência plenária é a remissão das penas temporais devidas pelos pecados perdoados, mas é claro que o fiel tem que estar em estado de graça, ou seja, com a confissão em dia, e rezar pelo Papa, pela Igreja, visitar os doentes e cemitério, e rezar o professar a fé. Essa indulgencia pode ser concedida ao longo de todo o ano, sempre que rezar a Via-Sacra, independentemente de estar no período quaresmal, pois podemos rezar a Via-Sacra o ano inteiro e não apenas no período quaresmal. A Via-Sacra nos enriquece espiritualmente, além de obtermos muitas graças através da oração.
Ao levar a Cruz Jesus carregava os pecados e sofrimentos de toda a humanidade. Os Textos da Via-Sacra têm um caráter meditativo e contemplativo, ou seja, não podemos rezar de maneira rápida ou somente ler as estações, mas parar em cada uma e pensar naquela cena de sofrimento de Jesus.
Não deixemos de rezar a Via-Sacra e cultivemos essa espiritualidade em nosso coração e em nossa família. Percorramos com Jesus esse caminho até ao Calvário, contemplemos com o olhar do coração cada estação, e entreguemos na Cruz os nossos pecados, e que ressuscitemos para uma vida nova na Páscoa. Segue abaixo a oração a Jesus crucificado para nos ajudar em nossa espiritualidade quaresmal e podemos rezar antes da Via-Sacra:
Eis-me aqui, ó meu bom e dulcíssimo Jesus! Humildemente prostrado de joelhos em vossa presença, peço e suplico-vos, com todo o fervor de minha alma, que vos digneis gravar em meu coração os mais vivos sentimentos de fé, esperança e caridade, de verdadeiro arrependimento de meus pecados, e um firme propósito de emendar-me, enquanto vou considerando, com vivo afeto e dor, as vossas cinco chagas, tendo presentes as palavras que já o profeta Davi punha em vossa boca, ó bom Jesus: “Transpassaram minhas mãos e os meus pés e contaram todos os meus ossos” (Sl 21, 17).