O Advento é o ponto de partida e o ponto de chegada de um círculo da espiral dos anos que vivemos caminhando ao encontro do Cristo, que um dia há de se manifestar na glória! É o ponto de partida e de chegada de cada Ano Litúrgico!
Advento significa expectativa, vinda, chegada. Revivendo a longa espera do povo de Israel pelo Messias, a Igreja se prepara para o encontro com Cristo no mistério do culto, recordando seu nascimento histórico. Este encontro de Cristo no mistério do Natal, por sua vez, constitui um degrau para o grande encontro com o Cristo na glória.
O Advento apresenta sempre a tríplice vinda de Cristo: Cristo veio, Cristo vem, Cristo virá! Esta realidade é celebrada e vivida no Advento. Cristo veio; mas adiante, se ele não vem agora para os cristãos, para todos os homens? Celebrando a vinda histórica de Cristo, realiza-se sua vinda atual no mistério do culto, realizando-se assim mais uma etapa na preparação da vinda última de Cristo.
Após o Concílio Ecumênico Vaticano II, o Advento foi concebido assim: que os dois primeiros domingos são como que o fecho de todo o Ano Litúrgico, evocando a última vinda do Senhor em sua glória, e os dois domingos que precedem o Natal preparam a celebração da vinda histórica de Cristo, de tal maneira que a vinda histórica, no Natal, se torne realmente a vinda atual no mistério de sua festa, nos Sacramentos e na vida de caridade dos cristãos. Esta vinda de Cristo no Natal, por sua vez, é um passo na caminhada para Deus, um degrau na escada que leve ao Senhor.
Três são as figuras que guiam e acompanham os cristãos nesta preparação para a vinda do Senhor: o povo de Deus do Antigo Testamento encarnado em Isaías, o Profeta Precursor, João Batista, que mostrou o Messias presente entre os homens e preparou o Seu caminho, e Maria, Nossa Senhora do Ó, Nossa Senhora da Expectação.
Esta espiritualidade do Advento vem maravilhosamente expressa nos dois prefácios do Advento. No primeiro, a Igreja contempla as duas vindas de Cristo: “revestido da nossa fragilidade, Ele veio a primeira vez para realizar Seu eterno plano de amor e abrir-nos o caminho da salvação. Revestido da sua glória, Ele virá uma segunda vez para conceder-nos em plenitude os bens outrora prometidos, e que hoje vigilantes esperamos. No segundo, a Igreja contempla a dupla espera de Cristo: “Foi Ele que os profetas predisseram, a Virgem esperou com amor de mãe, João anunciou estar próximo e mostrou presente entre os homens. É Ele que nos dá a alegria de nos prepararmos desde agora para o mistério do Seu Natal, a fim de encontrar-nos em oração e celebrando os Seus louvores.
O Advento, ao revelar-nos as verdadeiras, profundas e misteriosas dimensões da vinda de Deus, traz uma essencial conotação missionária. O tempo da Igreja é um momento da atuação deste único evento, e tem como característica o anúncio do Reino e o seu interiorizar-se no coração dos homens até a manifestação gloriosa de Cristo.
A edificação do corpo de Cristo realiza-se com a chegada de todos os membros deste corpo à única fé e ao único conhecimento do Filho de Deus. Alcançadas essas dimensões, realiza-se a construção da Igreja. (Cf. Ef 4,13). Isso acontece definitivamente, a fim de que, nela e por meio dela, a totalidade do universo cresça para o Cristo. (Cf. Ef 4,15). O Advento de Cristo na Igreja e por meio da Igreja atua-se mediante a missão. (Cf. Ef 4, 11-12). Esta missão está fundada no mistério da participação e continuação da missão do Filho, que foi enviado pelo Pai, e na missão do Espírito Santo, enviado pelo Pai e pelo (ou através do) Filho.
O Advento é também, por sua própria natureza, o tempo do aprofundamento do significado autêntico da missão. A Igreja, “Sacramento Universal de Salvação” (LG 28), não vive para si, mas para o mundo. Cada cristão, embora com motivações diferentes, participa dessa missão. O anseio missionário é componente essencial da vida cristã enquanto está inserida no mistério do Advento, considerado em toda a amplidão e profundidade do seu significado. Sob esta luz, a figura do Batista, que prepara o caminho do Senhor, e de Maria, que leva Cristo para santificar João em sua visita a Isabel, deixam entrever maneiras concretas do empenho missionário.
A expectativa vigilante é acompanhada sempre pelo convite à alegria. O Advento é tempo de expectativa alegre porque aquilo que se espera certamente acontecerá. A esperança da Igreja é a mesma esperança de Israel, mas já realizada em Cristo. O olhar da comunidade então se fixa com esperança mais segura no cumprimento final, a vinda gloriosa do Senhor: “Maranatha: vem, Senhor Jesus”. Assim, a Igreja nos convida a vivermos o mistério da vinda do Senhor num tempo forte durante o ano, para que toda a nossa vida seja preparação para a vinda de Cristo. Para que o Senhor, ao chegar, a cada hora, a cada dia, a cada ano, nos encontre preparados para acolhê-Lo.