Vamos acolher o Menino Deus!

    A liturgia do dia de Natal convida-nos a contemplar o amor de Deus, manifestado na Encarnação de Jesus. Ele é a “Palavra” que Se fez pessoa e veio habitar no meio de nós, a fim de nos oferecer a vida em plenitude e nos elevar à dignidade de “filhos de Deus”. Jesus é o Filho Amado, que o Pai gerou para nós. Na simplicidade do Presépio, contemplemos o amor de Deus, que se fez criança e que se manifesta em nossa humanidade. O Filho de Deus, nascido de Maria, é o Verbo Encarnado em nosso meio. Unimo-nos às alegrias das crianças, dos simples e dos pobres que celebram a chegada de Jesus entre nós!

    A primeira leitura (Is 52,7-10) anuncia a chegada do Deus libertador. Ele é o rei que traz a paz e a salvação, proporcionando ao seu Povo uma era de felicidade sem fim. O profeta convida, pois, a substituir a tristeza pela alegria, o desalento pela esperança. O profeta nos convida a vibrar de alegria quando vemos “pés que anunciam a paz”. Onde há paz, aí está o Reinado de Deus. Nada de armas, nem de guerras: a humanidade tem sede de paz e justiça. Estamos saturados de guerras, violência, mortes e sofrimento. O menino que nasceu em Belém trouxe paz e esperança ao povo sofrido e desiludido. Se Israel se alegra pelo retorno do exílio, nós nos alegramos porque Deus veio morar junto da humanidade.

    A segunda leitura (Hb 1,1-6) apresenta, em traços largos, o plano salvador de Deus. Insiste, sobretudo, que esse projeto alcança o seu ponto mais alto com o envio de Jesus, a “Palavra” de Deus que os homens devem escutar e acolher. Esta leitura nos introduz no Mistério da Palavra Eterna encarnada no Filho Jesus. Deus, que nos falou muitas vezes e de diversos modos pelos profetas, agora e para sempre nos fala por meio do Filho, a sua Palavra Eterna dirigida aos homens com palavras humanas. Jesus é a revelação plena do amor de Deus pelos homens, a Palavra-Jesus é o “eu te amo” divino e definitivo proclamado à humanidade! A grande comunicação de Deus com a humanidade se deu com a vinda de Jesus, o esplendor da glória divina. Deus se fez um de nós para podermos ter acesso a ele. Jesus é maior que os anjos, pois é a plenificação de todas as manifestações de Deus.

    O Evangelho (Jo 1,1-18) desenvolve o tema esboçado na segunda leitura e apresenta a “Palavra” viva de Deus, tornada pessoa em Jesus. Sugere que a missão do Filho/“Palavra” é completar a criação primeira, eliminando tudo aquilo que se opõe à vida e criando condições para que nasça o Homem Novo, o homem da vida em plenitude, o homem que vive uma relação filial com Deus. O Evangelho diz: a Palavra que estava com Deus desde sempre, era Deus e estava agora no mundo, fez-se carne e habitou (armou tenda) entre nós. Em Jesus, a Palavra não se transformou em carne deixando de ser Deus, mas assumiu realmente a nossa carne, nossa humanidade, frágil e limitada. O Deus-Homem, Jesus de Nazaré, habitou entre nós, no sentido bíblico de “armar tenda”, evocando a “Tenda do Encontro, a tenda da morada de Deus no deserto” (Ex 33,7-11), onde os homens poderiam estar diante da “divina presença” (Ex 40,34-35). Jesus é, então, a Tenda, a Habitação de Deus entre nós, homens e mulheres. Cristo é a presença divina e salvadora entre nós, oferecendo a todos que o receberem “a capacidade de se tornarem filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome”.

    A luz é o tema central da liturgia de Natal. A exemplo de João Batista, todos os que pregam a Palavra (Jesus) são convidados a deixar que ela “passe à frente”, sem tomar-lhe a primazia. Jesus é a luz que ilumina nossos caminhos rumo ao Pai celeste. Ele veio para resgatar o ser humano do poder das trevas e reconduzi-lo à luz, mediante uma nova vida. Nem todos, porém, se dispõem a aceitar esse dom. A aceitação de Jesus de Nazaré como encarnação da Palavra, oferece a cada um de nós a oportunidade de experimentar a certeza de sermos filhos e filhas de Deus.

    Celebrar o Natal é celebrar o grande amor de Deus pela humanidade. Deus se tornou gente como a gente ao se revelar plenamente em Jesus. O humano e o divino uniram-se para sempre. Naquela criança frágil na manjedoura de Belém, ali estava Deus. Ele se faz presente no rosto sofrido de cada criança abandonada e faminta e no íntimo de cada ser humano. Quem quiser conhecer a Deus basta conhecer a Jesus de Nazaré. Deus não se encontra no além e acima de todos, mas está entre nós, partilhando conosco alegrias e esperanças!

    Se na noite de Natal proclamamos que a Luz de Deus dissipou as trevas da noite do pecado, no dia de Natal, proclamamos a Encarnação e a Divindade de Jesus. Ao mesmo tempo, comprometemo-nos em acolher e ouvir a Palavra, encontrando-nos com o Divino, feito humano, para nos falar da forma que entendêssemos seu amor. Amor que nos impulsiona à paz e à justiça, à promoção do bem e da fraternidade universal. Por fim, rezemos com o Salmista: “Os confins do universo contemplaram a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor Deus, ó terra inteira, alegrai-vos e exultai!”.

    Um santo e abençoado Natal para todos os que acolhem o dom da encarnação do Senhor. Que o nosso Natal seja sempre festa da vida, da misericórdia, da partilha e da compaixão!

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