Uma espera vigilante e esperançosa de Cristo Jesus!

    Estamos caminhando para a clausura do ano litúrgico chamado Ano B. Aproximando-se do fim do ano litúrgico, a Liturgia toma para si o tema das realidades últimas. A liturgia do 33.º Domingo do Tempo Comum convida-nos a ler a história dos homens numa perspectiva de esperança. Garante-nos que o egoísmo, a violência, a injustiça, o pecado, não têm a “última palavra” na história do mundo e dos homens; a “última palavra” será sempre de Deus, que vai, a seu tempo, mudar a noite do mundo numa aurora de vida sem fim. É com essa certeza que devemos enfrentar a vida e o caminho que temos à nossa frente.

    A primeira leitura – Dn 12,1-3 – anuncia aos crentes perseguidos pelo rei selêucida Antíoco IV Epífanes, que Deus se prepara para intervir e para lhes oferecer a salvação. A ação de Deus porá fim ao sofrimento intolerável em que estão e abrir-lhes-á as portas de uma vida nova, de uma vida eterna. Esta esperança deve sustentar os justos na sua aflição e animá-los a permanecerem fiéis a Deus. A esperança na vida futura, além da morte, aponta para a ressurreição. Os sábios – os que dão um sentido nobre à vida – brilharão como o firmamento; os que ensinam o caminho da virtude – fundamentado na Palavra de Deus – brilharão como as estrelas. Os ímpios serão rejeitados: os jutos serão acolhidos e recompensados.

    No Evangelho – Mc 13,24-32 –, Jesus assegura-nos que, num futuro sem data marcada, o mundo velho do egoísmo e do pecado vai cair e que, em seu lugar, Deus vai fazer surgir um mundo novo, de vida e de felicidade sem fim. Aos seus discípulos, Jesus pede que vivam atentos aos sinais que anunciam essa nova realidade; e que, com paciência e confiança, se disponham a acolher e a concretizar os projetos, os apelos e os desafios de Deus. Cristo veio e vem continuamente, e espera de nós frutos de justiça e solidariedade. É um alerta para a comunidade estar sempre sintonizada com os acontecimentos, atenta aos sinais dos tempos. A vinda gloriosa de Jesus será acompanhada de sinais do cosmo e da natureza (Mc 13,24-27). Depois, na parábola da figueira, o Senhor diz aos seus Discípulos da necessidade de estarem sempre preparados, pois ninguém sabe nem o dia, nem a hora do retorno de Jesus (Mc 13,32). O caminho do seguidor de Jesus também se caracteriza por uma espera vigilante e esperançosa, discreta e atenta.

    Em tempos de busca desenfreada por honras e manifestações públicas de poder civil, militar e eclesiástico lembramos a advertência de Jesus no Evangelho de hoje: os frutos de vida aparecem quando o poder se exerce como serviço, sobretudo em favor dos mais pobres, quando ajuda a humanizar as relações. Não podemos colocar qualquer ideologia no atendimento às necessidades dos mais pobres. Somente quando servimos com generosidade que este mundo vai dar lugar ao mundo novo do Reinado definitivo de Cristo.

    A segunda leitura – Hb 13,24-32 – lembra que Jesus veio ao mundo para concretizar o projeto de Deus: libertar o homem do pecado e de inseri-lo numa dinâmica de vida eterna. Com a sua vida e com o seu testemunho, Cristo ensinou-nos a vencer o egoísmo e o pecado e a fazer da vida um dom de amor a Deus e aos irmãos. É esse o caminho do mundo novo, o caminho que conduz à vida definitiva. Os sacerdotes estão a serviço do culto e oferecem sacrifícios em reparação dos pecados. Por sua vez, Cristo, sacerdote, ofereceu-se a si mesmo como sacrifício único e perfeito.

              Hoje nos unimos a toda a Igreja que celebra o 8º. Dia Mundial dos Pobres, recordando que somos uma comunidade de fé que ama, não com palavras, mas com obras. Celebramos este dia recordando que Jesus Cristo se identificou com os pequeninos e miseráveis e nos afirmou que seremos julgados quanto às nossas obras de misericórdia. Façamos o melhor em favor de minorar a fome dos que mais precisam!

     

    + Anuar Battisti

    Arcebispo Emérito de Maringá, PR

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