Um ideal a ser vivido

    A determinação de Jesus foi esta: “Sede perfeitos como o Pai celeste é perfeito” (Mt 8,48).  Há etapas que levam a atingir este ideal. Em primeiro lugar uma vida de oração que é a “elevação da alma a Deus”.  Cumpre estar continuamente na presença do Senhor de tudo através da reta intenção de só querer o que é do Seu agrado. Há   os momentos reservados às preces, mas quem coloca Deus em primeiro lugar na sua existência e lhe entrega tudo que faz. transforma as mais pequeninas ações em orações. Deste modo resulta uma profunda serenidade, pois em todas as ocasiões prevalece o amor ao Criador. Fica afastado o interesse pessoal e fixada a renúncia ao que é mundano, pecaminoso, efêmero. O dever de cada hora é realizado com suma perfeição e dedicação. Surge, além disto, uma íntima disposição de ser útil aos outros mesmo se for preciso lhes dedicar tempo extra além das obrigações especificas. Até mesmo algum momento de oração é sacrificado se há necessidade de algum ato de ajuda a quem dela precisa. A caridade, nesse caso, é mais agradável a Deus. Entretanto, o cristão que busca a perfeição não anda a cata de obras grandiosas e não realizada nada para ser aplaudido pelos outros. Daí o esmero em tudo e o fiel nas tarefas mais penosas exclama: “Os homens não viram, mas Deus tudo registrou para a eternidade”! Eis por que nunca desanima. Nada recusa a Deus  e procura vencer os defeitos dominantes. Quando erra sabe que erra é humano e logo se arrepende e procura se corrigir. Evita cuidadosamente toda e qualquer falta, mas sejam elas leves ou grave, não se esquece que Deus e Pai e perdoa sempre.  Assim o cristão vai se tornando desprendido de tudo com uma fé sólida e uma esperança luminosa. Não se deixa tomar pela angústia, pela amargura e sabe que “não pode ser triste coração que ama a Cristo”. Tudo isto requer a vitória sobre o amor próprio que deseja consolações internas estéreis. Donde de despreza pelos prazeres terrenos até mesmo os que não são pecaminosos.  Deste modo nada exterior pode causar perturbação, ainda que sejam os contratemos naturais a este exílio terreno.   Por maiores que sejam as tentações do demônio o fiel fica tranquilo sabedor de que as sugestões do maligno logo desaparecerão. O aborrecimento que tais invectivas satânicas trazem é sinal certíssimo de que não houve nenhum consentimento nas fantasias diabólicas. Isto resulta do controle severo da imaginação e da busca de mortificações sensatas e oportunas. Além disto, há preces apropriadas diante dos ataques infernais. Se são os pensamentos ou desejos impuros nada melhor do que assim orar: “Ó Maria concebida sem pecado original, rogai a Deus por nós que recorremos a vós”. Ante o sentimentos de ódio, ira, rancor, de vaidade, de orgulho “Jesus manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso”. Perante a gula: “Menino Jesus por nós encarnado, livrai-nos da mancha de todo pecado”, mesmo porque a gula leva a uma série de outras faltas. Muitas vezes são os impulsos da avareza e o fiel repete: “Meu Deus eu vos amo sobre todas as coisas”. Aparece a inveja: “Senhor, eu vos agradeço por tudo que me destes e vos bendigo por tudo que aos outros concedestes”. Se é o demônio da preguiça o fiel repete com o salmista: “Com Deus faremos proezas e com São Paulo: “Eu tudo posso naquele que é a minha fortaleza” e logo abandona a indolência. Os grandes teólogos, da fato,  ensinam que quando alguém se vê  atormentado por alguma tentação, deve recitar com fé alguma destas preces e logo colocará em fuga o inimigo que deseja sua perdição. Este cristão compreende então o que São Paulo falou aos Coríntios: “O homem terreno não aceita o que vem do Espírito de Deus, pois é uma loucura para ele”. (! Cor 2,15). É aquele que acaba caindo nas garras de satanás. Quem conhece o pensamento de Deus sai sempre vitorioso e atinge a perfeição preceituada por Cristo. Assim se expressou o Apóstolo: “Vós estais em Cristo Jesus, que se tornou para nós sabedoria que vem de Deus, justiça, santificação e redenção, a fim de que, como diz a Escritura, aquele que se gloria, glorie-se no Senhor. (1 Cor 1,31). Deste modo se torna exequivel o ideal proposto por Cristo.

    * Professor no Seminário de Mariana durante 40 anos.