Um homem que não para de nascer

    “Charles de Foucauld é um homem que não para de nascer”

    Existem pessoas que são fantásticas pelo modo que vivem e realizam suas obras. Suas jornadas são espetaculares e tomadas de coisas incríveis! São de uma persistência  heroica, de uma coragem colossal e lutam até alcançar o objetivo. Quando conhecemos tais pessoas, vamos gostar, amar e imitar seus exemplos. Descobrindo a importância da sua pessoa e de seu legado, nós nos tornamos também importantes devido à participação e o envolvimento no conjunto de sua obra. Tenhamos humildade de não entender e não tentar explicar o que é inexplicável tais acontecimentos na vida de certas pessoas pelo tamanho do sacrifício, sofrimento, humilhação e também pela grandiosidade do seu testamento que dentro desse contexto tem questionamentos e mistérios. Daí: o mito, a imortalidade, sempre presente e bem vivo porque não para nunca de nascer e renascer com mais vida e renovação!

    Quantos não desfrutam de patrimônio, império, instituições e artes, cujo fundador, desbravador e empreendedor sacrificou, sofreu, padeceu ingratidões, calúnias, perseguições, traições e até perdeu a própria vida para ser fiel aos seus ideais e construir obras gloriosas.

    BRUNO FORTE SOBRE  CHARLES DE FOUCAULD
    “O impacto de Charles Foucauld sobre a espiritualidade do século XX foi vasto e profundo, como demonstram as muitas famílias religiosas que se inspiram nele: não é à toa que um teólogo da estatura de Yves Congar pôde afirmar que, sob o perfil da experiência espiritual, todo o século XX foi iluminado por dois faróis, cujas vidas se concluíram na sua abertura: “Teresa do Menino Jesus, a santa da “pequena via” da caridade, capaz de transformar a mediocridade da existência em um extraordinário caminho de amor, e Charles de Foucauld, o jovem de boa família que, depois de uma temporada dissipada e dissoluta, influenciada pelo encontro com o Islã, conhecido no Marrocos por meio da fé humilde e adoradora de muitas pessoas simples, se apaixonou por Jesus e pelo Evangelho, e decidiu imitar seus passos com o compromisso total da vida”. (A reflexão é do teólogo italiano Bruno Forte, arcebispo de Chieti-Vasto, na Itália. O artigo na íntegra foi publicado no jornal Il Sole 24 Ore, 05-06-2011).
    O DESERTO E O LEGADO
    O deserto é o lugar de refúgio, de tentação, de profunda experiência com Deus, da glória do martírio, de um legado ou da perda da vida e de todo trabalho que pode fica no esquecimento e sem testamento. Com ele tiveram encontro: os hebreus, essênios, os Padres do Deserto, os monges, eremitas, muçulmanos, frades mendicantes, valdenses, menonitas e ortodoxos perseguidos pelo comunismo, no entanto, ninguém marcou tanto o deserto na era moderna como o eremita do Saara Charles de Foucauld, com seu carisma, missão e sua espiritualidade que tem inspirado discípulos no mundo inteiro. A Família Espiritual de Charles de Foucauld é composta de várias congregações religiosas, fraternidades sacerdotais, fraternidades de leigos, comunidades e grupos de reflexão.
    CONCLUSÃO
    O patrimônio espiritual foucauldiano como: sua vida de visconde e militar, explorador em Marrocos, vida trapista, vida oculta em Nazaré, escritos e projetos de fundações de congregações religiosas, nada marcaram tanto em sua vida, como ser apóstolo e eremita no deserto do Saara.
    A grandiosidade de sua vida está em aceitar mudanças de acordo com momentos ordinários da vida cotidiana. É viver o dia a dia.  De  forma heroica ele afirmou: “Para a extensão do Santo Evangelho, estou pronto a ir até o fim do mundo e a viver até o juízo final” (2). É abissal esse seu pensamento e por demais imensuráveis: “Nós pertencemos plenamente apenas o momento presente”.
    Pe. Inácio José do Vale
    Irmãozinho da Visitação
    Fraternidade Sacerdotal Jesus Cáritas.

    PARA REFLEXÃO

    “Os legados de engenho e sabedoria deixados ao gênero humano são os mais seguros monumentos para perpetuar a nossa memória e renome nos séculos futuros”.
    Marquês de Maricá (177-1848)
    Escritor, filósofo e político brasileiro. Foi ministro da Fazenda, conselheiro de estado e senador do Império do Brasil, de 1826 a 1848.
    Notas:
    (1)     Chatelard, Antoine. Charles de Foucauld, o caminho rumo a Tamanrasset. São Paulo: Paulinas, 2009, p. 56.
    (2)    Scandiuzzi, Pedro Paulo. A mensagem de Charles de Foucauld para a vida do leigo. São Paulo: Edições Loyola, 2015, p.73.