Um banho de história e cultura

    Jesus é o Filho amado do Pai a conduzir os passos da humanidade. Confesso que me esforço para ser seu seguidor, tendo-o como Senhor de minha vida e de minha história, embora nem sempre corresponda. Sempre e cada vez mais me convenço que a palavra de Deus é uma arma poderosíssima e gosto muito do Salmo 65, quando diz: “Que toda a terra se prostre diante de vós, ó Deus, e cante louvores ao vosso nome, Deus altíssimo!”.
    É a palavra de Deus que nos convida a realizar seu projeto de amor nas circunstâncias mais diversificadas. Confesso também do meu limite, de não gostar de tirar férias, de não procurar visitar lugares novos, conhecer pessoas e realidades diferentes, de fazer coisas fora de minha rotina e do meu dia a dia. Também não gosto de viajar. Por outro lado, noto claramente como as pessoas ficam para cima e transfiguradas quando viajam, seja de automóveis ou de avião, quando vão de férias e se deparam com realidades novas. Como é maravilhoso! Certa ocasião, há quatro anos, vindo de Cascavel-PR, encontrei em Cumbica, aeroporto de Guarulhos-SP, Dr. Evilberto Freitas e Dra. Emair Borges, médicos e amigos, voltando de Paris, os quais, com enorme alegria e satisfação, falaram-me da belíssima viagem, usando a expressão: “um verdadeiro banho civilização!”.
    Mesmo sem gostar de avião e não ser de meu feitio viajar de férias, dos dias 21 a 24 do mês de janeiro deste ano de 2014, estive na cidade de Ilhéus, no sul da Bahia. Confesso que foi para mim um verdadeiro banho de cultura, porque não dizer também de civilidade, olhando pelo lado histórico, cultural e religioso. E eu na qualidade de padre da Igreja Católica, escritor, colunista e blogueiro, tenho muito que aprender de uma cidade da altura de Ilhéus, nas suas profundas marcas históricas e raízes culturais, cantada e versos e prosas, no cenário nacional.
    Ao chegar a Ilhéus, tive a preocupação de dar um profundo mergulho no contexto histórico na terra de Jorge Amado, alhures, parafraseando o poeta e escritor cearense Gonzaga Mota, “além de gostar, sou um curioso”. Daí o cuidado de visitar com um olhar de curioso os pontos principais da cidade cacaueira, a saber: Vesúvio, Academia de Letras de Ilhéus, Casa Jorge Amado, Bataclan, Cartório Sá Barreto, Catedral São Sebastião, a Igreja de São Jorge dos Ilhéus e a Igreja do colégio da Piedade – construção – belíssima (idos de 1920), das irmãs Ursulinas, em estilo gótico, a cidade histórica de Olivença. Link: http://fgsaraiva.blogspot.com.br/2014/02/pe-geovane-saraiva-em-iheus.html
    Na Academia de Letras de Ilhéus comprei um ótimo livro, “Minha Ilhéus”, de José Nazal Pacheco Soub, não somente pela sua dissertação, profundamente pedagógica, para aqueles que desejam melhor conhecer a história da Capitania de São Jorge dos Ilhéus, doada a Jorge de Figueiredo Correia, assinada em Évora, aos 26 de junho de 1534, mas também pelo seu conteúdo fotográfico, seu rigor técnico, obra que apresenta a realidade daquela cidade, sobretudo, no século 20, época de grande influência literária, personificada no imortal dos imortais, Jorge Amado; ao mesmo tempo em que coincide com o apogeu da chamada, “civilização do cacau”. Na página 123 encontra-se uma fotografia da visita de Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir ao Porto de Ilhéus em construção, acompanhados de Jorge amado e Zélia Gatai, aos 19 de agosto de 1960.
    Um capítulo, das páginas 84 a 94, conta resumidamente a história da Igreja Católica, através da diocese de centenário de Ilhéus. Aos 20 de outubro de 1913, o Papa Pio X erigiu a diocese de Ilhéus, com a bula Majus animarum bonum, isto é, para o bem maior das pessoas, por solicitação do então Arcebispo Metropolitano da Bahia, Dom Jerônimo Tomé da Silva, concomitante com as dioceses de Barra e Caetité, passando o Estado da Bahia, por esse procedimento do Sumo Pontífice, a contar com quatro circunscrições eclesiásticas ou dioceses.
    Ademais, mesmo sem esquecer-me das belíssimas praias da terra de Gabriela, Cravo e Canela, ainda me detive superficialmente, sobre os nove bispos, os quais estiveram à frente daquela diocese centenária, voltando minha atenção para o 2º bispo, Dom Eduardo José Herberhold (1931-1939), um franciscano alemão, considerado um homem de Deus, concretamente nos gestos de profunda caridade pastoral, além de ser um verdadeiro pai para os padres. Outro Franciscano, também alemão, marcou forte presença naquela Igreja do sul da Bahia, Dom Valfredo Bernard Tepe, o 8º bispo (1971-1995). Entre as muitas iniciativas, fundou a Escola de Teologia para os Leigos, estimulou as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), Movimento Cursilho de Cristandade (MCC), Encontro de Casais com Cristo (ECC), sem esquecer a fundação do Seminário Maior de Ilhéus, significando que na diocese de São Jorge dos Ilhéus existe a escola de formação para os sacerdotes e demais dioceses do sul da Bahia.
    Foram dias de graças e bênçãos! Que o bom Deus me dê sempre mais olhos para ver melhor dias de viagem como algo maravilhoso! De férias, ainda mais, inigualáveis! Conhecer novos lugares, novas realidades, culturas e pessoas, é de verdade um banho de civilização. A partir do esforço da vivência da nossa fé cristã, num desejo de guardar no mais íntimo do íntimo a realidade bela de uns dias de férias, de acordo com o que nos assegura o Apóstolo Paulo: “Tudo é vosso. Mas vós sois de Cristo!”.  Assim seja!