Já foram feitas muitas análises do primeiro ano de pontificado do Papa Francisco. A intenção não é fazer aqui mais uma. Mas simplesmente conferir qual o novo panorama eclesial que resulta deste primeiro ano com o Papa Francisco.
Olhando a partir deste primeiro aniversário, as propostas do Papa Francisco vão se definindo. Ele conseguiu retomar o impulso de renovação da Igreja, levantado pelo Concílio, e agora direcionado por algumas iniciativas renovadoras, ainda claramente muito tímidas.
Uma das atitudes do novo Papa, foi pedir que todos rezassem por ele. Agora, no seu primeiro aniversário de papa, ele volta a insistir na mesma tecla.
Aos poucos vai ficando claro qual o motivo desta insistência. Não é só porque , como todos nós, ele também precisa da graça de Deus para cumprir sua missão.. Mas certamente é também porque ele se dá conta do desafio que ele assumiu, de retomar o processo de renovação da Igreja, com todas as implicações que isto suscita.
Na verdade, são tantas as frentes que se abrem quando se trata de mudar a Igreja, para que ela esteja mais de acordo com o Evangelho de Cristo e próxima ao homem de hoje.
Ninguém se atreve a mudar a Igreja, sem contar com o apoio da própria Igreja!
Por isto, o Papa Francisco, que conseguiu “capitalizar” tanta admiração e tantas adesões, esclareceu logo que a grande reforma precisa ter como sujeito a própria Igreja, como povo de Deus que assume sua missão de viver o Evangelho, e testemunhá-lo para os outros.
Portanto, é uma tarefa de todos.
A “nova evangelização” não se faz por um gesto isolado de alguém, mesmo que seja um papa iluminado e decidido. Não se repete mais a cena de Davi e Golias. Daquela vez, o gigante Golias foi surpreendido pela pedra arremessada pelo jovem Davi. Por sua façanha, Davi foi muito aplaudido pelo povo.
Hoje não se repetem mais tais proezas. Mesmo que surja um outro Davi, hoje os Golias usam capacete. E o que é mais complicado, os Golias mudaram de lado, incorporaram as velhas estruturas eclesiais, que oferecem as mais duras resistências às urgentes reformas de que a Igreja necessita.
Para não se sentir sozinho nesta grande empreitada, o Papa Francisco propõe uma ampla “conversão pastoral”.
Esta conversão pastoral tem sua dinâmica mais forte na proposta de uma “Igreja de portas abertas”, não só para acolher os que ainda a procuram mas sobretudo para sair ao encontro dos outros, tornando-se uma Igreja mais missionária.
Temos que reconhecer que não é fácil fazer esta “conversão pastoral”. Certamente, ela não consistirá em aumentar as atividades pastorais, mas em dar-lhe um espírito diferente, de mais abertura missionária e de proximidade com o povo.
Nestes dias temos pela frente a celebração da páscoa, a festa anual da renovação da vida. Mas temos também pela frente a “conversão pastoral”, para a qual o Papa nos convida com insistência.