No próximo dia 26, memória de São Joaquim e Santana comemoraremos também o dia dos avós. Nesse dia, há quatro anos, durante a JMJ, o Papa Francisco rezou um belo ângelus na sacada do Palácio São Joaquim recordando esse dia. Porém, neste ano, o Papa utilizou essa comparação lembrando que nós, na Igreja, não somos “velhos idosos”, que o Papa chamou “gerontes”, mas sim avós.
Numa bela comparação o Papa Francisco, ao comemorar os seus 25 anos de eleição episcopal, no dia 27 de junho próximo passado, na Capela Paulina, em Roma, na sua homilia da missa de ação de graças, disse que se sentia alegre e feliz de ser avô: “E se não sentirmos isto, devemos pedir a graça de o sentir. Avôs para os quais os nossos netinhos olham. Avôs que lhes devem dar um sentido da vida com a nossa experiência. Avôs não fechados na melancolia da nossa história, mas abertos para dar isto. E para nós, o “Levanta-te, olha e espera”, chama-se “sonhar”. http://br.radiovaticana.va/news/2017/06/27/papa_festeja_25_anos_de_ordena%C3%A7%C3%A3o_episcopal/1321586
“Somos chamados a sonhar e a transmitir o nosso sonho à juventude de hoje: ela precisa disto. Porque os jovens encontrarão nos nossos sonhos a força para profetizar e para cumprir a sua tarefa”.
O Papa Francisco, lembrando Simeão e Ana (Lc 2,21-38) exaltou a capacidade de sonhar de Simeão e de Ana e interpelou aos cardeais que concelebravam essa eucaristia, que tenham a mesma capacidade de sonhar que tinham Simeão e Ana: “Para termos a vitalidade de dar aos jovens, porque é o que eles esperam de nós; para não nos fecharmos, para darmos o nosso melhor: eles contam com a nossa experiência, com os nossos sonhos positivos para levar em frente a profecia e o trabalho”
O Papa Francisco nos pediu a graça de sermos avôs: “Peço ao Senhor que dê a todos nós esta graça, também para quem ainda não é avô”. “A graça de ser avôs, a graça de sonhar e dar esse sonho aos nossos jovens, eles precisam disso.” (http://br.radiovaticana.va/news/2017/06/27/papa_festeja_25_anos_de_ordena%C3%A7%C3%A3o_episcopal/1321586 ).
A Igreja tem redescoberto a importância da paternidade espiritual. Todo sacerdote é chamado a viver esse grande dom. É dentro desse contexto que o Santo Padre recorda essa comparação para os sacerdotes mais velhos.
Muitos avôs hoje, infelizmente, vivem na solidão ou no abandono de seus filhos, e quando procurados, via de regra, é até para que possam ajudar financeiramente aos seus familiares, neste tempo em que quem tem aposentadoria costuma sustentar a família com tantos desempregados. Mas não podemos perder de vista a riqueza do testemunho e da sabedoria de nossos avós. Eles são um tesouro precioso na transmissão da fé e do testemunho do seguimento cristão, como nos ensina a Sagrada Escritura: “Desde a minha juventude, Vós me instruístes, Senhor, até ao presente anuncio as Vossas maravilhas. Agora na velhice e na decrepitude, não me abandoneis, ó Deus; para que narre às gerações a força do Vosso braço, o Vosso poder a todos os que hão de vir” (Cf. Sal 71 [70], 17-18).
São Paulo escreve na carta a Tito: “Os anciãos devem ser sóbrios, graves, prudentes, firmes na fé, na caridade e na paciência. Do mesmo modo, as anciãs devem mostrar no seu exterior uma compostura santa (…); devem dar bons conselhos, a fim de ensinarem as jovens a amar os seus maridos e filhos” (Cf. Tito 2, 2-5).
Os nossos queridos avós ajudam a contemplar os acontecimentos terrenos com ampla sabedoria, porque as vicissitudes os tornaram mais experimentados e amadurecidos. Os avós são guardiões da memória comunitária e familiar. Nesse contexto os avós são intérpretes privilegiados daquele conjunto de ideais e valores humanos que mantêm e guiam a convivência social. Os avós, graças à sua experiência amadurecida, são capazes de propor aos jovens conselhos e ensinamentos preciosos, e disso não podemos nos descuidar.
Aqui no Rio de Janeiro, na JMJ Rio 2013, disse o Papa Francisco: “Olhando para o ambiente familiar, queria destacar uma coisa: hoje, na festa de São Joaquim e Sant’Ana, no Brasil como em outros países, se celebra a festa dos avós. Como os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade! E como é importante o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família. O Documento de Aparecida nos recorda: “Crianças e anciãos constroem o futuro dos povos; as crianças porque levarão por adiante a história, os anciãos porque transmitem a experiência e a sabedoria de suas vidas” (Documento de Aparecida, 447). Esta relação, este diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e alimentado! Nesta Jornada Mundial da Juventude, os jovens querem saudar os avós. Eles saúdam os seus avós com muito carinho. Aos avós. Saudamos os avós. Eles, os jovens, saúdam os seus avós com muito carinho e lhes agradecem pelo testemunho de sabedoria que nos oferecem continuamente” (Cf. https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/angelus/2013/documents/papa-francesco_angelus_20130726_gmg-rio.html)
Assumamos essa missão na grande família que é a Igreja. “Não desprezes os ensinamentos dos anciãos, porque eles o aprenderam dos seus pais” (Eclo 8, 9); “Frequenta a companhia dos anciãos, se encontrares algum sábio faz-te amigo dele” (Eclo 6, 34); porque “quão bela é a sabedoria” dos anciãos (Eclo 25, 5).
Quero oferecer a Deus uma oração especialíssima pelos nossos avós no seu dia. Peçamos a graça de ouvir os nossos avós. Peçamos a dádiva de evangelizar à partir do testemunho dos pais de nossos pais e, no mistério da vida, que possamos ter a graça de transmitir aos nossos sucessores o tesouro da fé católica que recebemos de nossos pais e de nossos avós, na certeza de que a nossa fé no Ressuscitado, nos dá a alegria da sabedoria que só os avós podem nos dar na missão de seguir o Redentor!