Tempo de esperança

    Começa o advento. É tempo de preparar o Natal, quando celebraremos o nascimento de Jesus. Nesse tempo, aflora o coração da criança, às vezes submerso pelas muitas preocupações, problemas e trabalhos. As quatro semanas do Advento, porém, são muito mais do que um tempo de preparação para essa celebração. A espera do aniversário do nascimento de Jesus nos situa na mesma tensão vivida pelo mundo e a criação inteira ante o nascimento do Messias. Dois mil amos atrás, um arrepio intenso percorreu o mundo. O Salvador estava prestes a chegar. Nós gostaríamos mais que a salvação prometida em Jesus fosse completa desde já. E esta é, exatamente, a tensão em que iremos viver nestas quatro semanas. A espera da celebração do nascimento mistura-se à esperança de que o Senhor Jesus venha definitivamente aos nossos corações e ao nosso mundo.
    As leituras que a liturgia nos propõe nestes domingos, principalmente nos dois primeiros, desejam animar essa esperança. Sabemos que vivemos no “já” da fé, mas no “ainda não” de sua manifestação plena. Sabemos que acreditamos, mas não somos capazes de praticar completamente a fé que temos. Cremos que Cristo, ao ressuscitar, libertou-nos da morte, mas ainda temos que passar por esse sabor amargo. Há muita dor e sofrimento neste mundo. Por tudo isto, desejamos vivamente que se cumpra a palavra de Jesus: que seu reino chegue a nós. Do nosso coração sai continuamente um “vem, Senhor Jesus!”. Isso é viver na esperança.
    Na primeira leitura e no evangelho colocamo-nos nessa disposição. Vem o Senhor e, com Ele, traz a justiça e o direito. A paz será uma realidade para todos, segundo a primeira leitura. No evangelho, ressoa ainda o eco dos anúncios apocalípticos que ouvimos em domingos anteriores. Mas há uma mensagem nova que encerra o ciclo e confere sentido a tudo aquilo que foi dito nessas mensagens: “Quando começar a acontecer isso, levantem-se, ergam a cabeça, pois se aproxima a libertação”. Desta forma, a esperança supera o temor.
    Contudo, na segunda leitura, encontramos a chave que nos informa como devemos viver esse tempo de esperança. São Paulo nos pede que transbordemos de amor recíproco. Essa será a forma como, quando Jesus Chegar, nos encontrará santos e irrepreensíveis. Uma vez mais é o amor a característica que há de encher a vida do cristão. Sua esperança há de se manifestar em uma especial capacidade de amar aos que vivem perto dele. Aquele que espera por um Deus que é amor e reconciliação vive já sob a lei do amor e da reconciliação. Só assim a nossa esperança será verdadeira

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