Não sei se é apenas um dia determinante ou realmente é delas. O fato é que, sendo um ou outro, ambos se referem a conquistas e vitórias. Ironicamente, ambos também são referências de uma queda. Para alguns apenas uma Bastilha dominou um cenário histórico para simbolizar a supremacia entre uns e outros. Já para muitos, o bastião da derrota foi a estonteante beleza feminina que fez sucumbir e colocar de joelhos a prepotência masculina. Seis de junho é mundialmente festejado como o decisivo dia da vitória racional sobre a imbecilidade humana de suas guerras. Mas oito de março é o dia delas, da fortaleza sobre a aparente fragilidade, da intrepidez sobre a serenidade, do pomar de maçãs germinado nas praias do amor, não do ódio, não das desavenças entre povos, entre irmãos.
Sim, o Dia D mais autêntico e genuinamente marcado por vitórias sobre vitórias, é o Dia Delas, o Dia Internacional da Mulher. Quem preferir o outro, some-se ao batalhão dos sufocados pelas balas e canhões inimigos e desembarque noutra praia… Sem elas não teríamos porque lutar, batalhar por uma vida mais digna, um trabalho santo, uma casa, um jardim… Sem elas o mundo não seria mundo, a gente não seria. Nem aquele Paraíso teria sentido. Nem a maçã do amor ou a serpente do pecado. Nada mais faria sentido. Pois então, vivam nossas mulheres, nossas esposas, mãe, irmãs, filhas, netas. Amadas e amantes (no sentido genuíno do amor verdadeiro). Vivam nossas marias idolatradas, pátria/família, mãe na terra, mãe no Céu, salve, salve! Ave Maria! Elas cheias de graças e a outra também. Com a Graça maior!
Sim, esse Dia D autêntico merece nosso tributo, nosso respeito sagrado, de veneração e purificação plenas. Eis que devo reafirmar: O Dia Internacional da Mulher carece de purificação plena. Não há como negar os subterfúgios embutidos na comemoração dessa data santa, cuja origem no início do século XX só desejava melhores condições de vida e trabalho e direito ao voto. Mas as reivindicações cresceram ou arrefeceram-se; tornaram-se exorbitantes, audaciosas, temerárias e até ironicamente inconsequentes… Onde, por exemplo, embasar o sagrado direito ao voto, ao ridículo veto à vida de um ventre materno, gritando pela gerência do próprio corpo? O aborto é uma dessas contradições que ainda campeia como bandeira de luta feminina, infelizmente. Também muitos itens de igualdades de direitos e deveres, que não serão iguais nunca, face à supremacia da maternidade humana com seus privilégios naturais e sagrados diante da gestação, amamentação, criação e educação de um novo ser, que só a maternidade plena é capaz de realizar com perfeição. Não bastam nossas máquinas, nossas instituições frias e falidas, nossa solidariedade capenga. Mãe é mãe. Esta ninguém substitui.
E mulher é mulher. Guerreira “na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”, companheira no paraíso ou fora dele, mas companheira! A solicitude feminina na estrutura familiar é mais que um esteio fundamental; é o fundamento, a base estrutural. Nesse jogo de palavras o que temos é redundante. Simplesmente porque a importância feminina não foge dessa redundância: “És um jardim fechado, minha irmã, minha esposa, uma nascente fechada, uma fonte selada” (Cant 4,12). Os mistérios femininos nunca serão plenamente desvendados, porquanto sua fonte de amor será sempre inesgotável, insaciável. Mulher e mãe. Quando do alto de sua cruz Jesus sentia os últimos fluxos de sua débil existência humana, olhou ao redor e cruzou seu olhar com o olhar maternal de Maria. Ali estava ela, sua mãe. Mas, estranhamente, não a chamou como mãe. Preferiu exalta-la como mulher. “Mulher, eis aí teu filho”. Não a deixaria abandonada. Nem órfã de sua maternidade. Mas, acima de tudo, exaltava sua feminilidade: Mulher! Nesta residia sua fortaleza naquele momento de dor. E então a apresentou ao discípulo – único representante da multidão que o seguiu – exaltando agora sua maternidade: “Eis aí tua mãe”! A fortaleza da mulher é seu espírito sempre maternal…Sorte a nossa.