“Procurai viver sempre no silêncio e na esperança”.
Santa Teresa de Ávila
Mística e Doutora da Igreja
Vivemos em uma sociedade pós-moderna, onde reina o hedonismo, o narcisismo, relativismo, subjetivismo e o consumismo. Os valores cristãos estão sendo detonados. Na sociedade pós-moderna com seu pluralismo, os elementos sadios estão paulatinamente deteriorando.
A nossa sociedade está bastante doente devido à primazia que se dá ao monstro do barulho. Vivemos em uma zoada danada que nos leva a neurose. O sistema pensou e continua pensando e trabalhando para eliminar a riqueza da solidão, do silêncio, da meditação e da oração.
A nossa sociedade alienada e manipulada tem medo da solidão. Quando se fala de solidão, é entendido por muitos como doença psicológica ou algo muito esquisito. Solidão não tem nada haver em ser solitário e nem tão pouco com o fator patológico. Assim também o silêncio não tem nada haver com o mutismo. Na ascese da espiritualidade cristã a solidão não é isolamento e nem prisão, é, sim, a total liberdade do corpo, da mente e da alma. É o gozo e a felicidade abissal da graça em viver tal vocação. O silêncio é o estado da alma na escuta profunda da transcendência divina. Esse silêncio é o canal interior da melodia angelical e o louvor celestial que musicaliza todo o nosso ser. No silêncio como na solidão estamos muito bem acompanhados com a Santíssima Trindade e as miríades angelicais.
A solidão, o silêncio e a contemplação são práticas da rica espiritualidade cristã. Nessa dimensão encontramos a cura para a alma e do corpo, o profundo conhecimento de nós mesmos, do próximo e a intimidade ardente com o Senhor Deus.
A solidão mística esta abissalmente no ser humano faminto de Deus.
SOLIDÃO POSITIVA E NEGATIVA
As duas alcançam pessoas de todas as idades, raças, camadas sociais e religiões.
A negativa é a fuga da realidade. É a ignorância dos acontecimentos de si mesmo e de tudo que está ao seu redor. A solidão negativa é um sentimento muito denso, que pode se tornar bastante cruel. Provoca uma sensação de vazio, de isolamento, de esquecimento, de humilhação, de estar fora do convívio de outras pessoas. A pessoa se sente assustadas e vulneráveis a outras mazelas.
A solidão contragosto que causa angústia, melancolia e é persistente, deve-se procurar ajuda de um profissional. Pessoas que sofrem por causa da solidão, precisam de alguém que seja sensível as suas emoções e seus problemas. As dificuldades, particularidades e as condições caracterizam diferentes efeitos em cada pessoa. Não é fácil conviver com os sentimentos agudos da solidão. Devemos ter paciência, conhecimento, amor, esperança e cura.
A SOLIDÃO POSITIVA
Viver a solidão, não significa viver solitário. Alguém pode está no meio de uma multidão e se sentir sozinho. Tem pessoas que convivem em família, com amigos no trabalho, na comunidade, no entanto, se sentem solitários e infelizes.
Há uma vocação especial para o silêncio e a solidão. Que o digam os “Monges Cartuxos”. Estes monges têm o mistério do silêncio e da solidão.
A solidão, consciente, vocacional e espiritual é a fonte profunda da felicidade aqui e eterna.
Claro, quando eu falo da solidão, do silêncio, da meditação, da oração, falo de uma teologia monástica da tradição cristã. É óbvio, que essa riqueza da espiritualidade monástica não fica restrita somente aos monges.
Tão grande que é e esplendorosa no seu patrimônio, tem o poder de alimentar o mundo inteiro.
Realmente, como esse tesouro ainda é pouco descoberto. Quem já fez retiro do silêncio? Quem já fez uma experiência de solidão com o Deus? Quem buscou a contemplação?
A solidão é transcendental. Temos muito a descobri-la. O tempo é eterno e a solidão com Deus também. Aqui está toda alegria, desejo e o prazer da alma.
Diz São João da Cruz: “Para se progredir, o que mais se necessita é saber calar diante de Deus… a linguagem que ele melhor ouve é a do silêncio de amor”.
CONCLUSÃO
A nossa sociedade precisa aprender a terapia do silêncio. Necessita da prática curativa da solidão. Muitas desgraças e mortes são causadas pelo motivo de muito falar e o barulhar. A nossa sociedade vive a patologia da zoada e da arenga.
Quem tem consciência dessas mazelas, procura se salvar na colossal dimensão da glória cristã do silêncio e da solidão.
“Jesus subiu ao monte, a fim de orar a sós. Ao chegar a tarde, estava ali, sozinho” (Mt 14,23).
Parece paradoxal. Ficarmos sozinhos com a Santíssima Trindade, os anjos e os santos? Eis aqui o mistério da mística do silêncio e da solidão. Nessa espiritualidade, o estar sozinho é estar super acompanhado.
A pessoa pode estar sozinha por tempo indeterminado e amar ardentemente o que faz sem se sentir solitária em nenhum momento de sua vida. É esse amor ao silêncio que se torna mais eloqüente do que qualquer sermão de um erudito. O silêncio é a mais perfeita comunicação do que é mais belo, que canta e encanta. A solidão é atração que converte e leva o ser humano na mais pura comunhão e salvação.
É na solidão e no silêncio que encontramos todo bem para nossa vida espiritual. “Alguém anda ao nosso lado silenciosamente fazendo arder o nosso coração…”