“Tu és sacerdote eternamente segundo a ordem do rei Melquisedec”!
(Sl 109/110)
Celebramos no dia 19 de junho a Solenidade de Corpus Christi: essa solenidade acontece sempre sessenta dias após a quinta-feira santa. É a festa do Corpo e Sangue do Senhor, festa da Igreja. Ao celebrarmos Corpus Christi festejamos a razão de ser da Igreja, a Eucaristia sustenta a Igreja e sem ela a Igreja não teria razão de existir. Por isso, rezemos para que nunca falte a Eucaristia para nos alimentar e nunca faltem padres que a consagre para nós.
Jesus instituiu a Eucaristia na última ceia e deixa o seu Corpo e Sangue como memorial, ou seja, todas as vezes que o sacerdote consagra a Eucaristia faz memória daquilo que Jesus fez na última ceia. Em toda missa recordamos o mistério pascal de Cristo, aos nossos olhos humanos continua pão e vinho, pelo olhar da fé se torna o Corpo e Sangue de Cristo. Durante a consagração não é um mero teatro ou repeteco daquilo que Jesus fez na última ceia, mas fazemos memória daquilo tudo que aconteceu.
Aqui no Brasil o dia de Corpus Christi é feriado, é uma oportunidade para participarmos da celebração Eucarística. Por isso, mesmo que viajar participe da Santa Missa onde estiver e agradeça a Deus o dom da Eucaristia, e a possibilidade que temos de participar da Ceia do Senhor em todas as missas. É bonito ver as paróquias espalhadas pelo Brasil preparando os tapetes coloridos para essa solenidade, por onde o Santíssimo Sacramento irá passar. Quem sabe possamos participar desse momento junto com a comunidade preparando o lugar por onde o Senhor irá passar.
Celebremos com alegria essa data: é o momento de testemunhemos a nossa fé, de sairmos nas ruas com o Santíssimo Sacramento e mostrar para todos que cremos num Deus vivo presente na Eucaristia. Temos que aproveitar esses momentos para mostrar as pessoas a razão da nossa fé, em que cremos.
A festa de Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV no dia 08 de setembro de 1264, para ser celebrada na quinta-feira após a festa da Santíssima Trindade, depois de pentecostes.
A procissão de Corpus Christi lembra a caminhada do povo de Deus, rumo a terra prometida, com a arca da aliança a frente, que para nós hoje é o Santíssimo Sacramento. O Antigo Testamento diz que o povo peregrino foi alimentado com maná, no deserto. Com a instituição da Eucaristia o povo é alimentado com o próprio Corpo de Cristo. O maná só saciava a fome naquele momento, o Corpo de Cristo nos sacia até a vida eterna.
Na missa da festa, além das leituras habituais temos a sequência após a segunda leitura por se tratar de solenidade. Do mesmo modo que acontece no domingo de Páscoa, Pentecostes e Natal. A expressão Corpus Christi vem do idioma antigo Latim e quer dizer “Corpo de Cristo”. Muito mais do que a ocasião das famosas procissões pelos “tapetes”, a data é um convite à reflexão sobre a obra que Jesus Cristo nos deixou.
A primeira leitura dessa solenidade é do livro de Genesis (Gn 14, 18-20), nesse trecho do livro de Genesis retrata Melquisedec, sacerdote do Senhor e que oferece pão e vinho ao Senhor, ele abençoa Abraão e bendiz a Deus por tudo o que Abraão fez. Abraão entrega a Melquisedec o dízimo de tudo. Os sacerdotes hoje oferecem ao Senhor o pão e o vinho, frutos da terra e do trabalho humano e que se tornarão o corpo e sangue do Senhor conforme o que fez Jesus na última Ceia.
O salmo responsorial é o 109 (110) que diz em seu refrão: “Tu és sacerdote eternamente segundo a ordem do rei Melquisedec”! O sacerdote quando é ordenado está ligado a Melquisedec e ao eterno sumo sacerdote Jesus. Jesus dá continuidade a história da salvação, sendo o sumo e eterno sacerdote se oferece em alimento a todos nós. O pão e o vinho se tornam o Corpo e Sangue de Jesus e nos dão coragem na caminhada.
A segunda leitura dessa missa é da Primeira carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 11, 23-26), Paulo relata nesse trecho da carta aos Coríntios o que aconteceu na última ceia e é isso que ele transmite a eles. Todas as vezes que participamos do banquete Eucarístico proclamamos a paixão, morte e ressurreição do Senhor. Participamos da ceia aqui nesse momento para depois participarmos da ceia na eternidade.
Nessa solenidade de Corpus Christi tem a sequência, após a segunda leitura, sempre nas grandes solenidades têm a sequência. A sequência é uma forma de agradecer a Deus tão grande dádiva e uma oportunidade de agradecer a Deus por termos a Eucaristia. É um texto poético muito profundo que fala desse mistério.
O Evangelho dessa solenidade é de Lucas (Lc 9, 11b-17), nesse trecho do Evangelho Lucas relata a multiplicação dos pães, Jesus tem a capacidade de transformar o pouco em abundância. Ele nos ensina a partilhar o pão material com os mais necessitados, para podermos participar do banquete que Ele nos oferece. Se partilhamos o bem espiritual temos que partilhar os bens materiais.
A Eucaristia nos leva a comunhão com nossos irmãos, não podemos comungar e ver nosso irmão sofrer sem condições de vida digna. Por isso, antes da comunhão, pedimos o perdão dos pecados, oferecemos nossa oferta, e nos comprometemos a perdoar nosso irmão com a oração do Pai Nosso. Temos que amar o nosso próximo do mesmo modo que amamos a Deus. Amemos a Deus que não vemos e ao irmão que vemos.
Celebremos com alegria a solenidade de Corpus Christi e testemunhemos a razão da nossa fé para todas as pessoas. Que o Senhor abra os nossos olhos para as necessidades de nossos irmãos e irmãs. Peçamos a Jesus que nunca falte esse alimento “salutar” para nós e que nos sacia até a vida eterna.