Solenidade da Epifania

    Celebramos no domingo, como solenidade transferida do dia 6, a solene Manifestação, a sagrada Epifania do Senhor. Como dizia Santo Agostinho, “celebramos, recentemente, o dia em que o Senhor nasceu entre os judeus; celebramos hoje o dia em que foi adorado pelos pagãos. Naquele dia, os pastores o adoraram; hoje, é a vez dos magos”. A festa deste dia é nossa, daqueles que não são da raça de Israel segundo a carne, daqueles que, antes, estavam sem Deus e sem esperança no mundo! Hoje, Cristo nosso Deus, apareceu não somente como glória de Israel, mas também como “luz para iluminar as nações” (Lc 2,32). Hoje, começou a cumprir-se a promessa feita a nosso pai Abraão: “Por ti serão benditos todos os clãs da terra” (Gn 12,3).

    Na primeira leitura – Is 60, 1-6 – hoje, cumpre-se o que o profeta Isaías falara na primeira leitura: “Levanta-te, Jerusalém, acende as luzes, porque chegou tua luz, apareceu sobre ti a glória do Senhor! Eis que está a terra envolvida em trevas, e nuvens cobrem os povos; mas sobre ti apareceu o Senhor, e sua glória já se manifesta sobre ti! Levanta os olhos ao redor e vê: será uma inundação de camelos de Madiã e Efa; virão todos os de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando a glória do Senhor!” Mas, estejamos atentos, porque a festa de hoje esconde um drama: a Jerusalém segundo a carne não reconheceu o Salvador: “O rei Herodes ficou perturbado, assim como toda a cidade de Jerusalém”. Ela conhecia a profecia, mas de nada lhe adiantou, pela dureza de coração. É na nova Jerusalém, na Igreja, que somos nós, na nossa Mãe católica, que esta profecia de Isaías se cumpre. É a Igreja que acolherá todos os povos, unidos não pelos laços da carne, mas pela mesma fé em Cristo e o mesmo batismo no seu Espírito.

    Na segunda leitura – Ef 3,2-3a.5-6 – o Apóstolo Paulo, conhecendo o Plano de Deus, tornou-se um missionário incansável. Anunciou aos pagãos que também eles são filhos de Deus! No texto da liturgia deste domingo, São Paulo afirma que Deus tem um plano de salvação que inclui judeus e gentios. A vinda de Jesus Cristo rompeu com todas as barreiras de separação. O convite para abraçar a fé em Jesus se estende a todos.

     No Evangelho da Solenidade da Epifania – Mt 2,1-12 – Jerusalém, que conhecia a Palavra, não crê e, descrendo, não vê a Estrela, não vê a luz do Menino. Os magos, pagãos, porque têm boa vontade e são humildes, veem a Estrela do Rei, deixam tudo, partem sem saber para onde iam, deixando-se guiar pela luz do Menino… e, assim, atingem o Inatingível e, vendo o Menino, reconhecem nele o Deus perfeito: “ajoelharam-se diante dele e o adoraram”. Com humildade, oferecem-lhe o que têm: “Abriram seus cofres e lhe ofereceram presentes: ouro, incenso e mirra”: ouro para o Rei, incenso para o Deus, mirra para o que, feito homem, morrerá e será sepultado! Os magos creem e encontram o Menino e “sentiram uma alegria muito grande”. Herodes, o tolo, ao invés, pensa somente em si, no seu título, no seu reino, no seu poder… e tem medo do Menino! Escravo de si e prisioneiro de suas paixões, quer matar o Recém-nascido! A Igreja, na sua liturgia, zomba de Herodes e dos Herodes, e canta assim: “Por que, Herodes, temes/ chegar o Rei que é Deus? / Não rouba aos reis da terra/ quem reinos dá nos céus!”. Que bela lição, que mensagem impressionante para nós: quem se deixa guiar pela luz do Menino, o encontra e é inundado de grande alegria, e volta por outro caminho. Mas, quem se fecha para esta luz, fica no escuro de suas paixões, na incerteza confusa de suas próprias certezas, tão ilusórias e precárias… e termina matando e se matando!

    A Epifania recorda-nos que devemos esforçar-nos por todos os meios ao nosso alcance para que todos os nossos amigos, familiares e colegas se aproximem de Jesus. Os Magos, seguindo a estrela, encontram o lugar onde estava o Salvador com Maria e José. E voltaram às suas regiões por outro caminho.

    Porque os Magos tiveram a coragem de partir, conseguiram atingir o Deus inatingível e o adoraram! Diz o Evangelho que eles, “ao verem de novo a estrela, sentiram uma alegria muito grande!” (Mt 2,1-12). Nós também, se encontrarmos de verdade o Senhor! Mas, atentos! O que eles encontram? Pasmem! Encontram um menino pobre, com uma pobre jovem do povo, Maria, sua Mãe. E, no entanto, com os olhos da fé, reconheceram o Rei verdadeiro, prostraram-se e o adoraram!

    Somente quando nós nos deixamos guiar, podemos encontrar o Senhor; somente quando saímos dos nossos esquemas, dos nossos modos de pensar, de achar e de sentir, podemos de verdade ver naquilo que é pobre e pequeno, ver naquilo que não estava nos nossos planos e expectativas, a presença de Deus. Depois, diz o Evangelho que eles voltaram por outro caminho… Sim, porque quem encontrou esse Menino, quem se alegrou com ele, quem viu a sua luz, muda de caminho, caminha na Vida!

    Na “Festa da Epifania” (revelação), qual seriam os presentes que vamos oferecer ao Menino Jesus, como sinal concreto de nossa adoração e de nossa conversão? Enfim, seria tão bom reconhecer Jesus como nosso Rei e Salvador e prometer segui-lo em todos os passos de nossa caminhada diária.

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